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O dinamismo do trabalho de Silvina Gardonio é uma marca muito importante para conceber a visão de mundo da artista. Na obra que apresenta nesta exposição, instaura-se uma conversa entre as cores que gera uma série de questionamentos sobre a capacidade da pintura de poder entender o mundo.
Há um tom religioso na obra, não no sentido de igrejas criadas pelos homens, mas dentro da dimensão autêntica das palavras de religar o ser humano a si mesmo e ao mundo. Trata-se da criação de um clima no qual a arte exercita seu papel primordial de gerar dúvidas e promover diálogos.
Os elos entre a humanidade e a natureza aparecem num trabalho em que o desafio constante de cada observador é perceber onde estão os limites entre o mundo e o indivíduo e entre a natureza e a vida como um todo que se mescla e se confunde num grande poema visual.
A instabilidade apresentada alerta para os grandes silêncios que nos invadem quando vemos uma expressão plástica de qualidade. O não-falar é um falar às avessas, um perseguir a si mesmo num movimento perene de não se acomodar e de buscar sempre novos caminhos pela arte.
Oscar D’Ambrosio