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São Paulo, 19 de novembro de 2009.
A uma semana de chegar aos 78 anos – no dia 26 – o argentino Adolfo Pérez Esquivel (foto) continua tão ativista quanto o era quando ganhou o Prêmio Nobel da Paz, em 1980. A missão que o trouxe ao Brasil na quarta-feira, 18, também é tão espinhosa quanto a que o levou a ganhar notoriedade mundial na luta contra a arbitrariedade dos ditadores da época no continente.
Sua missão: convencer a maioria dos países que compõem a Corte Internacional de Haia a criar um tribunal para denunciar e punir como de lesa-humanidade os crimes ambientais. No ato, realizado no Memorial da América Latina, Esquivel foi saudado pelo velho amigo José Gregori (na foto à direita, em primeiro plano), atual secretário especial de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo. O ex-ministro resgatou o episódio da prisão de Esquivel no Brasil, para onde veio logo em seguida à cerimônia do Prêmio Nobel.
O secretário Eduardo Jorge, (foto) do Verde e Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo, fez questão de anunciar oficialmente o seu apoio à causa e, foi além: disse que vai convocar seus colegas de mesmo cargo em todo o país a se engajarem na campanha. O secretário também insistiu na proposta de que Esquivel – até então reticente – vá pessoalmente à Conferência do Clima de Copenhague (COP-15), no mês que vem, para divulgar a campanha.
A platéia de adesão à causa lotou o auditório da Biblioteca Latino-Americana Victor Civita, que recebeu representantes dos mais diversos segmentos da sociedade organizada. Lá também esteve a atriz Bruna Lombardi (foto) que, a bordo de um minivestido e chapéu panamá, “roubou” a cena ao final da exposição de Esquivel.
Em acalorada manifestação de repúdio à crescente onda de desastres ecológicos que tem sido noticiada pela imprensa mundial, o Prêmio Nobel repetiu bordões do seu repertório, sempre pertinentes ao perfil das suas platéias. “A liberdade não se compra nem se vende”, disse entre aplausos. “Temos que lutar com coragem pelos nossos direitos e os das próximas gerações, para defendermos a sobrevivência do planeta”. Aqui, deu como exemplo o caso das mineradoras, “que consomem mais de um milhão e meio de litros de água por dia”.
A campanha pela criação da Corte Internacional do Meio Ambiente foi lançada em julho pela Academia de Ciências de Veneza, da qual Esquivel é presidente. Ele também é fundador e atual presidente do Serviço Paz e Justiça na América Latina, que organizou sua vinda ao Brasil, apoiado pelo Instituto de Cultura Democrática, representado por Antonio Carlos Malufe.
Antes da solenidade, Esquivel – arquiteto de formação e escultor por diletantismo – fez questão de visitar os espaços do Memorial da América Latina, que ainda não conhecia pessoalmente. Ciceroneado por Fernando Leça (foto acima, com o padre Rosalvo Salgueiro), mostrou-se impressionado com o conjunto arquitetônico e deteve-se com mais interesse no Pavilhão da Criatividade de Maureen Bisilliat (foto anterior), que surgiu da inspiração de Darcy Ribeiro.
Texto
Daniel Pereira
Fotos
Fábio Pagan