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Belo Horizonte recebe festival de artista com deficiência promovido pela FUNARTE a partir de 12 de Julho na casa do Conde
Dança, teatro, música, artes plásticas. Repleta de interessantes manifestações culturais, a III Mostra Mineira de Arte Sem Barreiras guarda uma característica que a torna singular: os trabalhos apresentados são realizados por artistas com deficiência. O evento inclui debates e oficinas. A intenção é promover a inclusão social e difundir a idéia de que a deficiência é capaz de gerar olhares criativos e instigantes sobre a arte, traduzidos em obras que surpreendem pela qualidade e capacidade de superação.
De telas pintadas por pessoas que seguram o pincel com a boca até apresentação de bandas de percussão de surdos, são muitas as possibilidades das pessoas com deficiências. Grandes nomes como Toulouse Lautrec e Anita Malfatti, por exemplo, tinham membros atrofiados e, ainda assim, são lembrados pelo impacto causado por suas obras. “Acreditamos que existam grandes talentos pelo Brasil,
que muitas vezes não têm o seu trabalho conhecido. O edital realizado este ano vai também mapear estes artistas. Iremos apresentá-los através das Mostras, que acontecem em várias cidades do Brasil”, explica Claudia Amorim, coordenadora do Projeto Funarte Além dos Limites.
Este já é um ano de vitórias para o Programa Arte Sem Barreiras da Funarte. O patrocínio quatro vezes maior do que no ano passado – quase um milhão de reais – permitiu o lançamento do edital público Além dos Limites, o primeiro voltado exclusivamente para grupos e artistas que desenvolvem trabalho com a inclusão de artistas com deficiência. Além de receberem incentivo financeiro para a montagem de um espetáculo ou exposição, os vinte selecionados nas categorias dança, música, teatro e artes visuais contarão com a curadoria de Carlinhos de Jesus, Bruno Levinson, Grupo Nós do Morro e Wilson Lázaro, respectivamente, que acompanharão o desenvolvimento dos projetos e se apresentarão em várias cidades do país em edições regionais da Mostra Arte Sem Barreiras.
Em Belo Horizonte, a programação começa no dia 12/07, às 17h, com a performance (site specific) da paulista Ângela Barbour, coordenadora do curso de Bacharelado em Artes Visuais, do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Às 19h, haverá uma solenidade oficial em que o Projeto Além dos Limites será apresentado por seus curadores, seguida da coreografia da Pulsar Cia de Dança, premiado grupo (Prêmio Klaus Vianna 2006 – Funarte) que integra em sua companhia bailarinos em cadeiras de rodas. Também será aberta uma exposição de artes plásticas com a curadoria de Wilson Lázaro, coordenador de projetos do Museu do Bispo do Rosário, que ficará em cartaz até 30 de junho, com a participação dos artistas Marcos Garcia, Emílio Guerrero, Gilberto Todt, Tarcísio Ribeiro e Ronaldo Pio. Os dias seguintes terão apresentações de grupos de dança, teatro e música, além de palestras e oficinas abertas ao público. A entrada é franca.
Segue abaixo a programação completa e o perfil dos participantes:
Dia 12/07 – quarta-feira:
17h – Performance de Ângela Barbour
Mestre em Artes pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, na área de Artes Plásticas – Poéticas Visuais. É produtora cultural artística sênior da Galeria Marta Traba, Fundação Memorial da América Latina e coordenadora do curso de Bacharelado em Artes Visuais, do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Na área científica, trabalhou no desenvolvimento de metodologia para produção de imagens táteis para deficientes visuais em flexi e swell-paper, no Projeto Céu Aberto.
19h – Solenidade oficial de abertura, com a participação do Presidente da Funarte, representante das Loterias Caixa e dos curadores do Projeto Funarte Além dos Limites:
Carlinhos De Jesus – Ator, coreógrafo e diretor da Academia de Dança
Carlinhos de Jesus, o bailarino é um dos profissionais mais requisitados para preparação corporal de artistas nacionais e internacionais. Premiado no Brasil e no exterior, é responsável por diversas coreografias para o teatro, cinema, novelas, programas de TV e escolas de samba. Têm na bagagem vários workshops e oficinas de dança de salão, entre eles para os bailarinos do Kirov Ballet, Ballet Bolshoi e Tokyo Ballet.
Bruno Levinson – Produtor cultural e jornalista formado pela PUC/RJ.
É idealizador e produtor do Festival Humaitá Pra Peixe, que já revelou grandes nomes para a música brasileira, bem como do Projeto Oi Tem Peixe na Rede. É produtor musical do programa Afinando a Língua, veiculado no Canal Futura. Como jornalista, é colaborador fixo da revista Vogue RG.
Wilson Lázaro
Graduado em Desenho Industrial pela Faculdade da Cidade, trabalha como curador-assistente e coordenador de projetos do Museu do Bispo do Rosário.
Grupo Nós do Morro
Fundado em 1986 pelo diretor Gutti Fraga, o grupo reúne hoje mais de 50 pessoas e nasceu da idéia de um movimento cultural para formar atores e técnicos e despertar na comunidade do Vidigal, no Rio de Janeiro, o interesse pelo teatro.
20h – Apresentação da Pulsar Cia. de Dança
Criada em 2000 e considerada um dos destaques do cenário da dança contemporânea carioca, composta por bailarinos e atores com e sem deficiência, a Companhia da coreógrafa Teresa Taquechel busca uma singularidade na diferença, propondo um novo olhar dentro da estética da dança. Ganhou o Prêmio Funarte Klaus Vianna 2006.
20h30 – Abertura da exposição de Artes Visuais – de 12 a 30 de junho. Coletiva de artistas com curadoria de Wilson Lázaro.
