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Ex-Ministro da Agricultura e atual professor da Unesp lança simpósio binacional para discutir essa questão e a estratégica para levar à Ásia a produção de combustível de cana com tecnologia brasileira e capital japonês.
“A ONU erra ao generalizar a questão da alta de alimentos e apontar o biocombustível como o grande vilão”, disse nessa quarta, 7 de maio, o ex-ministro Roberto Rodrigues, no lançamento do Simpósio Brasil – Japão Contribuição ao Agronegócio, no mini-auditório do Anexo dos Congressistas do Memorial da América Latina. Este Simpósio será realizado no Memorial em 9 e 10 de junho de 2008 como parte das comemorações oficiais do Centenário da Imigração Japonesa.
Roberto Rodrigues é um “agrônomo e agricultor” com larga vida acadêmica (é professor da Unesp). Ainda quando ocupava o cargo de Ministro da Agricultura do Brasil teve a idéia de fazer um simpósio binacional que servisse para impulsionar as relações comerciais no campo do agronegócio entre o Brasil e o Japão. Questionado por jornalistas sobre o atual nexo que se faz entre o etanol e a alta dos alimentos nas bolsas internacionais, ele listou dez razões pelas quais garantiu que o álcool brasileiro não tem nada a ver com isso.
1) A produção mundial não acompanhou o crescimento da demanda por alimentos devido a seca nos anos anteriores em importantes regiões produtoras, como a Ucrânia, Austrália e América Latina, incluindo o Brasil e a Argentina;
2) o petróleo triplicou de preço nos últimos 5 anos, aumentando o custo dos implementos agrícolas;
3) o preço do adubo aumentou 150% nos últimos 3 anos;
4) especuladores que atuavam no mercado de imóveis americano passaram a aplicar na bolsa de commodities, já prevendo a alta da cotação dos grãos (e assim contribuindo para torná-la realidade);
5) é a produção de etanol nos EUA a partir do milho que tem reduzido a área destinada ao cultivo de alimentos;
6) A cana-de-açúcar necessita do rodízio de culturas, fazendo com que a produção de alimentos aumente onde ela é plantada; no Brasil, o avanço da cana se dá em campos de pastagens; a diminuição da área destinada ao gado não diminuiu a produção de carne, ao contrário, a produtividade tem aumentado com soluções tecnológicas.
7) A produção brasileira de etanol a partir do álcool é muito mais produtiva do que a americana a partir do milho: enquanto os americanos produzem – com uma unidade de combustível fóssil (o diesel que move os tratores etc) – apenas 1,5 unidade de etanol, o Brasil consegue 9 unidades.
8) A produção de etanol de cana pode mudar a geopolítica mundial: com a tecnologia brasileira e o capital americano, europeu e japonês, a vasta região entre os trópicos da Ásia, África e América Latina pode encontrar uma importante fonte de renda, vendendo combustível renovável, e ainda aumentar sua produção de alimentos.
9) Em 5 anos, a produção de energia a partir do bagaço da cana-de-açúcar vai equivaler à da Usina Hidrelétrica de Itaipu, economizando ainda mais o combustível fóssil.
10) O “império do petróleo” não gosta da idéia de ser substituído pelo etanol. As grandes petroleiras ainda não perceberam – com exceção da Petrobrás e da Britsh Petroleum – que acrescentar 40% de etanol na gasolina significa 40 % a mais de sobrevida para esse mesmo “império”.
Essas explicações foram dadas quando o ex-ministro ressaltou a idéia de uma aliança estratégica entre o Brasil e o Japão para produzir etanol de cana-de-acúçar na Ásia. O Brasil entra com a tecnologia e o Japão com o capital e o mercado. Esse foi um tira-gosto dos temas que serão abordados por pesquisadores de universidades públicas japonesas e brasileiras no Simpósio Brasil – Japão Contribuição ao Agronegócio.
Reconhecer a importância da imigração japonesa para o estágio atual do agronegócio brasileiro; analisar esse fenômeno do ponto de vista de universidades brasileiras e japonesas, visando incrementar o intercâmbio entre as instituições dos dois países; e transformar as comemorações do centenário da imigração japonesa em um marco na relação Brasil/Japão e, a partir de ações conjuntas na área de bioenergia, transformá-la em plataforma de lançamento de um novo cenário mundial no qual as expressões “segurança alimentar” e “matriz energética renovável” não sejam excludentes – esses são os principais objetivos do Simpósio Brasil – Japão Contribuição ao Agronegócio, que será realizado no Memorial com entrada franca. As inscrições podem ser feitas no endereço eletrônico www.unesp.br/simp_brjp_agro.
Saiba mais sobre o Simpósio Brasil – Japão Contribuição ao Agronegócio, nos dias 9 e 10 de junho
Fotos de Gabriela Mainardi
1) Professor Roberto Rodrigues apresenta o Simpósio
2) Elisabeth Urbinatti, assessora-chefe de relações externas da UNESP e secretária-executiva do Simpósio, prof. Reimei Yoshiosa, representante da Comissão Nacional das Comemorações do Centenário
3) Fernando Leça, presidente do Memorial, dá as boas-vindas aos participantes
4) Júlio Cesar Durigan, pró-reitor de administração da UNESP
5) Prof. Ademar Yamanaka, representando a Unicamp
6) Prof. Roberto Rodrigues
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