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A exposição “Mapuche: Povo e Cultura Viva” e traz artigos da prataria tradicional, arte têxtil e fotografias históricas e atuais do povo mapuche, que habita o sul do Chile. A entrada é franca e a mostra fica em cartaz até dia 12 de outubro, no Pavilhão da Criatividade,
Os Mapuche, gente da terra (mapu: terra, che: gente), conservam até o dia de hoje não só sua língua- mapudungun – , mas também suas crenças e ritos, apesar de terem sofrido as conseqüências da chamada “pacificação da Araucania” por parte do Estado Chileno em fins do século XIX , logo após 300 anos de resistência que significaram o apogeu social, político e econômico deste povo.
Quando nos referimos à arte e ao artesanato do povo Mapuche, que incluem objetos com desenhos cheios de simbologia, sua finalidade vai muito além do uso utilitário, são estes a expressão mesma da sua vida e sua cultura, dos aspectos ideológicos e da organização social da sua relação com outros povos e com seu universo.
Na atualidade, a população mapuche é de 604.349 pessoas (censo 2002) que representam 87% da população indígena de nosso país,situando-se, na sua grande maioria nas regiões de El Biobío, de La Araucanía, de Los Ríos e de Los Lagos, e uma grande porcentagem vive na região metropolitana de Santiago. Deste total, 30% aproximadamente encontra-se abaixo da linha de pobreza, fato que levou o Estado a implementar políticas de uma maior inversão para enfrentar os problemas da desigualdade social e econômica e da discriminação em que vivem as comunidades e famílias mapuche.
Esta exposição representa a perseverança de um povo por manter e fazer visível (projetar) sua cultura. Da mesma forma, é reflexo do trabalho conjunto de faculdades, acadêmicos mapuche, artesãos, cultivadores da poesia e música mapuche para a divulgação da arte, sabedoria e os conhecimentos deste povo, que, junto aos outros povos indígenas, outorgam ao Chile uma identidade multicultural.
Arte Têxtil
A tradição têxtil e a arte do tecido mapuche destacam-se por constituir um âmbito privilegiado onde se reproduzem valores culturais e estéticos específicos. Qualquer peça têxtil forma parte de um meio artístico imprescindível na apresentação de uma identidade cultural mapuche. Toda peça tecida, por uma especialista, chamada düwekafe, forma parte de uma poderosa rede de relações sociais e simbólicas que fazem possível a vigência de uma cultura.
Assim, um makuño ou uma iküla cobre o corpo de um homem ou de uma mulher num gesto e numa ação estética, convertendo o tecido em um objeto que trabalha fundamentalmente como um diferenciador cultural. No mundo mapuche, os têxteis são artefatos para adornos, criados e produzidos para a ostentação e o luxo.
Prataria
A prataria mapuche é uma das expressões mais características do desenvolvimento da sociedade mapuche e expressão concreta da sua filosofia e da sua espiritualidade em estreita relação com a natureza, e ao mesmo tempo, afirmação de opulência, demonstrativa de sua riqueza econômica de uma época de apogeu ,na qual, a mulher jogou um papel fundamental e determinante, como possuidora da continuidade e da fecundidade da vida, num plano de igualdade.
As formas, os desenhos, as incisões da prataria mapuche demonstram a fineza e a maestria de seus cultores: Os Rëtrafe são a conjugação da sabedoria e o conhecimento de um povo expressado na construção das jóias.
A fotografia chilena sobre o povo Mapuche 1880 – 1915
Desde a chegada dos espanhóis e até meados do século XIX, os mapuches foram estereotipados pela sociedade chilena como gente que vivia permanentemente armada, defendendo sua liberdade, como guerreiros invencíveis, símbolo de valentia e heroísmo. Com a derrota dos espanhóis e a independência do Chile, começa a tomar forma um novo estereótipo, que deslocou completamente o anterior, a partir da década de 50 desse século. Neste novo discurso o estereótipo mostra a um “araucano” que já não realiza ações valentes, senão brutais; já não estamos frente a guerreiros, senão a bandidos. A mudança, na forma de ver e caracterizar ao indígena, tem sua origem na crise em que viveu o país nesta década, e que motivou o interesse de certos grupos econômicos em ocupar o território mapuche com a finalidade de incorporar espaços para a agricultura, especialmente, o trigo para a exportação.
Fotografia contemporânea
Refletir a ocupação do povo mapuche e sua condição atual é o objetivo da mostra de fotografia contemporânea, a qual, com contribuições de fotógrafos da região da Araucania, resume por meio da imagem e da cor a vida cotidiana deste povo indígena do sul do Chile.
Esta mostra evidência a riqueza cultural atual do povo mapuche, sua arte, sua cosmovisão, sua organização social, sua atividade econômica e o lugar onde moram.
Mapuche: Povo e Cultura Viva
De 28 de agosto a 28 de outubro
Horário de funcionamento: 9h às 18h, de terça a domingo
Entrada franca (portão 12)
Memorial da América Latina – Pavilhão da Criatividade
Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda (ao lado do metrô)
Telefone: (11) 3823-4600