Confira a programação completa do festival
Para ver trechos das peças clique aqui.
Veja como foi a abertura do festival
O segundo dia do I Festival Ibero-Americano de Teatro de São Paulo atraiu centenas de pessoas ao Auditório Simón Bolívar, do Memorial da América Latina, nesse domingo, 2 de março. Eram principalmente jovens freqüentadores do circuito teatral alternativo de São Paulo, ávidos por conhecer a cena teatral de outros países. Havia também aqueles que raramente vão ao teatro. Eles até têm vontade, mas são poucos os que podem pagar o chamado “teatrão” ou, pior ainda, assistir os musicais ao estilo Broadway tão na moda (os ingressos vão de 60 a 200 reais!). A participação dessas pessoas no Festival alegra o Memorial, pois também é sua missão formar público para as manifestações artísticas latino-americanas.
O ambiente começou a se animar em frente ao auditório às 18h, com “Zacarias, um artista pirotécnico”, teatro de bolso da Troupe Drao. Às 18h40, no foyer do auditório, foi a vez da Cia. Promon Actor School apresentar um trecho rápido da “Ópera do Malandro”, de Chico Buarque. O clima estava preparado para o destaque da noite, a comédia musical “A Sessão da Tarde ou Você não soube me Amar”, da Cia de Teatro Rock.
E ela empolgou o público de tal maneira que por várias vezes viu irromper palmas de regozijo na platéia lotada. Trata-se da história de um grupo de jovens dos anos 80 que ensaiam e sonham em fazer sucesso com uma banda de rock nacional. O envolvimento emocional e os pares amorosos vão se sucedendo e evoluindo sempre através de músicas muito bem cantadas e dançadas por todo o elenco. E toma Lulu Santos, Kid Vinil, Blitz, Plebe Rude, Engenheiro do Avaí, Rita Lee, Supla, Rosana etc.
Um dos momentos altos do espetáculo foi quando a troupe contracenou com o clip “Beat it”, de Michael Jackson, projetado na parede (foto na página principal e ao lado). Mais anos 80 do que isso, impossível. Ao final, os trintões e quarentões saíam aos suspiros… “é da minha época” … “eu vivi isso”, entre nostálgicos e assustados ao perceberem que o período de sua juventude já estava sendo tratado como história.
No intervalo entre uma peça e outra, o público novamente fechou-se em roda em torno do teatro de bolso da Cia. Paulista de Repertório, que levou uma cena musical da peça “A cartomante”, de Machado de Assis. A performance de 10 minutos serviu de intervenção no burburinho que se formou no foyer, à espera do horário do próximo espetáculo, “Pentágono”, da Cia. Teatro de Aça, do Uruguai, na platéia B do Simón Bolívar.
Era uma peça de texto, intimista e densa, que exigiu esforço e silêncio total da platéia para compreender o idioma espanhol falado pelos atores. O texto bergmaniano de Dino Armas coloca-nos diante de um velho internato em um asilo. Cotidianamente o velho enfrenta uma enfermeira indiferente e mal humorada, até que ela sai de sua frieza e ele abranda sua rabugice. Nasce uma relação de improvável amizade, a partir da qual o velho repassa e resignifica a sua vida. A narração é pontuada pelo espectro de sua mulher, figura fantasmagórica que perambula pelo palco.
Nesta segunda, 3 de março, as atividades do Festival começam às 16h, com a mesa-redonda ”A expressão teatral contemporânea na América Latina e suas relações com o teatro da Península Ibérica”. Esse tema será discutido por Gloria Levy (Uruguai), Rui Madeira (Companhia Theatro de Braga, Portugal), Márcio Meirelles (Secretário de Cultura do Estado da Bahia), Eduardo Tolentino (diretor teatral paulista) e a Profa. Dra. Neyde Veneziano (Curadora do Festival).
Os destaques da noite ficam para as peças portuguesa e boliviana. A primeira, às 19h na platéia A, é uma montagem de um curioso texto de Leon Tosltói, “Babine, o Parvo”, um anti-herói desajeitado que tenta, mas não consegue fazer amizades e encontrar um lugar que o aceite em pleno Império Russo. Falado em português e russo, a Cia Teatro Art´Imagem da cidade do Porto, usa recursos multimídia como elementos narrativos. Em seguida, às 21h, na platéia B, será a vez da interessante montagem boliviana “Los excéntricos de la noche”, de Nicolás Dorr.
A entrada para todas as atividades do Festival é gratuita. Os ingressos podem ser retirados a partir das 14h na bilheteria do auditório Simón Bolívar.
Confira a programação completa do festival
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Veja como foi a abertura do festival
Bom espetáculo.
Fotos: Fábio Pagan