Memorial completa 30 anos, hoje, 18 de março
‘O grande público que por aqui passar terá a alegria de perceber a capacidade de criação e a sensibilidade desses povos das Américas que foram, no passado, grandes civilizações’. Inaugurado no dia 18 de março, um sábado quente e seco do verão de 1989, o Memorial da América Latina chega aos 30 anos com a convicção de que está cumprindo a mensagem profetizada no seu primeiro dia de vida pelo antropólogo Darcy Ribeiro, o homem que concebeu o conteúdo cultural para o projeto desenhado por Oscar Niemeyer.
Ele iria gostar de saber: o público que passou pelo Memorial apenas nos últimos 10 anos chega à casa dos 15 milhões de visitantes. Participaram de espetáculos musicais com os melhores artistas brasileiros e internacionais, de exposições e eventos culturais de qualidade, vieram em grupos de famílias aos festivais de gastronomia. Os latino-americanos que migram para São Paulo têm no Memorial a sua segunda casa e ocupam suas praças para as festas cívicas e religiosas de seu país de origem.
Esse leque histórico inclui visitantes de todas as tendências étnicas e geopolíticas. O papa Bento XVI foi um deles. O ex-presidente dos EUA, Bill Clinton, fez palestra. Também vieram os ex-presidentes Fidel Castro, Hugo Chavez, Juan Manuel Santos, Eduardo Frei, Juan Maria Sanguinetti. Seminários e congressos com participação de jornalistas e intelectuais foram constantes na agenda do Centro Brasileiro de Estudos da América Latina, o CBEAL, braço acadêmico do Memorial.
O crítico literário Antonio Candido foi figurinha carimbada nesses eventos, assim como jornalistas e escritores consagrados: Eduardo Galeano, Audálio Dantas, José Goldemberg, Adolfo Peres Esquivel (Nobel da Paz), Ricardo Kotscho, Nélida Pinõn, Demétrio Magnoli, Ricardo Boechat, Lira Neto, Cláudio Willer, Miriam Beltrão, Eugênio Bucci, Alberto Dines, Roberto Rodrigues. A Cátedra Unesco/Memorial, parceria com USP, Unesp e Unicamp, abordou temas relevantes nas áreas cultural, de política, economia e do pensamento científico.
Nas praças ou no renovado auditório Simón Bolívar, artistas para todos os gostos musicais deram seu recado. Alguns deles: Alceu Valença, Elba Ramalho, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Dominguinhos, Mercedes Sosa, Pablo Milanez, Jazz Sinfônica, Paco de Lucia, Beth Carvalho, Zimbo Trio, Raices de América, Libertad Lamarque, Cauby Peixto & Angela Maria, Nelson Gonçalves, Johny Alf, Marisa Monte, Belchior, Elza Soares, Paula Lima, Demônios da Garoa, Orquestra Jovem Tom Jobim, Maestro Zubin Mehta e Filarmônica de Israel.
O grande espetáculo de abertura do auditório Simón Bolívar, um dia depois da inauguração, foi a apresentação do Balé Nacional de Cuba. Lá se vão 30 anos de história construída por todos esses personagens e pelos anônimos dois mil operários que no tempo recorde de dois anos e cinco meses ergueram na Barra Funda o complexo multicultural que Oscar Niemeyer chamou de “o espetáculo da Arquitetura”.