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“A arte é sempre importante para a arquitetura”, disse o fotógrafo Yukio Futagawa, em sessão de fotos no conjunto arquitetônico do Memorial, nessa quinta, 12 de junho de 2008. Ele é o editor da mais importante revista sobre arquitetura do mundo, a Global Architecture (GA), publicada em inglês no Japão.
Futagawa deixa clara sua admiração , quando questionado sobre a opinião de alguns críticos que descrevem Niemeyer como artista e não arquiteto. Para Futagawa, o que mantém vivo o modernismo de Niemeyer é o fato de sua construção, apesar de ser feita de concreto, não é brutal ou pesada, pois “seu traço de artista transforma-a, dando leveza e movimento a estruturas que se tornam flutuantes diante das minhas lentes”.
Esta plasticidade é especialmente evidente no que o editor chama de “a fase das cascas” de Niemeyer, “a mais importante por ser leve e pela escolha dos materiais usados nas estruturas”. “Cascas” são as coberturas em concreto que formam o teto curvelíneo de muitas de suas obras, como no Salão de Atos, Biblioteca e Auditório, ambos no Memorial.
O veterano fotógrafo japonês fez questão de ressaltar que também os espaços internos do Memorial são muito bem planejados, como o da biblioteca, tanto é que, “registrar essas obras primas é mais que um trabalho é um divertimento”.
Há 50 anos retratando obras pelo mundo, o editor da GA veio ao Brasil pela quarta vez para uma edição dedicada ao modernismo brasileiro, com destaque para Oscar Niemeyer. Seu roteiro inclui, além de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre.
Em Porto Alegre foi conhecer a recém inaugurada Fundação Iberê Camargo, projetada pelo também célebre arquiteto português Álvaro Siza. Ambos, Fotogawa e Siza peregrinaram à Casa das Canoas, um pouco ao sul da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde reverenciaram o mestre centenário Oscar Niemeyer. O lugar, e seu criador, tornam-se Meca para arquitetos, artistas, intelectuais, esquerdistas e velhos comunistas do mundo todo.