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A Fundação Memorial da América Latina problematiza a delicada relação entre a preservação de objetos da cultura material indígena e a sua comercialização por índios e não índios. A mesa-redonda “Cultura Material Indígena: Preservação” – nesta terça, 1º de julho, às 14h30 – reúne uma museóloga, Beatriz Augusta Cruz, diretora da Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, um colecionador/comerciante, Walter Gomes da Silva, proprietário da Amoa Konoya – Arte Indígena, e um líder indígena, Jurandir Siritiwe Xavante, presidente do Instituto de Desenvolvimento das Tradições Indígenas.
O debate é um evento paralelo à exposição “Viagem Noturna – Arte Indígena: Preservação”, em cartaz até 3 de agosto, na Galeria Marta Traba. Composta por 85% do acervo indígena da Cid Collection, sob guarda provisória do Memorial por decisão judicial, a abertura de “Viagem Noturna” recebeu a visita do juiz Fausto Martin Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal Especializada em Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e Lavagem de Valores.
Saiba mais sobre a exposição Viagem Noturna – Arte Indígena: Preservação
As peças indígenas pertenciam ao Banco Santos, liquidado pelo Banco Central, cujo proprietário, Edmar Cid Ferreira, responde por uma série de acusações. A coleção está em processo de tombamento e espera-se que sua guarda seja transferida em definitivo ao Memorial. “Ver essa exposição tão belamente montada me dá uma sensação de resgate”, comentou o juiz Fausto Martin Sanctis, que lembra com pesar as péssimas condições que a coleção se encontrava em um depósito do Banco Santos. “O Brasil tem que se voltar mais para a sua cultura, que nos resgata a todos. O Brasil merece ser visto. E bem visto, como nesta exposição organizada pelo Memorial”.
O presidente do Memorial, Fernando Leça, explicou no mesmo dia que os planos são para “essa exposição viajar para outras cidades brasileiras”. Montada com recursos exclusivos do Memorial, que também investiu para a montagem da reserva técnica e a contratação de especialistas em preservação, “Viagem Noturna” é uma mostra que “fala por si só”, diz o juíz Sanctis, “e contém o que aparentemente é primitivo, mas de primitivo não tem nada.”
A importância da mesa redonda desta terça, para a museóloga Beatriz, reside no fato de que uma liderança indígena vai ser ouvida em um assunto específico: “é fundamental debater se os índios estão participando do comércio de sua cultura material e em que medida a comercialização desses objetos contribue para a preservação de seus valores, ou, se estão á venda apenas pela questão financeira”.
Saiba mais sobre a exposição Viagem Noturna – Arte Indígena: Preservação
Mesa redonda:
“Cultura Material Indígena: Preservação”
Dia 1º de julho, às 14h30
Pavilhão da Criatividade, Sala de Vídeo
Fotos de Fábio Pagan
Foto da primeira página: Adriana Beretta, coordenadora geral da exposição, e o juiz Fausto Sanctis, visitam a Viagem Noturna.
Fotos desta página: todos os envolvidos na organização e montagem aapresentam ao juiz Sanctis a exposição.