/governosp
A obra de Eduardo Rascov que será lançada nesta sexta, 24 de julho de 2009, pela Editora Terceira Margem, foi uma das ganhadoras do edital de apoio à publicação de livros inéditos do ProAC – Programa de Ação Cultural da Secretaria Estadual da Cultura de 2008
O livro "O Filósofo Voador" conta a história de Dover Tangará, uma vítima esquecida da repressão militar. Aos 20 anos era considerado o maior trapezista brasileiro, vivia nas alturas, tinha o mundo aos seus pés. Hoje, sobrevive com dificuldades. Para contar a história de vida desse personagem real, o autor, Eduardo Rascov, lança mão de recursos da ficção, cria personagens, dá tratamento romanceado à narrativa.
Apoiado pela Asfaci – Associação de Famílias e Artistas Circenses, "O Filósofo Voador" pode ser definido pela palavra "procura" – procura pela verdade do personagem Dover Tangará e procura pela boa forma de narrá-la. Rascov trabalha com dois tempos narrativos. O contemporâneo, no qual emergem os habitantes da urbe desprovidos de sorte, assistência do estado, da família, dos amigos. E a cidade de São Paulo, nua, crua, dura, inóspita. O segundo tempo narrativo é a infância e juventude de Dover Tangará, suas proezas no trapézio, aventuras e grandes feitos. Para isso o autor usa a técnica do “livro dentro do livro”.
Como definir "O Filósofo Voador"? A história gloriosa de um grande trapezista, Dover Tangará, talvez o maior que o Brasil já conheceu. Mas também a história de um homem com um destino insólito. Reportagem pura não é, pois foram criados personagens fictícios e cenas que ajudam a tornar a narração mais real, humana e intensa. Ficção pura também não é, pois lá estão homens verdadeiros, em situações verdadeiras, como Dover Marques Ribeiro, o editor Fernando Mangarielo (da editora Alfa & Ômega), os músicos Paulo Tatit e Sandra Peres, do selo Palavra Cantada, e um sem número de artistas do mundo do circo. É melhor chamar "O Filósofo Voador" de romance biográfico ou reportagem ficcional.
Dover Marques Ribeiro aprendeu a arte do trapézio desde pequeno, com seus irmãos. Ele pertence a uma tradicional família do circo brasileiro, os Tangarás. Debaixo da barriga invertida do circo, Dover Tangará desempenhou várias funções: acrobata, ginasta, trapezista, ator de circo-teatro, palhaço (Casquinha)…
Quando a Trupe Tangará estava no auge, no início da década de 70, um incidente mudou completamente a vida de Dover Tangará. Ele foi preso pela polícia política, em Curitiba. A acusação? Ter assinado no cartório de Porto Alegre um documento afirmando que Mirabel, o contorcionista do circo Águias de Ouro, era brasileiro e não argentino.
Esse simples falso testemunho fez com que Dover conhecesse um calabouço clandestino na capital do Paraná. Ninguém sabe por que ele foi parar lá. Retaliação à militância de sua irmã, Dirce Tangará Militello, que à época era diretora do Sindicato dos Artistas de São Paulo? Operação Condor, já que tratava de um argentino e de uma chilena? O certo é que logo após sair da prisão, Dover foi acometido de uma depressão muito forte, que o impediu de continuar trabalhando.
Tanto a irmã de Dover, Dirce Tangará Militello, quanto sua sobrinha, a atriz Vic Militello, escreveram livros autobiográficos. Nos dois, elas citam Dover Tangará como o “passarinho que não mais voou”, após a prisão em Curitiba. "O Filósofo Voador" é justamente uma resposta a essas obras, pois Dover afirma que voltou a voar nos trapézios, sim senhor, apesar da doença.
Narrado em 1ª pessoa, "O Filósofo Voador" conta o encontro do narrador com um homem sem-teto na rua João Moura, apelidada de Moira, em Pinheiros, São Paulo. Aos poucos, vencendo as barreiras sociais e tornando-se amigo do andarilho, o narrador descobre que aquele a quem ele chamava de filósofo era, na verdade, um grande trapezista do passado.
O narrador conhece Domitila, uma pós-graduanda da USP que estuda os homens da rua. Ela tem um filho de 5 anos chamado Davi. O narrador e Domitila têm um envolvimento. Ambos vão desvendando a história de Dover Tangará. Com ele, encontram outros artistas de circo, seus irmãos, as ex-mulheres de Dover, seu filho, Dover Júnior. Dá-se um mergulho neste universo fascinante, próximo da gente, mas tão desconhecido. No final do livro, o pequeno Davi se interessa pelas artes circenses, apontando para o futuro.
Atualmente, Dover Marques Ribeiro, o Tangará, aos 65 anos, continua em situação frágil. No ano passado, o Inamps negou aposentadoria por invalidez, em processo conduzido pelo Sindicato dos Artistas. Nos últimos meses, porém, ele encontrou o apoio da Asfaci (Associação de Famílias e Artistas Circenses), que o levou para Araraquara, onde tem participado de alguns projetos envolvendo memória e mostra circense. A Asfaci inclusive está pleiteando a revisão desse laudo médico. Na foto ao lado de 6 de junho de 2009 Dover está cantando durante o show "A Hora do Rádio", na III Mostra de Artes Circenses do Interior Paulista, em Araraquara. Em seguida, ele deve participar de algumas vivências no Ponto de Cultura da Asfaci em Campinas. Naturalmente, as atividades promovidas pela Asfaci, tem data para acabar, o que faz a pergunta retornar com mais força – para onde Dover Tangará irá?
Serviço:
Lançamento do livro "O Filósofo Voador", de Eduardo Rascov
Editora Terceira Margem, São Paulo, SP, 2009
160 páginas – R$ 30,00
Informações: 3823.4600
Bate papo com Dover Tangará e projeção de audiovisual
24 de julho de 2009, sexta, 19h
Foyer do Circo Roda Brasil/Memorial da América Latina
Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 Barra Funda
Portões 1, 5 e 6. Estacionamento: portão 4 (R$ 5,00)
Participação no lançamento: Grátis
21h: Espetáculo "Oceando", do Circo Roda Brasil, a R$ 10,00 o ingresso.
Mais informações e como adquirir o livro no blog:
http://eduardo.rascov.blogspot.com
Siga os sites www.twitter.com/hablamemorial e www.twitter.com/rascovianas
Apoio: Associação de Famílias e Artistas Circenses
PROJETO APOIADO PELO GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA – PROGRAMA DE AÇÃO CULTURAL