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Do Canadá olhando para o Brasil
Animador argentino Zaramella encontra seu público em São Paulo
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César Coelho, um dos diretores do Anima Mundi, declarou que o Brasil deve exportar animação e não animadores. Esta é uma tese com a qual o animador brasileiro Daniel Schorr (foto ao lado) não concorda inteiramente. Ele se mudou para o Canadá há 16 anos para realizar um sonho de adolescente: trabalhar na famosa National Film Board of Canadá (NFB), que prima pela antiga atenção a filmes animados.
Uma vez radicado em Montreal, Schorr voltou-se para a sua terra natal na hora de fazer seus filmes. Daniel Schorr estudou Comunicação Social no Rio de Janeiro, especializou-se em cinema de animação e fundou a produtora cinematográfica Mil Folhas. No Canadá, além de curtas – metragem de animação, Schorr co – realizou diversos filmes com a NFB, como o premiado “ Jonas e Lisa (1995), que conta a história dos meninos de rua do RJ. Seu trabalho mais recente é o “Dominoes” (2007), um filme educativo sobre a resolução de conflitos que integra a ShowPeace Series.
Como foi a realização de Jonas e Lisa?
Foi ótimo, pois tive a oportunidade de fazer um trabalho com os meninos de rua do Rio de Janeiro e ouvir as suas histórias. O projeto foi finalizado no Canadá, onde eu moro hoje, e recebeu ótimas críticas.
Você foi o primeiro diretor latino – americano a dirigir filmes de animação no exterior. Como vê a participação dos latinos no Canadá?
Moro no Canadá há muitos anos e vejo uma sensível melhora de participação nesse mercado. Espero que com o Anima Mundi, outras parcerias possas surgir, já que temos qualidade e criatividade no que produzimos. A parceria com artistas, tanto brasileiros como canadenses, é um elemento fundamental e natural da concepção de meu trabalho.Por exemplo, a trilha sonora de “Dominós” (2007) é um chorinho original, composto e gravado em Montreal por músicos canadenses. Já a trilha sonora de “Jonas e Lisa” (1995) é um samba composto e gravado por Paulinho Brandão, um músico carioca.
Conte um pouco de seu mais recente trabalho, “Dominoes”.
Trata-se de um filme que estabelece uma relação de conflitos, já que lida com a dinâmica das diferenças em grupo. Tem um dominó que chega em uma turma nova e possui o formato da “cabeça” diferente dos demais. Falo das dificuldades de um novato ao tentar integrar um grupo pré – estabelecido. Ao som de chorinho brasileiro, esses personagens acabam aprendendo algo sobre cooperação e flexibilidade.
Mas por que dominós?
Não utilizo palavras, apenas o movimento das peças de dominó.Quis abordar a questão da exclusão e da integração de uma forma diferente, sem utilizar de personagens humanos. Sempre gostei de dominós e queria fazer algo que parecesse universal. Ao trabalhar com as peças, pude focalizar a minha atenção somente nos conceitos, o que, para mim, amplia as chances de pessoas de várias idades e culturas se interessarem pelo destino dos personagens.
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