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ANIMA MUNDI 2006
14º Festival Internacional de Animação
Mostras de cinema e vídeo, Papo Animado, palestras, workshop, Anima Forum, Anima Expo, oficinas de pixilation, recortes, zootrópio, animação na película, desenho animado, massinha e areia. Pela segunda vez consecutiva, a Fundação Memorial da América Latina recebe o festival Anima Mundi, com o melhor da animação mundial. Entre 26 e 30 de julho, as dependências do Auditório Simón Bolívar vão ferver de entusiastas da linguagem artística que mais cresce na atualidade. Os fãs da animação terão acesso a nada menos que 433 filmes dos mais variados formatos e técnicas, representando 40 países diferentes. Cinco convidados internacionais vão dividir sua paixão e conhecimento pela arte animada com o público. A produtora convidada desse ano é a TV PinGuim, uma das mais sólidas empresas de animação estabelecidas no mercado brasileiro.
No Memorial, o Anima Mundi usa 3 salas de exibição, o foyer e uma imensa área coberta em frente ao Simón Bolívar. O espaço é um complexo de “tendas” translúcidas que à noite recebe iluminação colorida, conferindo um ar festivo ao conjunto. Ao final das sessões, o público das 3 salas converge para esse local, onde se desenvolvem as oficinas de animação e uma extensa feira de produtos relacionados à arte da animação. A mesma estrutura foi usada pelo recém terminado (10 a 16 de julho) 1º Festival de Cinema Latino Americano de São Paulo.
Apostas
Levando adiante seu projeto de ser mais do que um mero festival, o Anima Mundi 2006 se consolida como uma ferramenta de estímulo à produção de animação no Brasil.
Desde que foi criado, em 1993, o Anima Mundi não se limitou à exibição de filmes, desempenhando um papel fundamental no estímulo à atividade e contribuindo para a formação de platéias e de novos profissionais. O próximo passo, acreditam os diretores, é fomentar o mercado da animação brasileira, que tem um vasto campo de trabalho a ser explorado na publicidade, nas séries para TV, nos trabalhos institucionais, no cinema e, é claro, nos novos meios de difusão, como a Internet e a telefonia móvel.
“O festival nasceu com a proposta de se tornar um evento polarizador, que fizesse o possível para promover a animação. Ao longo dos anos evoluiu nessa proposta e, agora, pretende avançar ainda mais nesse sentido, trazendo discussões sobre política de produção e financiamento”, diz César Coelho, um dos criadores do Festival. “Num primeiro momento, nosso foco foi a formação de público. Depois, investimos na formação e na educação de animadores. Agora, chegou o momento de apostar na formação do mercado. Existe uma grande demanda por conteúdo e um grande número de profissionais prontos para produzir esse conteúdo, só falta construir a ponte entre eles”, completa Aida Queiroz, também fundadora do Anima Mundi.
Por isso, uma das seções fundamentais do Anima Mundi 2006 será a Anima Expo, iniciativa que começou há três anos, em São Paulo, e que agora se expande. O objetivo da Anima Expo é se tornar um espaço dedicado à apresentação das mais recentes tendências mercadológicas da animação. O público vai encontrar estandes de empresas do ramo, exposição de softwares e uma praça de alimentação. Encontros e debates apontarão as possibilidades de expansão e os problemas do mercado, divulgarão as principais fontes de insumos e financiamentos e debaterão o aperfeiçoamento de mão de obra. Também serão discutidos quais são os estímulos necessários para aumentar a produção de filmes animados no Brasil.
Fortalecendo ainda mais essa proposta, o Anima Mundi promove também o Anima Fórum e o Fórum Brasil, que reunirão as entidades representativas da atividade e servirão como uma prévia para a realização de um grande congresso de animação no país.
Mas é claro que o festival não perderá o foco em suas seções já testadas e consagradas, apresentando o melhor da animação com filmes e artistas premiados, divulgando a história e as técnicas da animação nos Papos Animados, no Estúdio Aberto e nas oficinas, e promovendo o ensino no projeto Anima Escola.
Vinheta
Depois do imenso sucesso da personagem Berry, a gordinha criada pela animadora britânica Joanna Quinn, que encantou a platéia na vinheta do Anima Mundi do ano passado, o festival traz como estrela o personagem Cão de Guarda (Guard Dog), criado pelo americano Bill Plympton, que aparece no cartaz e na vinheta do festival.
Plympton, aliás, participa da mostra competitiva com seu mais novo curta-metragem, “Guide Dog”, estrelado pelo mesmo personagem. E Berry também reaparece, agora no mais novo curta de Joanna Quinn, “Dreams and Desires – Family Ties”, um dos grandes vencedores do último Festival de Annecy, na França, onde levou o Prêmio Especial do Júri, o prêmio do público e o prêmio da crítica internacional (Fipresci).
Os filmes
Os organizadores do Anima Mundi assistiram a 1.270 filmes para fazer a seleção desse ano. Foram escolhidas obras de 40 países diferentes, três deles participando pela primeira vez (Casaquistão, Ilha de Man e Panamá). Como nas últimas edições, a opção foi por uma mostra mais enxuta e representativa, com 433 filmes (no passado, o festival já chegou a apresentar cerca de 600), o que permite uma seleção mais rigorosa e dá à platéia mais chances de ver os trabalhos.
Os organizadores puderam observar algumas tendências gerais que se refletem na seleção final: temas políticos atuais como o terrorismo, a guerra e a imigração, bem como assuntos de profunda relevância social, em torno de questôes polêmicas como o abuso e a exploração de crianças, aparecem em filmes contundentes, tanto na competição como no panorama.
A produção francesa “Flesh”, de Edouard Salier, por exemplo, evoca diretamente os ataques terroristas que atingiram Nova York há cinco anos, em setembro de 2001. Os arranha-céus da cidade são cobertos por imagens eróticas atingidas em cheio por dezenas de aviões. Terrorismo, guerra, paranóia e imigração ganham interpretações variadas em filmes como “Infinite Justice” (Alemanha), “The Man Who Walked Between the Towers” (EUA), “Le bon roi” e “Vos papiers!” (França), “Soldat” (Croácia), “Hold the Line” (Holanda) e “Black Pig, White Pig” (China).
Miséria, violência, relações entre Primeiro e Terceiro Mundo e a exploração infantil se sobressaem em títulos como “Wojna” (Polônia) – sobre uma escola atingida por balas perdidas –, “Pax” e “Ziriguidum” (Brasil), “A Good Boy – A Story of Pedophilia” (Filipinas), “L’époque” (França), “Cafard” (França) e “John and Michael” (Canadá).
Em relação às técnicas, o uso da animação computadorizada continua predominando, às vezes de forma extremamente original como no filme “Apple on a Tree” (Alemanha), em que todos os elementos (personagens, cenários, adereços) são humanos. Mas as técnicas mais tradicionais não perderam espaço, como em “História Trágica com Final Feliz”, da portuguesa Regina Pessoa, que trabalha com animação em gravura sobre gesso (e que levou o prêmio principal do último Festival de Annecy, na França).
14º Festival Internacional de Animação
ANIMA MUNDI 2006
Período: 26 a 30 de julho
Local: Auditório Simón Bolívar