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A destruição da natureza é a principal preocupação das pinturas de Ester Santiago. Isso não é feito, porém, com desespero apenas. Existe uma posição construtiva, marcada pela esperança de uma folha que nasce de um tronco. Do mesmo modo, as linhas das colinas no fundo do quadro apontam para altos e baixos da vida.
Existe um mistério no quadro que propicia o estabelecer de uma atmosfera plena de visões de futuro. A natureza, por mais violências que sofra, parece estar sempre pronta a renascer. Essa mensagem vale para arte, pois ela tem a capacidade de ressurgir por menos que o mundo possa às vezes parecer ter condições de abrigá-la.
Em outra obra, Ester revela seu humor ao tratar da mesma questão do desmatamento das florestas. O pássaro que se refugia num banheiro faz rir, mas também obriga a pensar para onde a humanidade caminha ao sequer respeitar a liberdade de uma ave viver em seu habitat.
Essa curiosa relação entre a denúncia mais explícita e a ironia sutil dá para a pintura da artista argentina uma original dimensão de seu próprio fazer e pensar. Criticar com contundência ou de maneira mais refinada constituem facetas do desenvolvimento de uma obra visual paulatinamente cada vez mais sólida.
Oscar D’Ambrosio