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A Fundação Memorial da América Latina inaugurou nessa segunda-feira, 9 de novembro, a exposição “França/Brasil Intercâmbio de ideais – Influências e confluências da arte e cultura francesas na arte brasileira”, com a presença de autoridades dos dois países, curadores, gestores culturais, artistas e o público em geral. Entre eles, destacam-se Sylvain Itté, cônsul geral da França em São Paulo, e sua esposa, Cristna Itté, Philippe Lecourtier, presidente do Conselho de Administração da Câmara do Comércio do Brasil na França e ex-embaixador da França no Brasil de 1995 a 2000), Francisco de Bas, chefe de atividades culturais do Instituto Cervantes, Lisbeth Rebollo Gonçalves, diretora do MAC- Museu de Arte Contemporâena da USP, Miguel Gutierrez, diretor financeiro da Pinacoteca do Estado e Ana Cristina Carvalho, curadora do Acervo Artístico Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo.
Estiveram também presentes os alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dr. Habib Carlos Kyrillos, do bairro de Cidade Ademar. Eles participam do EJA – Ensino de Jovens e Adultos. Vieram acompanhados de seus professores Sérgio (Artes), Patrícia (Português) e Marcelo (Matemática). Conforme explicou o professor Sérgio, “nesta exposição, os alunos aprenderam um pouco sobre a história do desenvolvimento da arte brasileira, do século XIX aos dias de hoje, e isso é muito importante para a cidadania”.
Em rápidas palavras, Fernando Leça, presidente do Memorial, agradeceu o empenho dos gestores das instituições parceiras (MAC-USP, Pinacote e Acervo dos Palácios) pela concretizaçao desta importante mostra da arte brasileira desde o final do século XIX. Pela primeira vez estão reunidas em um mesmo local obras valiosas e importantíssimas de diferentes entidades públicas. Leça lembrou que ao longo do ano de 2009 a cultura francesa teve as portas abertas no Memorial. “Recebemos a Escola Nacional de Circo francesa, seminários e exposições, porque temos consciência da vitalidade e relevância da cultura francesa para o Brasil e o mundo”.7
Sob curadoria de João Spinelli e em parceria com a Pinacoteca do Estado de São Paulo, o Museu de Arte Contemporânea de São Paulo e o Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo, a exposição faz parte do encerramento do Ano da França no Brasil com uma novidade: ao invés de franceses, apresenta artistas brasileiros que, de um forma ou de outra, trouxeram a cultura francesa para o nosso país. É uma oportunidade rara de ver reunida uma coleção de obras de importantes artistas brasileiros dispersa no tempo e no espaço. “São quadros que dificilmente saem de seus museus. Tivemos que insistir bastante”, diz o curador Spinelli, que privilegiou o período que vai das últimas décadas do séc. XIX à primeira metade do séc. XX.
Participam obras de 45 artistas brasileiros de várias gerações, cujas carreiras artísticas necessariamente passaram pela Republica Francesa, seja nos anos de formação, seja na fase madura. Entre eles, Almeida Jr, Antonio Dias, Benedito Calixto, Candido Portinari, Cícero Dias, Di Cavalcanti, Flávio Shiró, Ismael Neri, Livio Abramo, Lygia Clark, Sérvulo Esmeraldo, Tarsila do Amaral e Victor Brecheret.
Entre os destaques da mostra, Tarsila do Amaral em duas fases: “Estudo de nu” de sua fase pré-modernista (1921), que e encontra no gabinete do governador; e um dos quadros mais importantes da autora, “A Floresta”, óleo de sua fase de maturidade modernista (1929), que pertence ao MAC. Essa instituição também enviou, entre tantas outras obras, “Plano em superfícies moduladas nº 2”, criação de Lygia Clark de 1956 (tinta industrial sobre celotex, madeira e nulac). São da Pinacote a “Cascata do Votorantim”, valiosa pintura a óleo de Almeida Júnior, doada pela família Azevedo Marques em 1949; e a escultura sem titulo conhecida por “Tocadora de Guitarra”, que Victor Brecheret fez em 1923. Esses são apenas alguns dos destaques, mas toda a exposição é um verdadeiro passeio pela história das artes plásticas brasileira.
