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A artista brasileira Flávia Fernandes participa da exposição Transfronteiras na Galeria Marta Traba, dentro da 29ª Bienal de Artes de São Paulo com sua obra Espaço Macio. Essa obra seria para ela a contraposição entre os espaços públicos rotineiros – sempre duros e geralmente brancos – e a maciez rubra que suscita o toque de sua obra.
Flávia brinca ainda com a questão da transparência que encerra um espaço que não pode ser adentrado e joga com a imaterialidade, em oposição a uma possibilidade de toque mais denso, representado pela parte cheia de água, brincando ainda com os limites entre os tipos de toque permitido para cada espaço. Para ela a Galeria Marta Traba é um espaço ideal para a exposição de arte contemporânea e acredita ser uma grande conquista o Memorial fazer parte do Pólo São Paulo de Arte Contemporânea.
Flávia considera a Bienal um ambiente de interação e o movimento frenético de atividades que acontecem simultaneamente favorece a geração de novas idéias, surgidas dos encontros entre artistas de diversos lugares do mundo. Apesar de já ter participado de duas bienais internacionais – Londres e São Francisco – diz que é diferente participar em um evento deste porte no Brasil, já que aqui ela se sente recebendo, se sente como anfitriã, e pode acompanhar toda a produção das obras e suas montagens.
Seu trabalho é uma intervenção no espaço com elementos instáveis, como o plástico, a água e o ar, privilegiando a sensação lúdica do toque. Associa ainda seus trabalhos inflados aos órgãos como o pulmão que tem uma ampla maleabilidade e capacidade de mudança de formas. Também acha muito interessante poder expor seu Espaço Macio em meio à “dureza” emblemática dos espaços do Memorial.
A transparência também é uma característica marcante de sua obra. Geradora de certa distorção, esse elemento facilita a brincadeira com os sentidos do público e nos leva a pensar sobre o limite instável que existe entre o objeto comum do nosso cotidiano e o objeto de arte.
Texto: Juliana Frutuoso
Fotos: Mônica Saraiva