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Quando se pensa em arte contemporânea, um elemento fundamental é a mistura de técnicas e linguagens. O movimento que se instaura é de pensar o objeto estético cada vez mais como resultado de um pensamento originado de uma reflexão que conjuga preocupações, assunto, materiais e técnicas.
Nesse aspecto, perceber o desenho presente numa obra plástica constitui a demarcação de um território em que existe a manifestação de um gesto da artista na maneira de desenvolver questões particulares da visualidade, como a linha, a mancha, a tonalidade, a cor e a tinta.
A importância do traço está nas circunstâncias que ele desvenda uma personalidade e aponta para realidades em nada óbvias. Uma figura deixa de ser a representação de uma imagem para ser o centro de uma discussão sobre o próprio sentido da arte em sua caminhada tênue entre ser autônoma ou dependente do mundo.
A Flora que aparece na obra de Maria Eugenia Cordero tem muito do ser mitológico que encarna a natureza, mas também das mulheres comuns em suas lidas com a maternidade e sexualidade. Seios e sexo à mostra indicam que a natureza dá à vida e o seu extermínio é uma morte, por ser real e simbólica, duplamente trágica.
Oscar D’Ambrosio