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O quarto encontro do 1ºCiclo de Debates do Festival de Cinema Latino Americano de São Paulo teve como tema a TV na América Latina: as novas modalidades de difusão e reuniu na mesa o uruguaio Aran Haroranian, diretor geral da Telesur; Adriano de Angelis, coordenador de programação da TV Brasil; Paulo Alcolforado, coordenador do projeto DocTv; Gabreil Priolli, presidente da Televisão América Latina (TAL) e Assunção Hernandes, produtora e curadora do Festival.
Todos os projetos apresentados são parceiros e têm um objetivo comum: a democratização da TV na América Latina através da distribuição da produção independente e da integração cultural latino-americana. Na região ainda não existe produção em série de conteúdo audiovisual. “O espaço da produção independente ainda é uma batalha na América Latina”, ressaltou Assunção Hernandes. Na produção jornalística á dificuldade fica por conta da falta de imagens e informações focadas na América Latina.
Outra questão levantada pelos participantes do debate foi o modelo de TV digital escolhido no Brasil. “A escolha pelo padrão japonês foi uma derrota para a sociedade” disse Assunção. A implantação do sistema é de custo alto e demorará cerca de 10 anos. “Durante esse período a televisão ficará congelada, não haverá mais espaços para a transmissão de novos canais”, afirmou Priolli.
Durante o encontro foram apresentadas as propostas para combater o monopólio comercial que domina a televisão.
O canal venezuelano Telesur reúne em sua programação, transmitida via satélite, noticiários que abrangem toda a América Latina, programas sobre música, documentários e filmes latinos. Seu foco é mostrar a cultura, as lutas, e os diferentes povos do sul, rumo a integração cultural de todo o território latino. “A informação que temos na América Latina vem do Norte e ele nos vê em preto e branco, mais em preto porque só mostram as tragédias” afirmou Aram Haroranian durante o debate.
A TV Brasil, criada recentemente, é o primeiro canal público brasileiro internacional. Segundo Adriano de Angelis a iniciativa busca priorizar em sua programação a diversidade de temas e linguagens, a produção de um jornalismo contextualizado e aprofundado através do levantamento dos processos históricos, a valorização da produção independente, alternativa e comunitária. Atualmente o canal está disponível na América do Sul.
De acordo com Gabriel Priolli, a outra iniciativa brasileira, a TAL, apresentará uma nova perspectiva cultural para a América Latina baseada no fortalecimento dos laços regionais e no conhecimento mútuo dos povos. Em sua programação serão exibidos documentários, entrevistas e espetáculos, visando a integração, a inovação e a formação dos novos formadores de opiniões. Ela já possui acordos de parceria com 19 países. A TAL prentende entrar no ar no final de setembro.
Para fomentar a produção de documentários em todo território ibero-americano foi lançado neste ano o DocTV IB . A iniciativa vai destinar uma verba de US$ 100 mil para cada documentário escolhido e realizado em 15 países da América Latina e Península Ibérica. O programa prevê a exibição, a partir de agosto de 2007, de todos os documentários nas TVs públicas dos países envolvidos, e ainda colocação dessas produções no mercado internacional. O projeto foi criado no mesmo conceito do projeto DocTV Brasil de estímulo à produção e difusão de produtos audiovisuais. Através da parceria com a TV Cultura, os documentários produzidos com o apoio do DocTv Brasil são veiculados todo domingo, às 23 horas.
Fotos: Fernanda Yamamoto