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Em entrevista com a artista chilena Angie Saiz, foi possível conhecer um pouco mais do seu “Projeto Utopia”, obra com participação do público que está no Memorial – na mostra coletiva “Transfronteiras” – e também na Galería Callejera, no Chile. Esta obra pode ser montada em diversos lugares, o que permite – como na galeria Marta Traba – a integração com o público, convidado pelo texto “Utopia” a pensar em suas próprias ilusões. Fazendo ainda uma menção às tantas outras utopias, criadas 200 anos atrás nos países latino-americanos, que lutavam por suas independências e imaginavam grandes futuros (nem sempre alcançados) para seus países, a artista considera que sua obra é uma oportunidade de parar para pensar sobre todo esse processo e expressar quais são as atuais utopias.
Essas intervenções do público fazem com que o trabalho vá se realizando aos poucos e que a cada dia a obra se transforme em outra distinta. Há um grande rolo de papel laminado que permite intervenções mais imediatas e um livro para reflexões mais profundas; este livro irá depois para Santiago e Buenos Aires e em 2011 o Museu de Arte Contemporánea de Chile apresentará uma mostra com os resultados de uma parte do Projeto que Angie está produzindo durante sua estada no Brasil: uma série de gravações sobre as utopias dos brasileiros.
A artista nunca tinha participado de uma bienal – a mostra “Transfronteiras” faz parte do Pólo São Paulo de Arte Contemporânea, associação liderada pela Fundação Bienal que articula 28 instituições culturais paulistanas, entre elas o Memorial – e acha muito interessante que sua obra siga uma linha um pouco diferente da maioria dos trabalhos, que são feitos para serem contemplados, sem nenhuma interferência do público. Ela está muito admirada com o interesse dos visitantes da Galeria em participar de sua obra e já cogita comprar outro rolo prateado para que as pessoas continuem a saciar sua sede de entender de uma maneira participativa a arte contemporânea.
Este já é a terceira vez que Angie participa de exposições no Memorial da América Latina e esta muito feliz por “poder levar em sua obra uma parte do Brasil”, ao invés de só mostrar seu trabalho como das outras vezes. Também está feliz por poder ter interagido com tantos artistas de tão diferentes realidades e por trocar experiências. Angie Saiz acha fundamental o papel integrador que o Memorial realiza – principalmente dos artistas plásticos, por meio da Galeria Marta Traba – e já está pensando em projetos para o próximo ano.
Texto: Juliana Frutuoso
Fotos: Mônica Saraiva e Daniela Agostini