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Consultor Internacional Ignacy Sachs analisa vantagens e desvantagens do pioneirismo brasileiro na produção do etanol
“Brasil: desafios da energia para o desenvolvimento sustentável” é o título da palestra que o professor Ignacy Sachs fará no Memorial, no dia 15, com entrada franca. Conhecido como “eco-sócio-economista”, o polonês radicado em Paris Ignacy Sachs – Directeur D´Études Honoraire da École des Hautes Études em Sciences Sociales, onde começou a lecionar em 1986 – é um dos diretores do Centro de Pesquisas sobre o Brasil Contemporâneo, da Universidade de Paris. Sua fala será a aula inaugural da Cátedra Memorial da América Latina, uma parceria entre o Memorial e a USP, Unesp e Unicamp.
Sachs é um intelectual cosmopolita que desenvolveu estudos no Brasil, Índia e Polônia e ocupou diversos cargos em agências de desenvolvimento da ONU. Escreveu mais de 20 livros. O professor Sachs conhece muito bem as questões brasileiras e por isso foi contratado pelo Sebrae nacional como consultor. No Brasil desde o início do mês, cumpre extensa agenda de palestras e reuniões com autoridades em São Paulo, Rio e Brasília.
Um dos seus assuntos prediletos é o do aquecimento do planeta: “A única maneira que nos resta de atuar para diminuir o impacto negativo da mudança climática está na capacidade de sair da dependência do petróleo”, diz. “O mercado é míope na questão social e ambiental. Precisamos encontrar solução para sair do panorama atual e encontrar condições que assegurem uma vida decente para milhões de trabalhadores do setor”.
Atento à questão energética – que está na ordem do dia internacional – ele é otimista: “O Brasil e a América Latina têm capacidade para encontrar saídas no campo da bio-energia. Temos recursos hídricos, sol e uma pesquisa agronômica e biológica de classe internacional”, diz, abordando o primeiro tema de estudos da Cátedra Memorial da América Latina, “mas não se pode permitir que a produção de bio-energia se faça às expensas da segurança alimentar e da destruição das florestas nativas”.
Embora o país tenha diante de si uma oportunidade ímpar de inserção na economia mundial, não basta incrementar a produção do etanol e de outros bio-combustíveis, conforme raciocina o professor Sachs: “A bioenergia é apenas uma parte de um conceito mais amplo do que se chama desenvolvimento sustentado, um conceito que se baseia no tripé biodiversidade, biomassa e biotecnologia e que pode servir de alavanca para o lugar que a biomassa poderá representar nas próximas décadas. É alentador saber que há uma iniciativa do Memorial para discutir essa temática”.
A Cátedra Memorial da América Latina se debruçará primeiramente sobre as questões energéticas na América Latina, orientada pelo catedrático Luiz Augusto Horta Nogueira, ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo. “Acompanhei as preocupações do governador Montoro em inserir o Brasil no âmbito do Mercosul, do Pacto de Integração Amazônica e do Pacto Andino. Vejo agora que o Memorial está ajudando o país a desempenhar esse papel de integração. Fico contente em constatar que o Memorial da América Latina toma a iniciativa de criar uma Cátedra para discutir esse e outros problemas de vital importância para o Continente”.
Ignacy Sachs apóia o desenvolvimento da Cátedra Memorial da América Latina desde o início. Instituída em parceria com as três universidades públicas paulistas – USP, Unicamp e Unesp – e coordenada pelo professor Eliézer Rizzo de Oliveira, diretor do Centro Brasileiro de Estudos da América Latina (CBEAL), a Cátedra Memorial da América Latina é um projeto acadêmico que visa trazer ao Memorial renomados pesquisadores para cumprir um intenso programa acadêmico, que inclui orientação a bolsistas, seminários e publicação de textos.
Segundo Sachs, para enfrentar uma crise do petróleo que só tende a se agravar – pois, além das maiores reservas se concentrarem em áreas de conflitos, é uma fonte de energia não renovável – o Brasil tem vantagens e problemas importantes: “Os trinta anos de experiências positivas e negativas do Proálcool tornam o etanol imbatível no mercado internacional. O lado negativo é representado pela enorme concentração de riquezas e de terras, além do gasto energético da distribuição desse produto em um país da dimensão do Brasil”.
Serviço:
Aula Inaugural Cátedra Memorial da América Latina – Professor Ignacy Sachs
“Brasil: desafios da energia para o desenvolvimento sustentável”
Data: 15 de março de 2007
Horário: 19h30
Entrada franca
Local: Biblioteca Latino-americana Victor Civita – Memorial da América Latina
Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 – Barra Funda
Tel: 3823-4600