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A Fundação Memorial da América Latina participou do VII Encuentro Red de Centros Culturales de América y Europa, que se realizou na cidade de Maracaibo, “a terra do sol amada”, como ela é conhecida na Venezuela, nos dias 16 e 17 de outubro de 2008. O belo Centro de Artes de Maracaibo Lía Bermúdez, às margens do lago cujo nome batiza a cidade, foi o anfitrião. O tema da reunião de gestores culturais foi “Os centros culturais e a cidade”. As discussões procuraram analisar o papel dos centros culturais – que aglutinam, apóiam, produzem e promovem vários saberes (cinema, teatro, dança, literatura, artes plásticas, pesquisa, reflexão, discussão, embate teórico e divulgação científica de diversos campos das ciências humanas etc) – em um mundo no qual as fronteiras culturais estão sendo diluídas ao mesmo tempo em que a cultura regional é valorizada e preservada.
Além de artistas, intelectuais e gestores culturais, participaram do encontro dirigentes e representantes de importantes centros culturais da Europa e da América Latina, a saber: Instituto Ibero-americano de Berlim, Alemanha, Casa de América de Madri, Espanha, Fundação Casa de América de Gênova, Itália, Associação Cultural Peruana Britânica de Lima, Peru, Centro Colombo Americano de Medellín, Colômbia, Universidade de Concepción e Centro Cultural Estação Mapocho, ambos do Chile, Centro Cultural General San Martín, Centro Cultural da Pontifícia Universidade Católica, Centro Cultural Recto Ricardo Rojas e Ministério da Cultura do Governo da Cidade de Buenos Aires, sendo essas 4 últimas instituições argentinas, além dos já citados Memorial e do Centro de Artes de Maracaibo Lía Bermúdez (na foto acima, aparecem à direita, de camisa branca, Pablo Gutierrez Zaldivar (Argentina), seguido de Moira Delano (Chile), Alejandro Capato (Argentina), Nieves Cajal Santos (Espanha), Maria Victoria Alcaraz (Argentina), Wiebke Kunstreich (Alemanha), Maria Helena Herrera (Peru), Sofia Nougués (Argentina), Fernando Calvozo (Brasil), Isabel Haro (Peru) e Cecília Vázquez (Argentina)).
Já por sua natureza polivalente, os centros culturais desempenham uma função cada vez mais importante nas grandes cidades mundiais, como São Paulo. É para elas que levas de pessoas partem a procura de oportunidades materiais e intelectuais, para matar a fome de pão e a sede de espírito. Cabe ao gestor cultural responder parte dessa demanda. Foi o que destacou Fernando Calvozo (foto), diretor de atividades culturais do Memorial, em sua fala no VII Encuentro Red de Centros Culturales de América y Europa: “Nos últimos 3 anos, temos intensificado nossa atividade no sentido de intercâmbio, mesmo que ainda pequeno, com as entidades que atuam na área cultural, estabelecendo uma rede de convergências dessas ações, em benefício da comunidade latino-americana em nossos países. Esse 7º Encontro vem reformar esses laços ainda mais.”
O intercâmbio entre gestores de instituições que lidam com a questão da cultura é a razão de ser dessa Rede de Centros Culturais da América e da Europa, que surgiu em 2002, pela iniciativa da Casa de América de Madri. Desde então a ela se filiaram entidades de diversos países, como Bolívia, Costa Rica, Cuba, Equador, México, Panamá, República Dominicana, Uruguai, Estados Unidos, Porto Rico, Áustria, França, Inglaterra, Portugal e Suíça, além dos mencionados acima. Esses centros culturais trocam experiências e realizam projetos conjuntos, na medida do possível. O aumento da interação entre esses pólos de produção e difusão cultural é o desafio que se coloca à frente. Para mais informações consulte o site da rede www.rccae.com.
A Fundação Memorial da América Latina, por exemplo, realiza em conjunto com o Centro de Artes de Maracaibo Lía Bermúdez a Bienal Barro de América, que reúne artistas plásticos de todo o continente que usam a terra como material ou metáfora de sua obra. A última vez que a Bienal Barro de América veio ao Brasil foi em 2005, na Galeria Marta Traba, do Memorial. A edição de 2007 deixou de ser realizada por problemas de falta de verbas na Venezuela. Mas em seu discurso na abertura do VII Encuentro Red de Centros Culturales de América y Europa, a veterana e consagrada artista venezuelana Lía Bermúdez(foto acima), presidente do Centro de Arte Maracaibo Lía Bermúdez, garantiu que a bienal binacional Barro de América voltará a ser organizada em breve, para o que conta com o apoio oferecido pelo Memorial: "Vamos retomar a Bienal Barro de América em 2009, buscando parceiros que nos apóiem e participem, como é o caso do Memorial da América Latina de São Paulo".
O produtor cultural brasileiro Walter Malta levou ao evento sua experiência de coordenador nacional da Rede Cultural do Mercosul. Ele declarou à mídia local (jornal La Verdad) que leva propostas para concretizá-las no Brasil e ressaltou que temos alegria, criatividade e história para compartilhar.
Além de Madri, a primeira reunião, e Maracaibo, a última, sediaram encontros da Rede de Centros Culturais as cidades de Buenos Aires (Argentina), Cartagena de Índias (Colômbia), Santiago (Chile), Berlim (Alemanha) e Lima (Peru). A reunião de 2009 será na Itália. A Fundação Casa de América, de Gênova, ofereceu-se para organizar o evento. O tema a ser discutido foi definido pela Rede em Maracaibo: “Migração e Cultura na América e na Europa” e tem como eixos temáticos a “integração, diversidade, cooperação, interculturalidade, multiculturalidade e diálogo de culturas”. Para 2010, foi escolhido o Centro Cultural da Universidade Católica do Equador para receber os gestores da Rede.
Como diz a Carta Constitutiva da Rede, atualmente, a importância dos centros culturais se faz notar nos campos do respeito universal aos direitos humanos e da diversidade cultural (na foto acima, gestores culturais de vários países se confraternizam e posam para a posterioridade). São espaços abertos em permanente evolução, com ambientes adequados para o encontro entre cidadãos e artistas, lugares de diálogo, de criação e de convivência de todo tipo de manifestações culturais. Esses mecanismos de participação abertos a todos, ao lado da formação estrutural fornecido pela educação formal, na Era da Informação em que vivemos, se tornaram fundamentais para o fortalecimento da cidadania e democratização da sociedade.
Por Eduardo Rascov