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As teorias e predições de Marshall McLuhan continuam tão atuais quanto há 34 anos, quando, entre outras pérolas de sua mente visionária, profetizou: “Na era da comunicação eletrônica o livro não morrerá, mas sua alma se libertará do seu corpo”.
O guru da chamada aldeia global – que este ano faria centenário de nascimento – foi lembrado pelo presidente da Fundação Memorial da América Latina, Antonio Carlos Pannunzio, na abertura do Colóquio Internacional “E-books e o futuro das bibliotecas – evolução ou revolução”, que teve como tema central o futuro do livro impresso, das bibliotecas, da cadeia editorial e todas as consequências jurídicas, técnicas e comerciais desse novo panorama do mercado literário ante o advento do e-book.
Participaram da mesa de boas vindas aos presentes Pedro Benitez Perez, cônsul para educação da Espanha e diretor do Instituto Cervantes de São Paulo, Christoph Freier, diretor da divisão de entretenimento da GFK Panel Services Deutschland, Frank Daniel, diretor do departamento de serviços escolares e serviços eletrônicos da Stadtbibliothek koln (Alemanha), Sylvain Itté, Cônsul Geral da França e Ralf Heinkele, adido cultural do consulado da Alemanha, além da apresentação de Ana Teresa Sannazzaro, bibliotecária do Instituto Goethe de São Paulo.
O evento, organizado pelo Instituto, Maison de France e Instituto Cervantes, reuniu nessa quinta, 08, no Auditório Simón Bolivar, cerca de 1.000 pessoas da área de biblioteconomia, vindas de várias regiões do país. Os palestrantes foram Claire Nguyen (França), Frank Daniel e Christoph Freier (Alemanha).
Na França, informou Claire Nguyen em sua palestra, o e-book está presente em todas as bibliotecas acadêmicas desde 2007. Mas, há problemas: a baixa qualidade de ofertas na língua do país. Ela é diretora do Consórcio Couperin da Bibliothèque Interuniversitaire de Santé Paris. Lá, segundo ela, está em andamento o processo de construção da oferta e seus modelos em parceria com os editores.
A evolução do e-book é tão patente entre os jovens da Alemanha que já ameaça seriamente a sobrevivência do livro impresso nas bibliotecas. Foi por aí a linha da palestra de Frank Daniel, diretor da Biblioteca Pública de Colônia. Isso se explica pela invasão de lojas virtuais como Amazon, Apple e Google, associada ao crescente uso de smartphones, ipads, tablets e e-readers móveis. A saída, disse Daniel, foi criar o empréstimo digital online – tema que ele destrinchou em sua palestra.
E como age o mercado editorial diante de tudo isso? As respostas vieram de outro especialista alemão, Christoph Freier, da GK Panel Services Deutschland. Ele analisou as duas pontas de interesse da nova mídia – o consumidor final e as estruturas de desenvolvimento, oferta e demanda do e-book – pela ótica da Alemanha, oferecendo informações que podem vir a ser úteis para os envolvidos no debate. Seja como for, fica evidente que a polêmica está longe do fim e nem é possível prever se o livro digital vai ter predominância a curto prazo no mercado editorial. Afinal, como lembrou o presidente Antonio Carlos Pannunzio, “o livro é tão imortal quanto a roda”.