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Dando continuidade as comemorações do centenário de imigração japonesa, o Memorial da América Latina organizou, no Centro de Convenções, durante os dias 10 e 11 de outubro, o “Simpósio Internacional Brasil-Japão: Modernização Urbana e Cultura Contemporânea”, que tinha como objetivo discutir o processo de urbanização e suas relações com as representações estéticas no Brasil e no Japão.
Na sessão de abertura participaram autoridades como o presidente da Fundação Memorial Fernando Leça; Jô Takahashi, diretor de projetos em arte e cultura da Fundação Japão; Sílvio Sawaya, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e Junko Ota, diretora do Centro de Estudos Japoneses da USP.
Em seguida, a palestra ministrada pelo arquiteto brasileiro Rui Ohtake teve como tema central a arquitetura contemporânea. Na ocasião, o arquiteto pode apresentar seus projetos de maior significância, que estão espalhados pela cidade de São Paulo, Brasília e no exterior, além de relatar suas experiências pessoais.
Segundo Ohtake, depois do regime ditatorial enfrentado até 1985 – caracterizado pela atribuição utilitária aos edifícios e pela falta de interesse pela inovação e pela arte -, a reconquista da democracia alavancou uma série de iniciativas e produções culturais que retomaram as discussões sobre importância da arquitetura.
Ohtake ressaltou que uma das preocupações da arquitetura contemporânea é justamente o resgate da cor. Detalhe este que podemos notar em vários dos projetos assinados por ele, como o Instituto Tomie Ohtake, em Pinheiros, o Hotel Renaissence, nos Jardins, ou ainda o Expresso Tiradentes, corredor exclusivo de ônibus, de 8 km de extensão, que interliga o terminal D. Pedro II, no centro da cidade, até o bairro Sacomã.
Um outro ponto levantado foi quanto a necessidade de reciclagem do espaço urbano. “O centro histórico deve ter intervenções contemporâneas, não só revitalizações”, afirmou o arquiteto Rui Ohtake, referindo-se ao centro da cidade. Segundo o arquiteto, o diálogo entre o passado e o recente é positivo uma vez que freqüentemente essas intervenções ajudam a dar vida nova a cidade.
Rui Ohtake é arquiteto graduado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. Desde 1960 vem desenvolvendo projetos em todo o território nacional e no exterior. Entre eles os hotéis Unique e Renaissence, o Parque Ecológico do Tietê, o sistema de transporte Paulistão e a sede social e cultural do São Paulo Futebol Clube. Em Brasília, o arquiteto assina o Hotel Blue Tree, o Estádio do Gama, o Brasília Shopping. No Exterior, projetou a embaixada brasileira em Tokyo, e os jardins e museu aberto da Organização dos Estados Americanos, nos Estados Unidos.
O Simpósio é o evento central do Projeto de Intercâmbio Cultural: Visões da Cultura Urbana Contemporânea, iniciativa multidisciplinar idealizado e organizado por Regina Meyer, professora titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Brasil, Manabu Fujiwara, professor assistente da Universidade de Kyoto, Japão, Andrea Urushima, pós-doutoranda da Universidade de Kyoto, Raquel Abi-Samara, pesquisadora/bolsista da Fundação Japão 2007-2008 e Murilo Jardelino, Relações Institucionais.
Por Gabriela Mainardi