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NELSON PEREIRA DOS SANTOS
Um cineasta na Academia
Um de nossos mais admiráveis cineastas em atividade, Nelson Pereira dos Santos merece todos os louros. Recém eleito para uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, este cineasta-intelectual, um dos artífices do Cinema Novo com os filmes Rio, 40 graus e Rio zona Norte, fortemente influenciados pelo neo-realismo de Rossellini, produziu filmes de grande importância dentro da história do cinema nacional, muitos deles, coincidência ou não, adaptações de grandes escritores brasileiros. Quem não se comoveu com o drama de Fabiano e da cadela Baleia, em Vidas Secas? Reconhecidamente, essa é uma das mais impressionantes adaptações literárias feitas para o cinema, concorrendo em qualidade somente com outra obra do próprio Nelson: Memórias do Cárcere, uma também primorosa adaptação de Graciliano Ramos – autor pelo qual tem confessa identificação.
Uma figura pública respeitável, com um histórico de lutas pelas liberdades democráticas no Brasil, o cineasta-acadêmico está lançando sua mais recente produção: Brasília 18%, que tem foco na política brasileira, área em que sempre militou (foi filiado do Partido Comunista Brasileiro, com quem rompeu).
No mês de maio, a Videoteca do Memorial homenageia este importante cineasta brasileiro apresentando uma retrospectiva de alguns de seus filmes mais marcantes.
Período: 2 a 30 de maio de 2006
Horários das sessões:
– Terça a Sexta (10h00, 12h00 e 15h00)
– Sábado (10h30 e 12h30)
Sessões às 10h00 e 14h00, excepcionalmente nos dias 9, 25 e 26
Dias 2 e 11
RIO, 40 GRAUS. Direção de Nelson Pereira dos Santos. Brasil. 1955. 91 min. Com Modesto de Souza, Roberto Bataglin, Jece Valadão, Glauce Rocha, Claudia Moreno.
Crônica do Rio de Janeiro, narrada através das aventuras de cinco vendedores de amendoim, que se espalham por vários pontos da cidade.
Dias 2 e 12
RIO, ZONA NORTE. Direção de Nelson Pereira dos Santos. Brasil. 1957. 82 min. Com Grande Otelo, Jece Valadão, Paulo Goulart, Malu, Maria Pétar, Haroldo de Oliveira.
Ferido ao cair de um trem de subúrbio, sambista relembra os últimos meses de vida, incluindo seu relacionamento com o filho marginal e as trapaças do radialista que lhe rouba canções.
Dias 3 e 13
MANDACARU VERMELHO. Direção de Nelson Pereira dos Santos. Brasil. 1961. 74 min. Com Miguel Torres, Jurema Penna, Sônia Pereira, Ivan de Souza, Luiz Paulino dos Santos.
Prometida a outro homem, orfã foge para se casar com empregado da fazenda onde vive. Fiel à tradição nordestina, sua tia planeja vingar-se, matando o casal.
Dias 3 e 16
BOCA DE OURO. Direção de Nelson Pereira dos Santos. Brasil. 1962. 103 min. Com Jece Valadão, Odete Lara, Daniel Filho.
Poderoso bicheiro é assassinado. Repórter tenta desvendar o mistério por trás do brutal crime entrevistando a ex-amante do “banqueiro”, que traça três perfis diferentes dele, seguindo sua emoção a cada momento do relato.
Dias 4 e 17
VIDAS SECAS. Direção de Nelson Pereira dos Santos. Brasil. 1963. 100 min. Com Átila Iório, Maria Ribeiro, Jofre Soares, Orlando Macedo, Gilvan Lima.
Família de nordestinos vaga errante pelo sertão atrás de melhores condições de vida, mas a seca e a miséria destroem suas esperanças. Adaptação do livro de Graciliano Ramos.
Dias 4 e 18
EL JUSTICERO. Direção de Nelson Pereira dos Santos. Brasil. 1967. 80 min. Com Arduíno Colasanti, Emanuel Cavalcanti, Adriana Prieto, Márcia Rodrigues, Rozita Thomas Lopes.
Jornalista de esquerda narra as aventuras de um playboy carioca, filho de general, que protege a malandragem da zona sul do Rio de Janeiro.
