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O brasileiríssimo Jair Rodrigues se “conecta” à salsa internacional da Orquestra Lyra Latina, nesta sexta, 26 de novembro, na série Conexão Latina. Primeiro, sobe ao palco o Lyra Latina e faz seu show de salsa, já tradicinal na cidade. Depois, será a vez de Jair Rodrigues se apresentar com a sua banda. Em algum momento, os dois grupos ensaiam um inusitado diálogo musical.
Com mais de 50 anos de carreira, Jair Rodrigues é um dos mais importantes intérpretes da Música Popular Brasileira. Quem não se lembra de sua performance inconfundível no II Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record, defendendo “Disparada”, de Geraldo Vandré e Teo de Barros, em 1966? Nesse ano ele dividiria o primeiro lugar com Nara Leão, que cantou a “A Banda”, de Chico Buarque. A canção libertária do Brasil rural – que ganha consciência no timbre vigoroso de Jair – ao lado da poesia urbana, que ganha ainda mais lirismo na suave voz de Nara… Bons tempos.
Sob a liderança do salseiro Sérgio Lyra, a Orquestra Lyra Latina se inspira em outra vertente da música popular latino-americana: a fase clássica da Salsa, cujos maiores representantes são Ruben Blades, Oscar D´Leon, Ray Barreto e Eddie Palmieri, entre outros. A Salsa nasceu e se consagrou nos anos 70 em Nova York. Foi uma espécie de grito da comunidade latina dessa cidade. Seu conteúdo pode ser de denúncia social ou principalmente de celebração da própria cultura. A salsa é originária de uma fusão entre a música cubana, o jazz e vários ritmos afro-latinos trazidos pelos imigrantes de diferentes países, tais como Porto Rico, República Dominicana, Panamá.
Esses pioneiros transcenderam as fronteiras do Spanish Harlem, o “gueto” hispânico de Manhattan, “El Barrio”como chamado por seus habitantes, contagiaram primeiro Nova Yord para depois se universalizar. Hoje além de Estados Unidos e América Latina, bailam a salsa vários países europeus e mesmo o Japão, onde esse ritmo deixou marcas profundas, tornando-se obrigatória a sua execução nas casas noturnas e festivais.
Depois de várias realizações no universo “salsero” paulistano nos anos 90, Sergio Lyra vai para a Europa a fim de ampliar sua experiência musical. Lá ele participa de várias orquestras do gênero se apresentando ao lado de cubanos, venezuelanos, porto-riquenhos e colombianos. Após 7 anos na França, Lyra volta ao Brasil e forma com grandes músicos de São Paulo, em setembro de 2007, uma orquestra para celebrar e contar um pouco da história dessa expressão musical ao mesmo tempo sofisticada – que nos pega pelo ouvido – mas sobretudo de ritmo contagiante, na qual o convite para dançar se torna irresistível. A Orquestra Lyra Latina se apresenta regularmente no Bourbon Street, onde promove um grande baile para os salseiros da cidade.
Enquanto isso, Jair Rodrigues conquistava o Brasil e se apresentava com sucesso (alguns dos shows ao lado de Elias Regina) em países como Argentina, Portugal, Angola, Alemanha, França, Suíça, Itália, Estados Unidos e Japão com seu talento, voz possante e jeito espontâneo e alegre de cantar, como se pisasse um palco pela primeira vez. Sua trajetória está resumida no site www.jairrodrigues.com.br:
Meio século de talento e alegria
Jair Rodrigues de Oliveira, paulista de Igarapava, nascido aos 06 de Fevereiro de 1939, iniciou sua carreira em 1957, atuando como crooner em casas noturnas do interior de São Paulo. A partir de 1960, passou a cantar na capital paulista, participando de programas de calouros, entre os quais o "Programa de Cláudio de Luna" (Rádio Cultura), no qual obteve a primeira colocação. Gravou seu primeiro disco (78 rpm) em 1962, com duas músicas para a Copa do Mundo do mesmo ano: "Brasil sensacional" e "Marechal da vitória", essa última muito executada pela Rádio Record. Lançou em seguida um compacto simples contendo as canções "Balada do homem sem Deus" (Fernando César e Agostinho dos Santos) e "Coincidência" (Venâncio e Corumba). Seus primeiros LPs foram "Vou de samba com você" e "O samba como ele é", lançados em 1964. Nessa época, atingiu grande popularidade com sua interpretação da música "Deixa isso pra lá" (Alberto Paz e Edson Meneses), marcada pela gesticulação que fazia com a palma da mão. Essa canção, considerada precursora do rap brasileiro por seu refrão "falado", foi regravada em 1999 com a participação do grupo paulistano de rap Camorra.
Em 1965, substituiu Baden Powell no show realizado no Teatro Paramount, em São Paulo. Foi nesta ocasião que cantou pela primeira vez ao lado daquela que seria sua parceira, a estreante Elis Regina, com quem lançou em seguida o LP "Dois na bossa", gravado ao vivo. Devido ao enorme sucesso alcançado pelo disco, formou com a jovem cantora a dupla Jair e Elis, no comando do programa "O fino da bossa", produzido pela TV Record (SP), que teve estréia dia 19 de maio de 1965, marcando definitivamente seu lugar entre as grandes estrelas da MPB.
Nesse ano, registrou um de seus grandes sucessos, "Tristeza" (Niltinho e Haroldo Lobo). A música, gravada anteriormente por Ari Cordovil, obteve grande destaque no carnaval de 1966 na voz do cantor. Em 1966, gravou o LP "O sorriso do Jair". Participou, nesse ano, do II Festival de Música Popular Brasileira (TV Record), defendendo a canção "Disparada" (Geraldo Vandré e Teo de Barros), dividindo o primeiro lugar com "A banda" (Chico Buarque), defendida por Nara Leão. Ao lado de Elis lançou mais dois volumes da série "Dois na bossa", em 1966 e 1967, ano em que gravou o LP "Jair".
