“Artista eu era. Pioneiro eu fiz-me. Devo a Brasília esse sofrido privilégio. Realmente um privilégio: ser pioneiro. Dureza que gera espírito. Um prêmio moral“. Athos Bulcão
Morre, aos 90 anos, na manhã do dia 31 de julho, o artista plástico Athos Bulcão, depois de uma parada cardiorespiratória. Considerado um dos grandes nomes das artes brasileiras, o carioca é responsável por um imenso legado artístico que se espalha principalmente pela cidade de Brasília. A capital do Brasil soube reconhecer isso: Athos foi condecorado pelo governo brasileiro com a “Ordem Rio Branco” e “Ordem do Mérito Cultural” e ainda recebeu o título Doutor Honoris Causa pela Universidade de Brasília, a “Medalha Mérito da Alvorada” do Governo do Distrito Federal, e o título de “Cidadão Honorário de Brasília”, concedido pela Câmara Legislativa.
Bulcão é artista singular, seu trabalho é pensado para ocupar o espaço público, bem longe da pomposidade de uma galeria de arte. Suas obras dialogam com a arquitetura urbana e estão ao alcance do cidadão em seu trajeto cotidiano: no parque, nos muros, nas escolas, nos edifícios residenciais e nos prédios públicos. Em São Paulo, um de seus painéis faz parte do acervo do Memorial da América Latina e pode ser visto atrás do balcão da lanchonete.
Athos cursou medicina, mas abandonou-a por amor à arte. Nos anos 40, trabalhou como assistente de Candido Portinari no painel de São Francisco de Assis da Igreja da Pampulha, em Belo Horizonte. Colaborou em diversos projetos do arquiteto Oscar Niemeyer. Trabalhou no Ministério da Educação e na extinta Novacap. Lecionou no Instituto de Artes da Universidade de Brasília.
O artista pertenceu à geração que valorizou a cultura brasileira e, a partir dela, colocou o Brasil no mapa artístico mundial. Expôs sua obra nos mais importantes espaços culturais do país e do mundo – seus painéis podem ser vistos na França, Itália, Argélia, Argentina, Cabo Verde, entre outros. Há 15 anos foi homenageado com a criação da Fundação Athos Bulcão, que preserva, documenta, promove e divulga sua obra.
