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Uma enorme bandeira brasileira pintada em técnica mista sobre madeira, constituída de 5 módulos de 2m05 X 2m50 cada, que se movem, irá “tremular” na Fundação Memorial da América Latina. Criada pelo artista plástico Ernesto Sérgio Silva Quissak Jr, a obra “Políptico móvel gênese do pavilhão nacional” estava até há pouco no andar térreo do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Por iniciativa do governador Cláudio Lembo, ela está sendo transferida ao Memorial.
O artista paulista a elaborou em 1967, para a IX Bienal de São Paulo, mas enfrentou problemas por ousar retrabalhar um símbolo nacional. A obra foi censurada pelos militares, retirada da Bienal e o autor, preso. Conforme conta o livro “As Bienais de São Paulo” (São Paulo: Editora Projeto, 1989), escrito pela jornalista, crítica de arte, curadora e editora executiva do Departamento de Publicações do Memorial, Leonor Amarante, “contrapondo-se a essa proibição, os Estados Unidos, que montaram a segunda maior sala da Bienal, “Ambiente USA: 1957/1967”, com 900 metros quadrados, exibiram nada menos que a tela “Três Bandeiras”, do artista pop Jasper Johns, que sobrepunha imagens da bandeira norte-americana. Ironicamente, o quadro deu a Johns um dos prêmios Bienal de São Paulo.” (pág. 157).
Nascido no Vale do Paraíba em 1935, Quissak Júnior morreu em 2001, aos 65 anos. Seu trabalho mistura tendências da arte pop e do realismo. Filósofo, poeta e humanista, ele tinha como temas recorrentes as crianças e o dualismo mãe-filho. Desde o início da carreira, se destacou na região e ficou conhecido como ‘O Recluso de Guaratinguetá’. Sua ligação com a cidade natal sempre foi forte, como quando, por exemplo, idealizou a Bandeira de Guaratinguetá, oficializada pela prefeitura em 1958.
Os 5 óleos sobre tela com as cores da bandeira nacional são assim divididos: Políptico Móvel Um ou do Campo Verde, Políptico Móvel Dois ou do Losango Amarelo, Políptico Móvel Três ou do Círculo Azul, Políptico Móvel Quatro ou da Faixa Branca, Políptico Móvel Cinco ou da Pátria. Antes de ser incorporada ao acervo do Memorial, o políptico móvel foi enviado ao IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) para um laudo técnico.