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A Desinvenção da Fronteira foi o tema do terceiro debate do 1º Festival de cinema Latino-Americano de São Paulo. Os cineastas brasileiros Beto Brant, Lírio Ferreira e Roberto Moreira e o argentino Santiago Loza debateram sob mediação do crítico de cinema e curador do Festival José Carlos Avellar.
Cineastas que estrearam no final dos anos 90 e início desta década, eles têm em comum o fato de serem formados em Cinema (à exceção de Lírio, que se formou em Jornalismo) e de terem enfrentado muitas dificuldades devido à queda e quase morte da produção cinematográfica no Brasil – e também na Argentina – nos anos 80 e 90.
O curta-metragem foi a forma que eles encontraram para se expressar, já que fazer cinema torna-se uma necessidade, como bem salientou Avellar. O vídeo, numa época em que a tecnologia digital ainda não estava desenvolvida, também foi um suporte utilizado por eles.
Ainda que não tenham encontrado indústrias cinematográficas ou organização da produção e distribuição, estes cineastas buscam brechas para fazerem seus filmes.
Beto Brant, com quatro longas no currículo, diz que os submeteu a concursos e conseguiu, assim, realizá-os. “Cinema é minha filosofia de vida e é também pretexto para eu investigar assuntos que me instigam”, disse ele, para quem os cineclubes que freqüentou nos anos 80 foram a sua melhor formação.
O argentino Santiago Loza, autor de dois longas (o primeiro, ‘O Estranho’, vai passar neste festival) falou da paixão que o levou a sair de Córdoba, no interior da Argentina, em direção a Buenos Aires e dos anos que levou até escrever o roteiro, conseguir montar uma equipe de produção e filmar às vésperas da crise que arrrebatou a Argentina no final de 2001.
Problemas político-econômicos afetaram – e afetam ainda – todos os cineastas presentes ao encontro. O pernambucano Lírio Ferreira teve um curta aprovado num concurso da Embrafilme e logo a estatal acabou. Assim, percorreu um longo e tortuoso caminho para conseguir filmar “O Baile Perfumado”, em Pernambuco, portanto fora do eixo Rio-São Paulo, e, mais recentemente o seu “Árido Movie”.
Roberto Moreira, diretor de “Contra Todos”, disse que a experiência de ter feito vídeos sozinho – sem equipe de produção – nos anos 80 o ajudou a trabalhar com poucos recursos na hora de filmar seu longa. Ao aprová-lo em um concurso, encaixou o roteiro no orçamento previsto e seguiu adiante.
Superadas as barreiras do primeiro longa-metragem, o que os diretores esperam agora é melhorar a distribuição, principalmente no próprio país e entre os países vizinhos. Chegou a hora de acabar com as fronteiras.
Fotos: Paloma Varón