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"Jogos de Guerra" é o mote da exposição que a Galeria Marta Traba inaugura em 6 de março, com a participação de artistas de gerações diferentes. A mostra reúne cerca de 40 dos maiores nomes da arte contemporânea brasileira para falar de confronto e alteridade, entre eles, Nelson Leirner, Cildo Meireles, Regina Silveira, Adriana Varejão, Daniel Senise, Nuno Ramos, Carlos Vergara, Marcos Chaves, Dias & Riedweg, Leo Ayres, Felipe Barbosa, Nino Cais, Walton Hoffmann, Rafael Assef e Fernanda Figueiredo & Eduardo Mattos, entre outros. Também estarão presentes fotografas da importante obra “Desenhando terços”, de Márcia X, já falecida.
Na abertura, no sábado, a partir das 16h, Gabriela Mureb, Márcio Banfi e o Coletivo Filé de Peixe apresentarão performances. Antes disso, porém, está programado um debate às 15h30 com curadoria e artistas participantes. Mediação do jornalista e crítico de arte Mario Gioia.
Com a curadoria de Daniela Name, "Jogos de guerra – Confrontos e convergências na arte contemporânea brasileira" aborda o tema no sentido amplo: "Abri o conceito de jogo e o conceito de guerra. Guerra não é só a do Iraque, Malvinas ou Vietnã. Tem a guerra às drogas. Tem a guerra no casamento, no futebol. Às vezes a gente é o opositor da gente mesmo, o nosso próprio inimigo, no pesadelo, na fantasia, no recalque. E o artista muitas vezes tem na obra, não um rival, mas um Outro que o está testando toda hora", explica a curadora.
"Jogos de Guerra" nasceu como um projeto do jovem artista carioca Leo Ayres, foi ampliado pela cudadora e realizado pela Coletiva Projetos Culturais. A mostra fala do confronto diante do outro e da diferença em vários aspectos, mas, segundo Daniela Name, "não trata somente de forças antagônicas. Se você tem o confronto, você tem a convergência também. Muitas vezes vem o atrito e depois a solução".
Daniela Name é carioca. Curadora, crítica de arte e jornalista, foi repórter especializada em artes visuais e literatura do jornal O Globo por dez anos. É professora de História da Arte da Escola de Artes Visuais do Parque Lage e da Universidade Candido Mendes. Mestranda em História e Crítica da Arte da Escola de Belas Artes da UFRJ, foi curadora ajunta da exposição “Onde está você, Geração 80?” (Centro Cultural Banco do Brasil/RJ, 2004) e curadora da exposição “Diálogo concreto – Design e construtivismo no Brasil” (Caixa Cultural, Rio/SP, 2008/2009). É autora do livro “Espelho do Brasil – A arte popular vista por seus criadores” (Casa da Palavra, 2008).
A mostra foi dividida em 7 segmentos temáticos:
1)Estratégias e quintais, que abre a exposição, apresenta o conflito no terreno
simbólico, presente em jogos como o xadrez e o futebol, nas brincadeiras infantis e em
expressões corriqueiras como “pisar em ovos”.
2) Homens às armas mostra a guerra propriamente dita, com as contradições das Forças
Armadas e o avanço em massa sobre os “inimigos”.
3) Urna, sangue e terço aborda as questões raciais, o totalitarismo político e a religião
4) Guerra global e econômica fala da luta por dinheiro, poder e territórios.
5) Pulando o muro: a cidade apresenta o conflito entre a individualidade e a massa nas
grandes metrópoles. A violência e o caos urbanos também estão presentes.
6) Pesadelos domésticos e batalhas íntimas reúne obras que falam sobre violência
familiar, o casamento, disputas afetivas e também a briga de seus indivíduos com seus
próprios fantasmas – drogas, recalques, traumas, frustrações.
7) Arte contra a arte mostra o duelo do artista com sua obra
“Jogos de guerra” vai surpreender o público com as muitas abordagens possíveis para o conflito. Daniel Senise está preparando uma obra inédita para a exposição, enquanto Regina Silveira e Cildo Meireles participação com clássicos de sua trajetória: “Encuentro” (1991) e “Zero Cruzeiro/Zero Dólar” (1970). Nelson Leirner vai remontar sua magistral instalação “A Lot(e)”, que mistura figuras religiosas, animais e personagens pop de desenhos animados em uma área de 30 metros quadrados. A obra de Adriana Varejão será vista através de um trabalho pouco conhecido, mas coerente com a trajetória da artista: a foto “Contingente”.
A guerra nos campos de futebol, simbólica, vai ser abordada por Raul Mourão em sua escultura “O campo todo fraturado”, enquanto Márcia X discute questões religiosas e sexuais em “Desenhando com terços”. Rosana Palazyan apresenta a tocante “Love Story II”, uma fita bordada que, a despeito de sua aparência sutil e rósea, revela a crueza da violência doméstica.
Marcos Chaves remonta um trabalho dos anos 1980, o belo "Hommage aux Mariage".
Jovens artistas também comparecem com trabalhos muito potentes: Felipe Barbosa apresenta seu “Homem bomba”, enquanto Leo Ayres desvenda os bastidores da Academia Militar das Agulhas Negras com o vídeo “Operação camuflagem” e a série de fotos “Together, feeling lonely”.
Lista completa dos participantes:
Adriana Varejão – Alexandre Vogler – Bete Esteves – Bruno Vilela – Cadu Costa – Carlos Vergara – Cildo Meireles – Cinthia Marcelle – Coletivo Filé de Peixe – Daniel Senise – Dias & Riedweg – Felipe Barbosa – Felipe Bravo – Fernanda Figueiredo & Eduardo Mattos – Gabriela Mureb – Geraldo Marcolini – Gisela Milman – Guga Ferraz – José Rufino – JoséTannuri – Júlia Debasse – Laerte Ramos – Laura Lima – Lenora de Barros – Leo Ayres – Luciano Figueiredo – Luiz Pizarro – Marcelo Amorim – Marcelo Cidade – Marcelo Gandhi – Márcia X – Márcio Banfi – Marcos Chaves – Nazareno – Nelson Leirner – Nino Cais -Nuno Ramos – Pontogor – Rafael Assef – Rafael Perpétuo – Raul Mourão – Regina Silveira- Ricardo Becker – Rosana Palazyan – Sidney Philocreon – Vicente de Mello – Walter Goldfarb – Walton Hoffmann
SERVIÇO:
Jogos de guerra – Confrontos e convergências na arte contemporânea brasileira
Inauguração: 6 de março de 2010, às 16h
Debate às 15h30 com curadoria e artistas participantes. Mediação do jornalista e
crítico de arte Mario Gioia.
Exposição de 6 de março a 4 de abril de 2010
Galeria Marta Traba – Memorial da América Latina
Avenida Auro Soares de Moura Andrade 664
Horário terça a domingo, das 9 às 18h
Entrada franca