Áudios do Seminário:
A Fundação Memorial da América Latina, a Universidade de São Paulo – USP e o Instituto Uniemp promoveram, no último dia 04 de outubro, o seminário “Contaminação das Águas Brasileiras”, que teve como objetivo a discussão da gravidade do tema e suas implicações sociais, ambientais e institucionais em nosso país.
A água recobre ¾ da superfície do nosso planeta e constitui também ¾ do nosso organismo. Entre todos os elementos que compõem o universo, a água é talvez aquele que melhor simboliza a essência do homem, desempenhando um papel fundamental no nosso equilíbrio. Segundo dados do IBGE, 70,9% dos brasileiros possuem residência; desse total apenas 75% dispõem de água potável e 59% de rede de esgoto; 94% dos esgotos não são tratados e 80% das doenças são causadas ou disseminadas pela falta de saneamento. A água de má qualidade pode ser fatal. A cada ano as doenças provocadas por ela causam 3 milhões de mortos no mundo, crianças na maioria, e provocam mais de 1 bilhão de enfermidades.
O seminário colocou em discussão a eficiência das políticas governamentais, no sentido de estabelecer ações públicas e privadas para um melhor gerenciamento dos recursos hídricos nacionais. Renomados pesquisadores e representantes do setor público foram convidados para debater, bem como, professores, estudantes e lideranças comunitárias.
O programa teve início na manhã do dia 4, com abertura do Presidente da Fundação Memorial, Fernando Leça, que saudou os presentes e formou a primeira mesa, composta com autoridades. Em seguida, iniciaram-se as palestras, com o Dr. Alberto José Macedo Filho, Secretário de Agricultura e Abastecimento e o Profº Dr. Pedro Jacobi, do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais (PROCAM-USP). Ambos apresentaram dados e perspectivas sobre a questão dos recursos hídricos, e saudaram a realização do seminário. “Só com a formação de mesas como esta, é que se pensa o problema”, afirmou Macedo.
Após uma pausa para o café, o seminário seguiu com a apresentação do Dr. José Machado, da Agência Nacional de Águas (ANA). Machado expôs a necessidade de um pacto federativo, em que Estados da União e Governo Federal legislassem em conjunto as bacias hidrográficas nacionais, reestruturando o modelo atual, que, baseado na constituição de 88, divide as responsabilidades sobre o controle das águas. A ANA, deste modo, estabeleceria as parcerias entre Estados e União. O representante da ANA, ainda lançou o que deve ser o desafio na questão hidrográfica e de abastecimento: colocar na pauta do governo a idéia do desenvolvimento sustentável.
A Profª. Drª Dione Morita, da Escola Politécnica (POLI-USP), apresentou dados alarmantes colhidos quando trabalhou na secretaria de abastecimento e mostrou regras básicas para o bom tratamento de água e esgoto. Depois da fala de Morita, o Dr. Antônio Carlos Zuccolo apresentou o modelo de saneamento planejado na cidade de Itu.
No final, os participantes da mesa abriram a sessão de debates com o público, formado por representantes da sociedade civil e estudantes, que puderam tirar dúvidas, fazer comentários e ajudar na construção de formas e modelos para uma sociedade mais sustentável.
Fotos: Adriano Capelo