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São Paulo, 19 de março de 2009.
O show de Elba Ramalho dessa noite fechou uma data muito especial da Fundação Memorial da América Latina, em que se comemorou seus primeiros 20 anos de vida. Nem precisa dizer que o espetáculo da cantora nordestina esbanjou vitalidade e encheu de energia o público de 1600 pessoas e, por que não dizer, contagiou a alma deste complexo multicultural cuja missão é fomentar e divulgar as diversas manifestações culturais de todos os países que constituem a América Latina, do Rio Grande à Terra do Fogo.
Elba Ramalho está na estrada há mais tempo que o Memorial. Ela comemora 30 anos de cantora. No show fez uma pequena antologia de sua carreira. Começou de trás pra frente. Primeiro, as músicas de seu novo disco, surpreendentemente, muitas já na boca do púlbica; em seguida, visitou seus grandes sucessos. E dá-lhe baião, e dá-lhe xote. Por fim, recuou até o início da sua trajetória, quando fez dueto com Marieta Severo, em 1974, na peça “Ópera do Malandro”.
Mas o aniversário do Memorial começou logo cedo, com uma cerimônia de hasteamento de bandeiras dos países latino-americanos e de Portugal e Espanha, na entrada do Memorial (portão 1), da qual participou a maioria dos cônsules desses países. Em seguida, as autoridades, convidados e funcionários do Memorial caminharam pela Praça Cívica, onde fica a “Mão”, escultura de Oscar Niemeyer, e participaram de um café da manhã no Salão de Atos, ao lado dos painéis de Poty, Carybé e Cândido Portinari.
No final da tarde, foi a vez de recebermos a visita do ex-governador Orestes Quércia. Foi em sua gestão que o Memorial foi construído. Quércia relembrou o processo que resultou no convite a Oscar Niemeyer para projetar um marco arquitetônico em São Paulo que significasse um gesto do Brasil em direção aos seus co-irmãos da América Latina. “Como tivemos alguns problemas com arquitetos de São Paulo, pensamos em chamar Oscar Niemeyer, mas eu não o conhecia. Pedi ajuda ao Ulisses Guimarães (então presidente do PMDB), que também não o conhecia, mas indicou José Aparecido (ex-Ministro da Cultura do presidente Itamar), amigo de Niemeyer, para fazer a ponte entre nós. Na final da reunião que tivemos no Palácio dos Bandeirantes, Niemeyer disse que queria trabalhar com Darcy Ribeiro. Este por sua vez era ligado ao Leonel Brizola, mas aceitou de bom grado a missão”.
O presidente do Memorial Fernando Leça lembrou que à época o governador Quércia foi muito criticado pela forma escolhida para a construção do complexo arquitetônico. Diante de dificuldades burocráticas, Quércia teve uma atitude ousada: resolveu fazer um aditivo à obra já licenciada do Metrô Barra Funda. “Recordo que diante dos ataques a Quércia, eu que era de outro partido, ocupei a tribuna da Assembléia Legislativa, onde exercia meu mandado de deputado constituinte estadual, para afirmar que a magnitude do projeto do Memorial e sua importância história para São Paulo e o Brasil era muito mais importante que possíveis ilegalidades formais cometidas pelo governador”, contou Leça, que também fez questão de ressaltar o papel pioneiro de um grande latino-americanista brasileiro, um precursor do Memorial, o ex-governador André Franco Montoro.
Foi o vice-governador Alberto Goldmann, também presente à cerimônia representando o governador José Serra, quem resumiu bem aquele processo: “podemos dizer que Franco Montoro foi o inspirador do Memorial, Oscar Niemeyer seu arquiteto, Darcy Ribeiro o responsável pelo seu conceito e Orestes Quércia o executor”.
Além das autoridades citadas, vieram homenagear o Memorial várias personalidades públicas como Maria Helena Castro, Secretária de Estado da Educação; Mauro Arce, Secretário de Estado dos Transportes; José Henrique Reis Lobo, Secretário de Relações Institucionais do Estado de São Paulo e ex-presidente da Fundação Memorial da América Latina; Almino Afonso, membro do Conselho Curador da Fundação Memorial; Fábio Magalhães, ex-presidente do Memorial; Carlos Guilherme Mota, professor e historiador; João Batista de Andrade, cineasta; Wilma Mota, vice-presidente do Instituto Sérgio Mota; Alejandro Miguel, diretor da Repsol, empresa parceira da Cátedra Memorial da América Latina; Luís Miguel Delgado, cônsul da Venezuela em São Paulo; Maria Bonomi, artista plática; Jurandir Fernandes, diretor-presidente da Emplasa e Claury Alves dos Santos, Secretário Estadual de Esporte, Lazer e Turismo, entre muitos outros.
As comemorações foram encerradas com a exibição de um novo vídeo institucional sobre os 20 anos do Memorial e o show animado de Elba Ramalho. Na saída, o público ainda levou para casa de lembrancinha um bem-casado. As comemorações dos 20 anos do Memorial não param aqui. Acompanhe no site a programação especial de aniversário.
Por Eduardo Rascov
Fotos: Fábio Pagan
Memorial comemora 20 anos com cônsules e hasteamento de bandeiras