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São Paulo, 3 de agosto de 2009
O Memorial da América Latina se transformará num pequeno pedaço da Bolívia, nos dias 7, 8 e 9 de agosto. Para comemorar os 184 anos da independência desse país latino-americano – proclamada em 6 de agosto de 1825 – o Consulado da Bolívia traz para a Memorial um pouco dos costumes e festejos do país cujo nome homenageia Simón Bolívar, o libertador não só da Bolívia, mas também da Venezuela, Colômbia, Equador e Panamá.
São Paulo é um grande centro de bolivianos fora da Bolívia. Há gerações, trabalhadores do país vizinho ganham a sobrevivência no Brasil, trabalhando em confecções, vendendo roupas ou artesanato. Mais de 100 mil bolivianos vivem na cidade de São Paulo, muitos deles sem documentação ou registro. Para resolver esse problema, o governo boliviano instalou no Memorial um centro de documentação que foi apelidado de Poupatempo boliviano. Clique aqui para saber mais.
Haverá Diabladas, Morenadas, Sapateado, Caporales (dança jovem de origem africana) Tarqueadas (com flautas e bumbos típicos do altiplano), Thinkus (luta coreografada, que reverencia o plantio e a colheita), Kullawada (as dançarinas se apresentam com uma roca e festejam o fiar e a rica produção de tecido boliviana), dança com zampoñas (instrumento de sopro tradicional), todos com roupas características de sua região. Em todas as manifestações culturais bolivianas é evidente o sincretismo religioso, que mistura o cristianismo a ecos das culturas Inca e Aymara. Em algumas regiões a influência africana também é viva.
Diabladas são danças sincréticas que simbolizam a luta do Bem contra o Mal. Sua origem se deu entre os mineiros de Oruro. No séc. XVII, a produção de prata de Oruro era um importante elemento do sistema colonial espanhol. Mas seus trabalhadores viviam em péssimas condições, em buracos de quilômetros de extensão. Para se protegerem, invocavam a benção de uma divindade subterrânea. Não podiam chamá-la de “Deus”, pois ele habita os céus. Passaram então a chamá-lo de “El diablo”, cultuado até hoje pelos mineiros remanescentes.
No famoso Carnaval de Oruro, homens e mulheres fantasiam-se de “diabos”, com máscaras, chifres, capuz vermelho e saia, e executam coreografias que remetem à ancestral pugna contra os 7 pecados capitais. Quem os enfrenta são figuras angelicais. Esta festa será reproduzida em menor escala no Memorial.
Dança tradicional de origem africana cujos integrantes portam pesadas roupas coloridas, ornadas com pérolas, as Morenadas também são muito populares na Bolívia e podem se misturar às Diabladas. Seu ritmo tem a ver com a cadência das correntes que prendiam os escravos. Dá-se da seguinte forma: um grupo de pessoas comuns organiza-se e consegue padrinhos para ajudá-lo a obter tudo o que é necessário para a festa (roupas típicas, máscaras, matracas etc). Em troça, o grupo faz uma espécie de promessa, que deve se repetir por 3 anos: todos os participantes das Morenadas têm a obrigação de, no domingo de manhã, vestidos de traje social, apresentarem-se ao ar livre. É o que acontecerá neste domingo, no Memorial.
Ao som de grupos de música inspirados na tradição de várias regiões do país, estarão presentes as cores, a textura, os movimentos que enriquecem a cultura boliviana. Haverá barracas de comidas típicas – as deliciosas salteñas, empanadas e outros pratos tradicionais da culinária do país vizinho – e artesanato boliviano.
Na sexta-feira, 7 de agosto, às 19h, no Salão de Atos do Memorial, acontece a Vigília para as Virgens de Copacabana e Urkupiña. Nos dias 8 e 9, sábado e domingo, às 11h, haverá missa para a Virgem de Copacabana no mesmo local, seguida de procissão até a Praça Cívica do Memorial. A partir das 12h começa a apresentação de 16 grupos folclóricos, com 6500 participantes no total.
Venha conhecer um pouco mais do país vizinho e assistir a um belo espetáculo de cores e tradição para todas as idades. A entrada é franca.
Serviço:
II Festa Cultural e Religiosa da Comunidade Boliviana
sexta, 7 de agosto, às 19h
sábado e domingo, 8 e 9 de agosto, a partir das 10h
Praça Cívica – Memorial da América Latina
Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda (ao lado do metrô)
Entrada franca.
fotos: Léo Burgos