/governosp
Durante a 6ª Semana de Museus, o Memorial da América Latina organizou oficinas de xilogravura e monotipia que permitiram ao público presente uma maior interação com o meio artístico. Trazendo como pano de fundo o debate sobre a inclusão social através das artes, as oficinas tinham como objetivo demonstrar o caráter dinâmico que pode e deve ser atribuído a essas instituições.
Na tarde do dia 14, a artista plástica Alice Quadrado coordenou, no “Queijinho” do Memorial, o workshop que uniu xilogravura e literatura de cordel. “A idéia é aproximar os participantes da cultura popular nordestina através da gravura”, explica Alice. “Xilogravura é a técnica que utiliza a madeira como matriz e possibilita a reprodução da imagem entalhada inúmeras vezes no papel”, continua a artista.
Ela ainda lembra que os versos em folhetins – aqueles cantados pelos repentistas e vendidos nos mercados das cidades, e que hoje são conhecidos como literatura de cordel – vinham ilustrados com a técnica da xilogravura. Os trabalhos finalizados ficaram expostos em um varal lembrando a tradição popular.
No dia 15 foi a vez da artista plástica e educadora Ângela Barbour ministrar a oficina de monotipia. A técnica, como o próprio nome sugere, consiste em extrair de uma matriz de vidro ou placa de poliestireno (material impermeável) gravuras únicas. “É possível trabalhar a monotipia de diversas maneiras, podemos desenhar primeiramente na placa de vidro e depois estampá-la no papel ou então entintar toda a placa para depois com a mão e os dedos obter figuras novas”, relata a artista.
Outro ponto interessante que Barbour gosta de salientar é a proximidade que a técnica tem com o seu trabalho desenvolvido para portadores de deficiência visual. “Como utilizamos as costas do papel para desenhar e só temos a visão do todo no final da obra, ao levantar a folha papel da placa entintada, a monotipia pode ser considerada um desenho cego”.
Durante o curso, Barbour sugeriu que os alunos que produzissem um “caderno de artista” contendo ilustrações inspiradas nas paisagens projetadas por Niemeyer. Com a produção do caderno foi possível observar, quadro a quadro, o desdobramento da arte aprendida. Assim, ao final da tarde, cada participante pode levar para casa uma recordação da oficina além da experiência adquirida para aprimorar a técnica da monotipia.
Por Gabriela Mainardi
Veja como foi a abertura da Semana no Memorial
fotos por Fábio Pagan