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O Projeto Adoniran do Memorial da América Latina recebe, dia 11 de agosto, quinta-feira, o pernambucano Quinteto Violado, às 21 horas. O grupo apresenta show de seu mais recente CD, no qual faz releituras de canções de dois mestres da música brasileira: o paulistano Adoniran Barbosa, compositor que também inspirou este projeto do Memorial, e o paraibano Jackson do Pandeiro.
No disco Quinteto Violado Canta Adoniran & Jackson Pandeiro o grupo imprime sua identidade sonora em arranjos que fazem a ponte entre a urbe de Adoniran (“Trem Das Onze”, “As Mariposas”, “Prova de Carinho”) e o sertão nordestino do Jackson (“O Canto da Ema”, “Ele Disse”, “O Cabo Tenório). Embora extremados em suas origens, ambos os cancioneiros revelam, na qualidade poética, carregada de humor trágico, um passeio pelo imaginário de personagens pitorescos que povoavam seus cotidianos.
Neste CD, o Quinteto Violado ressalta sua versatilidade, que mais uma vez se debruça sobre a obra de compositores específicos, como fez com Luiz Gonzaga (Coisas Que o Lua Canta, 1983), Zé Marcolino (Sala de Reboco, 1983) e Geraldo Vandré (Quinteto Canta Vandré, 1997). Desta vez, a inventividade do Quinteto na criação de arranjos fica patente em faixas como “As Mariposas” (Adoniran), transformada em frevo, com reforço de um naipe de metais.
“Com estes dois ícones da música Brasileira traçamos um paralelo entre suas obras, trazendo o Adoniran para o frevo, o baião e o xote, com Jackson levamos ao samba de latada e ao coco de roda, sempre com a proposta de arranjos característicos do Quinteto Violado”, explica Dudu Alves, teclado e voz do grupo.
Ainda da lavra de Adoniran, aparece no repertório “Prova de Carinho” (Adoniran), que virou um samba de roda, com solos de viola que evocam a música cabo-verdiana, explorada pelo grupo em um disco de 1989. Dentre os standards do ‘Poeta do Bixiga’, que faria 100 anos em 2010, “Trem das Onze” surge vestida com um arranjo explicitamente nordestino, reprocessado a partir de suas raízes no samba paulista.
Jackson do Pandeiro, por outro lado, é figura assídua no repertório do Quinteto desde as primeiras gravações do grupo nos anos 70. “Jackson era um mestre na síncope, na forma de trabalhar o ritmo, de encontrar novos desdobramentos. O que o João Gilberto na bossa nova faz com o samba, Jackson fez com o coco, com o rojão, com o xaxado, que são derivações do baião”, observa Marcelo.
Dentre as músicas lançadas por Jackson do Pandeiro, o Quinteto mostra disposição para oxigenar canções exaustivamente interpretadas – como “O Canto da Ema”, que aparece em uma versão com dois violões e cantada com extrema suavidade por Dudu Alves. Faixas menos conhecidas também foram incluídas. “Ele Disse”, composta pelo pernambucano Edgar Ferreira e gravada por Jackson no ano da morte de Getúlio Vargas, ganhou um arranjo que ressalta o seu caráter político, expresso em versos como: “Para todo operário do Brasil / Ele disse uma frase que conforta / Quando a fome bater na vossa porta / O meu nome é capaz de vos unir / (…) Minha morte é bandeira da vitória / Deixo a vida pra entrar na história/ E ao ódio eu respondo com o perdão".
Serviço:
Projeto Adoniran com Quinteto Violado
Quinta-feira, dia 11 de agosto, 21h
Auditório Simón Bolívar
Ingressos: R$ 15,00 (meia: R$ 7,50)
Duração: 1 hora
Classificação etária: Livre
Bilheteria: 14h às 19h (dia 10) e a partir de 14h (dia 11)
Capacidade: 800 lugares. Acesso universal.
Estacionamento (Portão 15) s/ manobrista: R$ 10,00. Entrada/pedestres: Portão 13