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O último papo animado programado pela produção do Anima Mundi deste ano foi especial. Não que os demais, com Gil Alkabetz, John Canemaker e Kihachiro Kawamoto não tenham sido igualmente proveitosos e esclarecedores do que de melhor se faz em animação pelo mundo. Aí esta, pelo mundo..o papo com os criadores da TV Pingüim, Célia Catunda e Kiko Mistrorigo, teve um que a mais, de “defesa” da produção nacional. Logo na apresentação dos convidados, ressaltou-se tal aspecto e, o melhor, a dispensa da tradução simultânea. A luta dos animadores brasileiros em sua eterna corrida por patrocínio e equipamentos foi um dos temas discutidos no bate-papo.
Com platéia lotada, a TV Pingüim foi descrita como um mix de inteligência de conteúdo e técnica, o que se pôde comprovar na seqüência de vídeo exibida durante o papo. Célia Catunda falou sobre a trajetória da TV Pingüim, desde os primeiros trabalhos no longínquo ano de 1989, feitos ainda em vhs; até suas novas empreitadas, incluindo um projeto de seriado com parceria canadense a ser exibido naquele país.
Kiko disse que a animação é uma coisa impressionante, freqüentador do Anima Mundi desde sua primeira edição e que hoje é o maior em público do mundo, ele deu exemplo de até onde pode chegar a “loucura” por ela. Na última semana, um figurante da TV Globo invadiu os estúdios da emissora semi-nu, deu três tiros pro alto. Motivo: queria mostrar desenhos de sua autora para um diretor.
Em seguida começou a exibição dos trabalhos da dupla, desde os primeiros, extremamente trabalhosos, gravados quadro-a-quadro com câmeras vhs. Kiko lembrou a importância desta experiência e a lição que tirou: “é preciso tirar o máximo que se pode com o que tem na mão”.
“Rita” e “Poesias Animadas” ambos de 94, foram veiculadas pela TV Cultura. “Rita” foi durante um bom tempo a mascote da programação infantil da emissora, e as “Poesias Animadas” foram criadas a partir de obras de grandes nomes da poesia nacional. A dupla ressaltou a parceria com a emissora pública para animação brasileira. E o pior, o espaço hoje em dia está cada vez menor para este tipo de projeto. No Fórum que ocorreu durante o Anima tais questões foram discutidas.
Outro trabalho apresentado foi o “O Direito do Trabalhador”, de 96, série de 20 episódios criadas em stop motion que mostra como funcionam os direitos constitucionais do trabalhador. Neste mesma época Kiko e Célia criaram o “Professor Planeta” apresentada por Marcelo Taz na ESPN Brasil, que trazia curiosidades do mundo esportivo.
Usando técnicas parecidas, a TV Pingüim foi convidada para produzir as animações de inserção do programa “Retrato Falado” que ia ao ar no Fantástico da Globo. Célia lembrou do desafio que foi fazer tais animações, “o roteiro chegava pra gente na quarta-feira e devíamos entregar a animação no domingo”..
“Entre pais e filhos” com 75 episódios produzidos para a tv futura, que abordava o relacionamento familiar de forma divertida e a série “De onde vem” para a TV Escola e, depois, também para a Cultura, que explicava de forma didática para as crianças de onde vem as coisas, são outros exemplos da vontade da dupla em produzir animações seriadas.
Foi a partir destes trabalhos surgiu a idéia de fazer desenhos em grande escala. O problema é que a TV brasileira não tem regras de veiculação. Em outros países, até 70% da programação deve ser feita por produtores independentes do local, gerando empregos e acabando com monopólios. No Brasil, a única porta de entrada para a mídia é através da TV educativa que está aberta para projetos independentes – caso das séries da Pingüim. Foi pela dificuldade de financiamento e distribuição de suas animações que Célia Catunda e Kiko Mistrorigo partiram em busca de novos ares.
Este lado internacional da produtora já trabalha a todo vapor. A dupla já criou vinhetas para o Cartoon Network. Com técnicas diversas de animação que servem de contraponto à imagem digital e bem acabada da emissora infantil, são apresentados os personagens de desenhos da Cartoon. As animações continuam sendo feitas aqui, mas o dinheiro e a distribuição vêm de fora.
No final do papo, duas novas empreitada da Pingüim foram apresentadas em primeira mão prum público agradecido e satisfeito com a experiência passada pelos simpáticos “pingüins”: “Peixonauta”, projeto desenvolvido em parceria com uma empresa canadense, relaciona a criatividade da animação brasileira com o know how de distribuição e produção dos canadenses. E “Magnitka”, série em produção que retrata a amizade de duas amigas, sendo que uma delas vem de um planeta distante. A série, que conta com apoios canadenses e franceses é passo fundamental para a criação de uma cadeia nternacional que permite a venda da animação para uma ampla rede de mercados.
Desde 1989, com um trabalho que prioriza a criação de animações com conteúdo de qualidade para o público infantil, Célia Catunda e Kiko Mistrorigo são agentes importantes da animação nacional, que continuam – apesar das dificuldades – a criar, produzir e distribuir suas idéias. Ao fm do papo, a lição que fica é a de lutar com as armas que se tem pelo desenvolvimento da animação nacional, a TV Pingüim e o Anima Mundi já estão cumprindo seu papel.
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