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São Paulo, 22 de dezembro de 2008.
A temporada 2008 do “Domingo no Memorial” foi encerrada em 21 de dezembro como não podia deixar de ser: com a chegada do Papai Noel, escoltado por uma troupe de pequenos dançarinos vestidos a caráter, claro. Os papais e mamães noéis chegaram tendo a frente um trole puxado por um cavalo. A turma deu a volta no conjunto arquitetônico, no que foi seguida pelas crianças que tomaram a Praça Cívica do Memorial.
Cerca de 5 mil pessoas, a maioria crianças, passaram pelo Memorial nesse Domingo. Elas ouviram histórias na biblioteca, desenharam e coloriram com giz de cera, subiram no caminhão de bombeiro, brincaram de pula-pula, de pimbolim humano, de escorregar, no castelinho inflável, de perna-de-pau, de bambolê, de bastão e fita, de regras de trânsito… Os mais velhos puderam medir a taxa de glicemia no sangue, promovida pela Associação de Diabetes Juvenil e visitar a exposição “Entre Oceanos – Cem anos de Aproximação Japão Brasil”, na Galeria Marta Traba.
A coreografia do grupo fantasiado de Papai Noel foi preparada pelo arte-educador Dudu Matos, professor de dança de rua. As crianças são da Comunidade Nelson Cruz, do Belenzinho. Participaram no total 31 dançarinos de 4 a 23 anos. Eles vestiam roupas natalinas cedidas pelo Centro de Referência da Ópera, mantido pela Associação São Pedro Pró Cultura Paulista.
Entre as crianças presentes no Domingo no Memorial, 975 vieram de abrigos e casas de apoio, como o Centro para Criança e Adolescente Pam – Heliópolis, Centro para Criança e Adolescente Jardim Maria Estela, Centro para Criança e Adolescente Lagoa, Centro para Criança e Adolescente Obra de Promoção Humana São Sebastião – OPHUSS São Sebastião, Associação Joaquina Ramalho e Centro para Criança, CCA Parceiros da Criança e Adolescente Cidade do Sol Imperador.
Foi uma oportunidade para essas pessoas, que precisam de apoio, curtirem o espírito natalino sem o aspecto comercial presente nos shoppings da cidade, por exemplo. No Memorial, além de brincarem, assistirem uma peça infantil e participarem de oficinas, elas – assim como todos os presentes – ganharam pipoca, algodão doce e sorvete a vontade.
A performance dos papais noéis colocou uma interrogação na cabeça dos pequenos: em uma pausa para desenhar e colorir, em volta de uma mesinha montada na biblioteca, Vitória (7 anos), Laís (8 anos), Gláucia (7 anos)- as 3 do Centro para Criança e Adolescente Lagoa – e Mariana (4 anos) conversavam:
– Esse não é o Papai Noel de verdade, o Papai Noel de verdade é gordo e esse é magrinho, disse Vitória.
– É – concordou Laís – além disso, o Papai Noel de verdade é branco e esse é moreno.
– A barba branca e comprida desse Papai Noel também não é de verdade, emendou Gláucia, visivelmente intrigada.
As três estavam pensativas, quando ouviram:
– Não é verdade que Papai Noel não existe? perguntou Mariana, encerrando o assunto Mariana.
Um dos bombeiros presentes, Wanderson, se virava para conter a meninada que subia no carro de bombeiro e depois queria descer fora da escada. “Quantos desses aqui não estão decidindo neste momento ser bombeiro quando crescer?”, se perguntava. Daniel, de 10 anos, que veio com a turma do São Sebastião, apressou-se em responder: “Eu sou um”.
Voltado para toda a família, o Domingo no Memorial é um projeto de lazer, cultura e cidadania organizado pelo Memorial da América Latina, com o patrocínio da Nossa Caixa. Em 3 edições em 2008, cerca de 25 mil pessoas foram beneficiadas. Em 2009, tem mais.
Por Eduardo Rascov
Fotos de Fábio Pagan