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A cantora Fafá de Belém faz o show de encerramento das atividades culturais do Memorial deste ano, no domingo, 18 de dezembro, às 19h. Música regional, pérolas do cancioneiro popular, rock, boleros, ritmos caribenhos, guarânias, afoxé, lambadas, sambas-canções, composições dos grandes nomes da MPB, marcha-rancho, sertanejo… Fafá de Belém interpreta uma extensa gama de temas e ritmos. Se alguém perguntar qual é o denominador comum entre músicas tão diferentes, provavelmente ela responderá que “é o punhal no peito ” com que canta todas elas. O ingresso é um quilo de farinha de trigo que será doado ao Projeto Padaria Artesanal do Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo.
Maria de Fátima Palha de Figueiredo sempre gostou de cantar. Dona de uma das mais expressivas vendagens de discos no mercado nacional, presença constante nas paradas de sucesso e à frente de atribulada agenda de shows, nos últimos anos Fafá de Belém conquistou duramente o posto de estrela da nossa canção popular. Das feiras de agropecuária no interior do país e shows em praça pública até temporadas no eixo Rio – São Paulo, incluindo o Cassino Estoril, em Portugal, ela é sempre bem recebida.
Em 1976, Fafá lançou o primeiro LP, Tamba Tajá. Seu canto seduziu até o demolidor crítico de música brasileira do Jornal do Brasil, o temido José Ramos Tinhorão, que se derramou em elogios à jovem artista, apontando-a como “uma cantora destinada a figurar no primeiro time da atual geração de grandes intérpretes brasileiros.” O álbum seguinte, “Água” (1977) confirmava todas as previsões: atingiu cerca de 95 mil cópias vendidas.
Embora jamais tenha pensado em ser cantora profissional, desde os 9 anos de idade, Fafá de Belém era uma atração nas festas promovidas pela família ou nas casas de amigos. Apesar de menina, interpretava como gente grande “Ouça”, sucesso de Maysa, ou “Eu e a Brisa”, de Johnny Half. Era uma garota que, como os da sua geração, amava os Beatles, era fã de Roberto Carlos e da turma da Jovem Guarda, mas também fascinada por jazz, música clássica e que se emocionava ouvindo os grandes cantores de rádio, como Cauby Peixoto, Angela Maria, Núbia Lafayette e Orlando Silva, “Gente de punhal no peito”, que ela gosta de tomar como modelos para interpretar.
“Hoje me vejo como uma cantora dos grandes amores, das perdas e dos reencontros. Se a música não me arrepiar, não gravo. Se não for personagem da letra, não consigo interpretar. Sou um dramalhão, uma passional” – costuma afirmar, entre gostosas risadas, porém do fundo do coração, a grande intérprete de “Nuvem de Lágrimas”, primeira canção sertaneja a tocar nas FM’s do Rio.
O amplo leque de sua formação musical está refletido na seleção de seu repertório. Ela gravou de tudo, sem preconceito. Música regional, pérolas do cancioneiro popular, como “Que Queres Tu De Mim”, de Evaldo Gouveia e Jair Amorim, ou “Você Vai Gostar” (Casinha Branca) de Elpídio dos Santos. Rock, boleros, ritmos caribenhos, guarânias, afoxé, lambadas, sambas-canções, composições dos grandes nomes da MPB, Marcha-rancho, sertanejo, e muitos outros ritmos. Sem falar da polêmica apresentação que a musa das diretas deu ao Hino Nacional, contestada pela justiça e ovacionada pela platéia, cada vez mais numerosa de seus shows.
Foi a partir da decisão de virar a mesa e deixar o coração falar mais alto que Fafá tocou fundo a alma brasileira. Com a determinação que a caracteriza, os anos de estrada, uma forte intuição e o sucesso absoluto de canções escolhidas a dedo pela própria cantora em determinados momentos de sua vida, como “Bilhete”, de Ivan Lins e Victor Martins, que a fez romper o silêncio de um ano em 1982. Ou “Memórias”, de Leonardo, popular compositor pernambucano, responsável pela venda de meio milhão de cópias (Disco de Platina) do álbum “Atrevida”, Fafá atingia, então, o auge de sua carreira, sobretudo como cantora romântica.
Uma trajetória assombrosa, mas nada que surpreenda quem bem a conhece e às suas aparentes contradições. Não foi à toa que interpretava, com tamanha emoção e propriedade os versos de um dos maiores sucessos de sua carreira, “Dentro De Mim Mora Um Anjo”, de Suely Costa e Cacaso: “Quem me vê assim cantando, não sabe nada de mim…”. Está aí uma das maiores verdades sobre Fafá de Belém, que sabe exatamente o que quer e do que é capaz.
– Sempre transei minhas coisas, vivi minha vida, batalhei demais e dei muito murro em ponta de faca para chegar aonde estou. É o povo que ensina ao artista o que ele tem de cantar e não o artista que deve ensinar ao povo o que ele tem de ouvir – repete, com frequência, a artista popular que Fafá de Belém se tornou.
Fafá virou marca nacional. Marca nacional de alegria, com aquela gargalhada sinceramente estrondosa que é capaz de levantar os ânimos de qualquer um. Marca nacional de saúde, a bela mulher brasileira que batizou até as lanternas do antigo Fusquinha, outra paixão popular. Marca nacional de liberdade, símbolo de um movimento político que fez milhões de brasileiros se emocionarem com sua interpretação do hino pátrio. Esta é Fafá de Belém ou melhor Fafá do Mundo.
Serviço:
Show de Fafá de Belém
Data: 18, domingo, 19h
Entrada: 1 Kg de farinha de trigo
Bilheteria: dia 17 das 14 às 19h e dia 18 a partir das 14h
Auditório Simon Bolívar.