/governosp
O primeiro elemento que chama a atenção na obra de Guido Bogetti é a força da expressão de seus personagens. Trata-se de uma conquista atingida pela maneira como lida com diversos recursos plásticos, principalmente a cor. Os personagens se relacionam com o ambiente numa lírica que ganha o espaço da tela.
A forma de construir as relações entre as figuras humanas e o solo permite a criação de atmosferas marcadas pelo sofrimento. É o próprio homem que maltrata a natureza e, engolido, por ela, começa a se perder num beco sem saída, num mergulho caótico que anuncia um futuro talvez desesperador.
A paisagem estabelecida remete a visões distópicas da literatura e das artes plásticas, dentro de uma concepção de mundo em que não são vistas possibilidades alternativas, cabe ao homem contemplar com horror ou agir com vigor – e a pintura é uma forma de instaurar essa denúncia.
A utilização de cores como o azul e o amarelo, que podem gerar imagens que se distinguem pela alegria do existir, ganha em Bogetti uma dimensão dramática. Surge assim um fazer em que a principal marca é uma dramaticidade construída plasticamente para expor uma reflexão no observador sobre o futuro da humanidade.
Oscar D’Ambrosio