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Um gira-gira, um vestido de noiva e uma vertigem. As recordações tomam forma na vídeo-instalação de Nora Cherñajovsky e refletem seu trabalho relacionado ao corpo e à memória. A artista argentina se utiliza de diversos suportes para compor as obras Espirales de la Memoria e Palimpsesto, que fazem parte da mostra Transfronteiras Contemporâneas, em cartaz na Galeria Marta Traba, do Memorial da América Latina até 17 de outubro.
Por exemplo, ela projeta seu vídeo, chamado Vertigo, sobre um vestido de noiva e o mistura a objetos de sua mãe, fotos de seu pai, pequenas recordações de sua infância, brincando com os arquétipos e ciclos da vida e com as diversas linguagens que se transformam a um só tempo.
Este é um ponto fundamental da produção de Nora: ela sempre relaciona as suas lembranças ao espaço e ao gesto. Sua matéria prima, na verdade, é o tempo subjetivo, apreendido de maneira diferente por cada indivíduo. Para ela, “o tempo é uma espiral na qual nunca passamos pelo mesmo lugar, já que o momento é sempre diverso”.
Nora ficou especialmente tocada por trabalhar em um espaço como o do Memorial da América Latina, que leva a “memória” já no nome e tem a missão de olhar, cuidar e não deixar desaparecer as manifestações culturais do continente, enfim, de nos lembrar a nós mesmos quem somos. Ainda mais que aqui ela pode trocar experiências, maneiras de pensar e fazer arte com diversos artistas latino-americanos, além de participar da Bienal de São Paulo através do Pólo São Paulo de Arte Contemporânea.
Entre as atividades da mostra Transfronteiras Contemporâneas, Nora Cherñajovsky ministrou um workshop para crianças. Como uma continuação de sua obra, ela abordou a subjetividade e a individualidade delas ao trabalhar com suas percepções corpóreas – Nora tem ampla experiência em Terapia Corporal – e com atividades relacionadas a seus nomes. Por fim, as crianças foram incentivadas a fixar suas sensações em desenhos e palavras.
Fotos: Mônica Saraiva