Dia 13/07 – quinta feira:
9H – Conferência Mídia e Diversidade
Palestrantes:
Juliana Oliveira – Graduada em Comunicação Social pela Universidade Federal Fluminense do Rio de Janeiro, com mestrado em Comunicação Social, foi coordenadora de comunicação voluntária do Projeto Compartilhamento e apresentadora do “Programa Especial”, da TVE-Rede Brasil.
Michel Fernandes – Bacharel em Comunicação Social, concluindo o mestrado em Artes Cênicas, é o diretor do site de teatro e dança aplausobrasil.
11h – Apresentação do Grupo de Dança Sentir
Grupo composto por 12 bailarinos, ligado à APAE/BH, busca o acesso à cultura e a construção de uma identidade política e cultural histórica por meio do desenvolvimento do despertar cultural, do exercício da liberdade, da criatividade, da revelação de novos talentos e cidadãos mais conscientes.
14h – Oficina de Artes Visuais Contribuições do corpo nas produções Plásticas,
com Kely Aguiar
Kely é professora de artes plásticas da Associação Crepúsculo e integrante do
Núcleo de Arte Sem Barreiras de Belo Horizonte. Tem coordenado e ministrado
cursos de dança para pessoas portadoras de deficiência nos últimos anos. Foi
idealizadora e professora do Projeto Oficina Crepúsculo de Dança para cegos
(Lei Municipal de Incentivo a Cultura 2001).
14h- Oficina de teatro Vozes do Corpo – Movimentos da Voz, com Leonardo Richard
Richard é professor de teatro na Associação Crepúsculo e faz trabalho voluntário
como professor de teatro para grupo de idosos do Centro de Convivência do
Clube de Minas Gerais.
19h – Apresentação do Grupo de Dança do Espaço Especial e do Grupo de Teatro
FILO
Espaço Especial
O objetivo do grupo é desenvolver projetos sustentáveis que permitam a inclusão
de pessoas com paralisia cerebral no mercado de trabalho, através da produção
de tecnologia social. FILO – Parte do Projeto Expressividade Cênica para
Deficientes Visuais, iniciado partir de uma iniciativa do Festival
Internacional de Londrina, apresenta As Cidades e os Olhos (inspirado no livro
A Cidade e os Olhos, de Ítalo Calvino).
Dia 14/07, sexta-feira:
9h – Oficina de dança Street Jazz, com Ricardo Malta
Malta trabalha como professor da PUC Minas, nos cursos de qualificação
profissional para pessoas com deficiência. Deficiente Visual, trabalhou como DJ
em várias casas noturnas, com tecnologia especial. Coordenou os cursos de
formação de DJ’s da Secretaria de Cultura, em parceria com o Fundo de Amparo ao Trabalhador.
9h – Oficina de música Musicalizando Sem Barreiras, com Ricardo Upiano
Upiano é professor de música para pessoas com deficiências variadas, como
síndromes de Asperger e Down. Os recursos usados vão desde a apreciação
musical, jogos musicados até trabalho com percussão, entre outros instrumentos.
14h – Conferência A contribuição da arte para a construção de uma sociedade
inclusiva
Palestrante: Professora Rosa Maria Corrêa – PUC MG – Doutoranda em Educação pela
UNICAMP e Coordenadora da Sociedade Inclusiva Rede de Inclusão Social, com
especialização em Psicologia Educacional. É autora dos livros: “Cartilha de
Inclusão dos Direitos das Pessoas com Deficiência” e “Dificuldade de aprender:
um outro modo de olhar”. Atua na área de Educação Inclusiva, de Processos
Perceptuais e Cognitivos/Desenvolvimento, Educação Especial, Currículo para
Diversidade, entre outros.
16h30 – Apresentação Grupo Céu e Terra
Grupo de balé que estimula crianças e adolescentes deficientes auditivos e
carentes. O Projeto sensibiliza não só pela dança, mas pela recuperação de
muitas crianças com sérios problemas de equilíbrio e outros, elevando a
auto-estima dos bailarinos.
19h – Grupo de Teatro do Instituto São Rafael apresenta Morte e Vida Severina
O grupo de deficientes visuais de alunos da 5ª a 8ª séries já fez 15
apresentações, buscando desenvolver a linguagem corporal, a postura social, a
elevação da auto-estima, o aprimoramento cultural, a busca da cidadania e a
inclusão através da arte.
19h – Apresentação de música de Chico Aafa (GO)
Músico, cantor e compositor participou de programas televisivos como “Som
Brasil”, da Rede Globo; “Empório Brasil”, do SBT e “Brasileirança”, da TVE, com
canções cujo temas evocam os costumes regionais e o amor pela natureza, com
destaque para ritmos e estilos musicais populares, sem perder, contudo, a
universalidade da música erudita. Em 2006 participou do Projeto Pixinguinha, da
Funarte.
Dia 15/07, sábado:
9h – Oficina Danças Folclóricas para pessoas com deficiência, com a professora
Ana Paula Diniz (PE)
Professora de Dança e Expressão Corporal para surdos, mudos e pessoas com
síndrome de Down.
9h30 – Mesa de Debates Políticas Públicas Inclusivas
Participação de representantes da Prefeitura Municipal de BH, Câmara Municipal
de BH, Governo do Estado de Minas Gerais e Ministério da Cultura.
11h30 – Apresentação de música do Grupo Visão Zero
Grupo formado por membros da AADVAT – Associação de Assistência aos Deficientes
Visuais do Alto Tietê.
III mostra mineira de arte sem barreiras
Casa do Conde – Rua Januária, 130 – Floresta – Belo Horizonte
Informações: (31) 3213-3084
De 12 a 15 de julho, quarta a sábado. Entrada franca.