Dias 5 e 19
FOME DE AMOR. Direção de Nelson Pereira dos Santos. Brasil. 1968. 73 min. Com Leila Diniz, Arduíno Colasanti, Irene Stefânia, Paulo Porto, Manfredo Colasanti.
Quatro pessoas se encontram em ilha do litoral fluminense, na casa de um cego, surdo e mudo. Entre eles surgem relações de sexo, paixão e ódio.
Dias 5 e 20
AZYLLO MUITO LOUCO. Direção de Nelson Pereira dos Santos. Brasil. 1970. 78 min. Com Nildo Parente, Isabel Ribeiro, Arduino Colasanti, Irene Stephania, Leila Diniz, Ana Maria Magalhães.
Padre recém-chegado a um vilarejo praiano manda construir um sanatório para cuidar da saúde mental da população, mas enfrenta resistências. Adaptação de O Alienista de Machado de Assis.
Dias 6 e 23
COMO ERA GOSTOSO O MEU FRANCÊS. Direção de Nelson Pereira dos Santos. Brasil. 1971. 79 min. Com Arduíno Colasanti, Ana Maria Magalhães, Eduardo Imbassahy Filho, Manfredo Colasanti.
Em meados do século XVI, um francês naufraga em costas brasileiras e é aprisionado por índios tupinambás que pretendem devorá-lo. Durante o tempo que lhe resta, o francês aprende os hábitos da tribo e se relaciona com uma índia.
Dias 6 e 24
O AMULETO DE OGUM. Direção de Nelson Pereira dos Santos. Brasil. 1974. 112 min. Com Jofre Soares, Anecy Rocha, Ney Sant’anna, Maria Ribeiro.
Para distrair alguns ladrões, um violeiro cego conta a história de um nordestino, envolvido com a criminalidade da Baixada Fluminense, que teria o corpo "fechado" por Ogum.
Dias 9 e 25 (Sessões às 10h00 e 14h00)
TENDA DOS MILAGRES. Direção de Nelson Pereira dos Santos. Brasil. 1977. 139 min. Com Hugo Carvana, Sônia Dias, Anecy Rocha, Jards Macalé, Jofre Soares.
Pesquisador americano chega a Salvador para resgatar a imagem do falecido antropólogo negro Pedro Arcanjo. Um jornalista se interessa pelo assunto e decide rodar um filme tendo Arcanjo como tema. No processo, descobre muitas coisas sobre o racismo e a miscigenação do povo brasileiro. Adaptação do romance de Jorge Amado.
Dias 9 e 26 (Sessões às 10h00 e 14h00)
MEMÓRIAS DO CÁRCERE. Direção de Nelson Pereira dos Santos. Brasil. 1984. 188 min. Com Carlos Vereza, Glória Pires, Jofre Soares, José Dumont, Wilson Grey.
A experiência do escritor Graciliano Ramos nos porões da ditadura do Estado Novo.
Dias 10 e 27
JUBIABÁ. Direção de Nelson Pereira dos Santos. Brasil/França. 1987. 104 min. Com Françoise Goussard, Charles Baiano, Catherine Rouvel, Julien Guiomar, Betty Faria, Grande Otelo.
Criado por uma família de brancos, jovem negro foge de casa quando a empregada denuncia seu interesse pela filha do patrão. Anos depois, o casal volta a se encontrar em circunstâncias completamente opostas. Adaptação do romance de Jorge Amado.
Dias 10 e 30
CINEMA DE LÁGRIMAS. Direção de Nelson Pereira dos Santos. Brasil/Inglaterra. 1995. 96 min. Com Raul Cortez, André Barros, Christiane Torloni.
Diretor de teatro viaja para o México, em busca do filme que sua mãe viu antes de morrer, acompanhado por um jovem estudante de cinema. Procuram um melodrama, gênero popular na América Latina, entre os anos 1930 e 1950. Enquanto na tela os filmes se sucedem, uma relação de paixão começa a se desenvolver entre os dois.
Para saber mais:
http://www.revistapesquisa.fapesp.br/index.php?s=155,25,2926&aq=artigo
http://mostra.uol.com.br/29/exib_jornal.php?jornalId=405&language=pt