Pode-se dizer que o animador argentino de 36 anos, Juan Pablo Zaramella, já é um velho conhecido dos brasileiros. Afinal, o público carioca o escolheu autor do melhor curta no Anima Mundi de 2005 e o paulista fez o mesmo com outro filme dele na edição do ano passado. Formado em Direção de Animação no Instituto de Arte Cinematográfica de Avellaneda, Zaramella iniciou sua carreira produzindo para o mercado publicitário. Em 1998, começou a trabalhar como ilustrador para o jornal Clarín. Alguns desses trabalhos foram premiados internacionalmente pela Society of News Design (SND). Desde 2000, Zaramella vem fazendo filmes de animação independente em parceria com sua mulher, Silvina Cornillón. O casal está no Memorial da América Latina para o Papo Animado no dia 25, sexta, às 16h.
Há eventos desse tipo na Argentina em que as pessoas podem mostrar suas produções, como no Anima Mundi?
Infelizmente, não. O Anima Mundi é algo grandioso, estou realmente impressionado com a estrutura do evento, com essa visibilidade. Além de ser super importante para o intercâmbio latino – americano, um exemplo de que é possível estar presente, com produções de qualidade. A realização desse tipo de iniciativa pode impulsionar novos talentos na animação.
Mas como está a animação na Argentina atualmente?
O mercado na Argentina melhorou muito nos últimos anos, vem crescendo bastante. Porém, ainda há muito que se fazer, por isso é fundamental que se tenha esse tipo de evento, como o Anima Mundi. Tenho recebido alguns patrocínios de universidades públicas e espero que com o tempo aumentem as oportunidades de se trabalhar com animação, que mais pessoas patrocinem os projetos.
Foi essa precariedade que o levou a trabalhar no mercado publicitário, no início da sua carreira?
Olha, eu não fui trabalhar para o mercado publicitário por prazer, e sim para me manter, já que há alguns anos atrás era realmente muito difícil sobreviver só com os meus projetos de curtas. Atuei também como ilustrador, durante seis anos, e hoje estou aqui, mostrando o meu trabalho independente.
Trabalho este que tem grande afinidade com os brasileiros. Dois de seus filmes foram escolhidos pelo público como o melhor curta metragem – “Lapsus”, de 2007, e “Viaje a Marte”, de 2005 .
Engraçado, pois a minha idéia era fazer algo pequeno no caso do “Lapsus”, mas durante o processo de criação, outras idéias foram surgindo e ele se transformou em um curta de três minutos, que conta a história de uma freira dividida entre luz e trevas. Diferente de Viaje a Marte (Viagem a Marte, 2005 – recebeu mais de 45 prêmios, entre os quais o de Melhor Curta – Metragem pelo Júri Popular, no Rio de Janeiro), que demorou dois anos para ficar pronto e resultou em um curta de seis minutos. Os dois têm concepções diferentes, o que me deixa bem feliz perceber que o resultado final de ambos agrada ao público.
Você sempre realiza suas produções em parceria com a sua mulher, Silvina Cornillón?
Sim, minha mulher é parceira fundamental em meu processo de criação.Ela opina sobre tudo e veio comigo ao Brasil para participar do Anima Mundi.