O Memorial da América Latina associa-se às homenagens ao homem que, acima de sua condição religiosa e líder da comunidade católica de São Paulo, foi o humanista que abraçou os anseios por liberdade, cidadania e democracia do povo brasileiro nos anos de chumbo do regime militar.
“Dom Paulo foi a voz do povo naqueles anos sombrios e sua atuação determinada encorajou e contaminou todos os setores da sociedade organizada do país”, observa Irineu Ferraz, presidente em exercício do Memorial da América Latina, onde, em 2008, o cardeal Arns foi homenageado no seminário que debateu os impactos dos protestos de junho de 1968 em Paris.
O jornalista e escritor Audálio Dantas, que participou do seminário “Ecos de 1968 na América Latina”, disse, à época, que os protestos no Brasil vinham crescendo desde 1964 e, “ao contrário do que ocorreu em Paris, aqui tinham motivação política desde o princípio”. Velho parceiro do Memorial, Audálio , quando presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, viveu, ao lado de Dom Paulo um dos momentos mais emblemáticos da história recente do Brasil.
“Muitas vezes bati à porta de Dom Paulo. Principalmente nos momentos de aflição, quando a violência da ditadura militar atingia os jornalistas, como aconteceu nos dias de tensão e medo de outubro de 1975, quando o jornalista Vladimir Herzog foi assassinado numa dependência do II Exército”.