O Memorial da América Latina, em parceria com o Consulado do Chile em São Paulo, recebe a partir de 5 de agosto a exposição Artesanato Tradicional dos Povos Originários do Chile, com curadoria de Juan Antonio Payne – Kura Ahtu – Nawe. A mostra propõe uma imersão sensível na riqueza simbólica, estética e cultural dos povos indígenas que habitam o território chileno e revela como o artesanato tradicional se entrelaça às cosmovisões, rituais e formas de vida desses povos.
Durante milênios, comunidades originárias desenvolveram peças como joias, roupas e utensílios como resposta às necessidades da vida cotidiana, mas, principalmente como expressão material de conhecimentos ancestrais e filosofias profundas sobre a relação entre o ser humano, a natureza e o universo. Mais do que simples objetos, essas produções mostram modos de existência, práticas espirituais, sistemas alimentares e saberes sociais que atravessam gerações.
“O principal objetivo desta exposição é valorizar a riqueza cultural dos povos originários do Chile através do seu artesanato tradicional. Busca-se criar uma conexão com o público que promova o respeito, a valorização do patrimônio indígena e o diálogo intercultural entre o Chile e o Brasil”, afirma a cônsul do Chile Vanessa Pohl.
No entanto, o século 20 trouxe desafios que fragilizaram essa continuidade: a substituição de peças tradicionais por objetos industrializados, a marginalização dos saberes indígenas e, mais recentemente, a crise ambiental e a precarização das matérias-primas, que dificultam a prática artesanal em muitos territórios. Ainda assim, a resistência persiste, muitas vezes na força de mestras e mestres que, por gerações, transmitem seus conhecimentos, mesmo diante da ameaça da padronização cultural e da mercantilização simbólica.
“A exposição revela com vigor o quanto os povos originários são portadores de uma inteligência sensível, capaz de transmitir a história de seus territórios com as mãos, os materiais e os símbolos. Essa mostra reafirma o Memorial da América Latina como espaço de diálogo entre culturas, saberes e temporalidades”, destaca Dr. Pedro Mastrobuono, Diretor-presidente da Fundação Memorial da América Latina.
A mostra convida o público a redescobrir a relevância do artesanato como linguagem ancestral, expressão de identidade e símbolo de resistência cultural. É, acima de tudo, uma forma de olharmos com respeito e escuta os saberes dos povos indígenas, heranças vivas de um patrimônio que se atualiza na força da tradição e na potência da criação.
Artesanato Tradicional dos Povos Originários do Chile
De 5 de agosto a 30 de setembro
De terça a domingo, das 10h às 17h
Espaço Gabriel García Márquez – Memorial da América Latina
Entrada gratuita
Realização: Consulado do Chile em São Paulo
Apoio: Memorial da América Latina