Lançamento duplo será realizado na Biblioteca Latino-Americana, às 15h, e inclui os romances 98 segundos sem sombra, da boliviana Giovanna Rivero, expoente do gótico andino, e Luminol, obra de estreia da brasileira Carla Piazzi
Duas obras da literatura contemporânea latino-americana serão lançadas no Memorial da América Latina. Os romances 98 segundos sem sombra, quarto do gênero escrito pela boliviana Giovanna Rivero, e Luminol, obra de estreia da autora goiana Carla Piazzi, serão protagonistas no evento de lançamento da Editora Incompleta, a ser realizado no próximo sábado (24/06), às 15h, no auditório da Biblioteca Latino-Americana do Memorial da América Latina.
O evento será realizado em formato híbrido, com a presença on-line da autora boliviana Giovanna Rivero, que falará sobre sua obra ao vivo com o público participante. A autora é considerada uma das grandes expoentes do gótico andino, movimento evidenciado pelo mercado editorial em que autores contemporâneos se valem do realismo mágico e do terror para trazer à tona questões que assombram a vida dos latino-americanos na atualidade.
Fisicamente, estarão presentes no evento a tradutora de 98 segundos sem sombra Raquel Dommarco Pedrão, a psicóloga e professora de literatura Tatiana Mascarenhas, responsável pelo Instagram Literário @nacontracapa, e a jornalista Bárbara Krauss, responsável pelo projeto literário B de Barbárie, que funciona tanto no Instagram como no YouTube.
No lançamento, os participantes poderão adquirir exemplares dos livros em questão, além de debater com as participantes dentro de uma conversa sobre literatura, o gênero do diário (presente em ambos os livros) e a autoria contemporânea e latino-americana.
A escritora boliviana Giovanna Rivero vai participar do debate no Memorial.
Sobre as obras
No romance de formação 98 segundos sem sombra, os valores rígidos do catolicismo, tão arraigados em nosso continente, colidem com o misticismo popular que Genoveva Bravo Genovés, adolescente moradora de Therox, lugar fictício dentro de um país real, vivencia em casa ao lado da cálida e colorida figura da avó.
A distância no tempo e espaço (estamos em meados dos anos 1980) em nenhum momento afasta Genoveva de nós. Pelo contrário, seu crescimento ao longo do romance nos parece tão íntimo, sua dimensão humana tão visceral, que nos tornamos mais do que testemunhas de sua história; enquanto nossa heroína-narradora escreve em um diário os pensamentos e até as maldades próprias da soberba juvenil, nos tornamos seus confidentes, uma espécie de diário-leitor (ou leitor-diário), capazes de entrever suas incoerências, falhas de julgamento, as mentiras que conta a si mesma, mas também sua ternura e, acima de tudo, a vontade de alçar voos maiores, muito maiores do que a pequena Therox pode oferecer.
Já Luminol poderia ser pensado como um luto labiríntico, uma perspectiva inusitada do século 20 em diário, um romance detetivesco e polifônico cujas substâncias são o amor e a morte. As três narradoras das três partes do livro podem ser concebidas como uma criatura tricéfala saída de um bestiário, que busca lidar – numa mistura volátil de sedução e repulsa, mas nunca indiferença – com retratos íntimos, ancestralidades e paisagens sociais do Brasil. Embora expressivo, nada disso encerraria a trama ou desvendaria sua arquitetura profunda, uma estrutura constituída por heranças, duplicações e espelhamentos, onde números e datas se organizam sob uma lógica própria.
O caráter enciclopédico e dilatado da prosa de Carla Piazzi é tramado sob os signos da penumbra, do hibridismo e da fragmentação. Nesse percurso circular aparecem lendas, história e filosofia. Somos leitores-intrusos numa intimidade ora dolorida, ora bem-humorada, onde convivem vigília e fantasmagoria, violência e ternura, exílio e pertencimento, apego e abandono, o luto e a criação.
Sobre as participantes
Giovanna Rivero (Montero, Bolívia) é autora do 98 segundos sem sombra e de mais de uma dezena de livros, escritora premiada e doutora em literatura hispano-americana pela Universidade da Flórida. Giovanna foi professora de semiótica e jornalismo por muitos anos na Universidade Privada de Santa Cruz de la Sierra.
Giovanna Rivero. Autora do livro 98 segundos sem sombra. Foto: Irene Antúnez
Raquel Dommarco Pedrão (Santo André, SP) é tradutora do “98 segundos sem sombra”, bacharel em Letras pela Universidade de São Paulo, mestre em Cultura Contemporânea pela Universidad Complutense de Madrid e pela Fundación José Ortega y Gasset e organizadora e tradutora da revista literária Puñado.
Tatiana Mascarenhas é psicóloga, historiadora de formação e professora de literatura. Ama e pesquisa a literatura latino-americana, especialmente aquela que discute as questões ligadas à transmissão de memórias familiares e às ditaduras. Desde 2019, fala de literatura no perfil @nacontracapa.
Bárbara Krauss é jornalista formada pela UMESP e responsável pelo B de Barbárie, espaço de divulgação cultural e narrativas políticas nas plataformas YouTube e Instagram.
Sobre a editora
A Incompleta se norteia pela pesquisa de histórias e autores instigantes, entendendo o risco e a aposta em vozes contemporâneas diversas como um papel fundamental – ao mesmo tempo compromisso e desafio – de uma editora independente. Busca compor seu catálogo com livros e revistas literários que estimulem inventividade nas relações entre texto, imagem e design, com especial apreço por obras latino-americanas.
Serviço
Lançamento dos livros 98 segundos sem sombra e Luminol
Data: sábado (24/06)
Horário: das 15h às 17h
Endereço: Auditório da Biblioteca Latino-Americana. Rua Tagipurus, nº 500. Próximo à estação Barra Funda de metrô (linha vermelha), CPTM e rodoviária.
Entrada Gratuita
Fotos: divulgação