As paredes dos museus do Estado de São Paulo, bem como de seus palácios de Governo e das instituições públicas paulistas abrigam um amplo e diversificado acervo de arte. Atuando como verdadeiro mecenas da arte nacional, o Estado paulista compra, restaura, conserva, expõe e divulga obras dos principais artistas brasileiros. Profundo conhecedor desse acervo e da arte brasileira, o curador João Spinelli fez um recorte que evidencia o impacto da tradição francesa na produção brasileira.
Especialmente marcante nos primeiros anos do Brasil independente – quando a pintura acadêmica afirmava temas românticos e nacionalistas – essa influência francesa foi se transformando em um diálogo rico e promissor. Atualmente, Paris não é mais a mesma referência para os artistas brasileiros. Em tempos de arte globalizada, há vários centros em intercâmbio. Não é preciso mais passar por eixos como São Paulo/Paris. Há artistas brasileiros produzindo em Sergipe e em intercâmbio direto com galeristas de Berlim, por exemplo.
Mas nos séculos XVIII e XIX, a França era um centro irradiador de conhecimento, filosofia, literatura, ciência e tendências artísticas das mais importantes. Seus agentes culturais brandiam os valores da revolução francesa – liberdade, igualdade, fraternidade – e semeavam pelo mundo os direitos dos cidadãos. E a língua francesa era cultivada pela elite do mundo todo. Esse papel francês na cultura mundial entrou pelo século vinte, principalmente nas primeiras décadas, quando Paris abrigava as vanguardas artísticas que revolucionaram o modo de representar nossa época e a nós mesmos.
No Brasil, desde os tempos coloniais, a elite freqüentava o circuito Lisboa-Paris. Quando Dom João VI, fugindo de Napoleão, aportou por aqui com corte e tudo – primeiro em Salvador e depois no Rio de Janeiro – trouxe uns franceses com eles. Anos depois, o mesmo rei contratou oficialmente um punhado de artistas e iniciou o intercâmbio conhecido como Missão Francesa. Foram franceses os primeiros mestres da Academia Imperial de Belas Artes, do Rio de Janeiro. Um século depois, seriam principalmente franceses os professores que fundaram a Universidade de São Paulo, já na década de 30 do século XX.
Curador Spinelli fala sobre a influência francesa na arte brasileira
Artistas que participam da exposição:
Alípio Dutra Anna Letycia Quadros Antonio Bandeira
Antonio Carelli Antonio Dias Antônio Gomide
Antonio Parreiras Arthur Luis Piza Belmiro de Almeida
Benedito Calixto Bruno Giorgi Cândido Portinari
Carlos Oswald Carlos Scliar Celso Antonio
Cícero Dias Clóvis Graciano Dario Villares Barbosa
Décio Villares Di Cavalcanti Diogenes Campos Ayres
Eliseo Visconti Flávio Shiró Gastão Worms
Ismael Neri João Baptista da Costa Almeida Júnior
Livio Abramo Lucilio de Albuquerque Lygia Clark
Mario Gruber Mario Villares Barbosa Milton DaCosta
Noêmia Moacyr Mourão Oscar Pereira da Silva Victor Brecheret
Pedro Américo Poty Lazarotto Rosalvo Ribeiro
Samson Flexor Sergio Camargo Sérvulo Esmeraldo
Tarsila do Amaral Túlio Mugnaini Virgilio Maurício da Rocha
Mais detalhes sobre algumas obras da exposição
Fotos da abertura da exposição:
Serviço:
Exposição França/Brasil – Intercâmbio de ideais
influências e confluências da arte e cultura francesas na arte brasileira
Abertura: dia 09 de novembro ás 19h30
(na abertura, estacionamento gratuito pelo portão 6)
Período: 09 de novembro a 09 de dezembro
Horário: terça a domingo das 09h ás 18h
Entrada gratuita
Local: Galeria Marta Traba, Memorial da América Latina
(Acesso pelos portões 1 e 5)
Endereço: Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda
(ao lado da estação Barra Funda do metrô)
Estacionamento: R$ 10,00 – acesso pelo portão 8
Créditos das obras na ordem que aparecem:
Obra primeira página: (João Baptista da Costa)
Obra 2: Mario Villares Barbosa
Obra 3: Benedito Calixto
Obra 4: Ismael Neri
Obra 5: Di Cavalcanti
Obra 6: Cícero Dias
Obra 7: Candido Portinari
Obra 8: Lygia Clark
Obra 9: Victor Brecheret