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O traço que se expressa na forma de desenho é uma marca digital do artista. Constitui um mecanismo dos mais delicados para um criador plástico deixar a sua assinatura do mundo. Trata-se de uma personalidade, um documento estético que revela uma maneira de conhecer visualmente a realidade.
Julia Vallejo Puszkin consegue justamente esse efeito ao construir suas imagens de folhas, árvores e mesclas entre seres humanos e elementos da natureza. Seja com tinta chinesa ou com grafite, atinge um resultado visual caracterizado pela delicadeza e pelas circunstâncias como utiliza o branco do papel.
Há uma forma bastante pessoal de lidar com os vazios e os cheios, sendo que os primeiros contribuem decisivamente para erguer um universo misterioso, quase fantástico de indagações. As perguntas passam a ocupar o espaço com os múltiplos caminhos possíveis de estabelecer elos entre as pessoas e os mais variados ambientes.
O grande ensinamento que os trabalhos trazem é a mistura de uma sutil ingenuidade com uma sabedoria adquirida pela prática constante. Desse processo difícil de concretizar, surge um rico universo visual que se distingue pela delicadeza, que gera deslumbramento poético e uma lírica poética muito pessoal.
Oscar D’Ambrosio