Em 1968, participou do IV Festival de Música Popular Brasileira (TV Record), obtendo a terceira colocação do júri popular com a música "A família" (Chico Anysio e Ari Toledo). Também nesse ano, participou da Bienal do Samba (TV Record), em São Paulo, com "O que dá pra rir, dá pra chorar" (Billy Blanco), classificada em quinto lugar no evento vencido por Elis Regina com "Lapinha" (Baden Powell e Paulo César Pinheiro). Ainda em 1968, lançou o LP "Menino rei da alegria".
Em 1971, apresentou-se, ao lado do grupo Os Originais do Samba, no Midem, em Cannes, e lançou o LP "É isso aí". Ainda nesse ano, gravou o LP "Festa para um rei negro", contendo o samba-enredo homônimo da escola de samba carioca Acadêmicos do Salgueiro, do compositor Zuzuca (Adil de Paula), um de seus grandes sucessos e um dos mais conhecidos refrões da história do carnaval brasileiro: "Ô lê lê, ô lá lá/ pega no ganzê/ pega no ganzá".
A partir daí não parou de gravar mais e seguir o itinerário de seus discos é um pouco passear pelo melhor do samba nas últimas décadas:
• Nos anos 1970, gravou os LPs "Com a corda toda" (1972), "Orgulho de um sambista" (1973), "Abra um sorriso novamente" (1974), "Jair Rodrigues dez anos depois" (1974), "Ao vivo no Olympia de Paris" (1975), "Eu sou o samba" ( 1975), "Minha hora e vez" (1976), "Estou com o samba e não abro" (1977), "Pisei chão" (1978), "Antologia da seresta" (1979) e "Couro comendo" (1979).
• Na década de 1980, lançou os LPs "Estou lhe devendo um sorriso" (1980), "Antologia da seresta nº 2" (1981), "Alegria de um povo" (1981), "Jair Rodrigues de Oliveira" (1982), "Carinhoso" (1983), "Luzes do prazer" (1984), "Jair Rodrigues" (1985) e "Jair Rodrigues" (1988).
• Nos anos 1990, gravou o LP "Lamento sertanejo" (1991) e os CDs "Viva meu samba" (1994), "Eu sou… Jair Rodrigues" (1996), "De todas as bossas" (1998) e "500 anos de folia – 100% ao vivo" (1999).
• Em 2000, lançou o CD "500 anos de folia vol. 2". Nesse mesmo ano, participou da trilha sonora da novela "O cravo e a rosa" (Rede Globo), interpretando a canção título da novela da TV Globo. Gravou, em 2002, o CD "Intérprete" e em 2004, o CD "A nova bossa", contendo principalmente regravações do repertório da Bossa Nova, além de "Falso amor/Fake love" (Jair Oliveira). Em 2005, lançou o CD "Alma negra", contendo canções de Paulo Dafilin, Monsueto, Zé da Zilda, Haroldo Lobo, Evaldo Gouveia e Carlos Cola, Martinho da Vila e Hermínio Belo de Carvalho, entre outras. O disco contou com a participação especial da filha Luciana Mello na faixa-título, composição de Lula Barbosa. Em 2006, foi lançado o DVD "Jair Rodrigues – Programa Ensaio – Brasil 1991", mais um título da série de programas apresentados por Fernando Faro.
Ainda em 2006 Jair Rodrigues foi o artista homenageado do 4º Prêmio Tim de Música, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. E recebeu em 2006 indicação ao Prêmio Grammy Latino, na categoria Álbum de Samba Brasileiro com o disco “Alma Negra”. Uma carreira para se reverenciar nesta sexta, no show do Conexão Latina.
Programa:
Jair Rodrigues
Deixa isso pra lá – (Alberto Paz-Edson Menezes)
Triste madrugada – (Jorge Costa)
Boi da cara preta (Zuzuca)
Isto aqui, o que é – (Ary Barroso)
Aquarela do Brasil – (Ary Barroso)
Eu sei que vou te amar –(A. Carlos Jobim – Vinicius De Moraes)
Você abusou – (Antonio Carlos E Jocafe)
Tristeza (Haroldo Lobo-Niltinho)
Disparada – (Geraldo Vandré-Theo)
Majestade o sabiá – (Roberta Miranda)
É hoje – (Didi-Mestrinho)
Quem falou – (Jair Rodrigues E Paulinho Dafilin)
Vida em sonho – (Jair Oliveira)
Orquestra Lyra Latina
Melao de Caña – dominio popular cubano
El Perro – Deldongo
El Quarto de Tula – Eliades Ochoa
Prohibido Olvidar – Ruben Blades
Te amare te amare – Deldongo
Guantanamera – Joselito Fernadez
Indestrutible – Ray Barreto/J. Roman
Bilongo – Guillermo Rodriguez Fiffé
La Malanga – Rudy Calzado
Bésame Mama – Poncho Sanchez
Ficha tecnica Lyra Latina
Hanser Ferrer – piano
Marcelo Lyra – baixo
Fernando Gonzales – timbales
Franklin Santos – congas
Ilker Ezaki – bongo/campana
Sergio Lyra – sax/direção musical
Carlinhos Alligator – trompete
Sandro Oliveira – voz
Serviço:
Conexão Latina: Orquestra Lyra Latina & Jair Rodrigues
Sexta, 26 de novembro, às 21h
Ingressso: R$ 15,00 e meia entrada.
Bilheteria do Memorial: dias 25, das 14h às 19h, e 26, a partir das 14h
Auditório Simón Bolívar