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Por Daniel Pereira.
Há 20 anos, nesta data, o Brasil perdia o brilhantismo de Darcy Ribeiro. Tinha 74 anos. O homem que, ao lado de Oscar Niemeyer, deu vida ao Memorial da América Latina e transformou em realidade o sonho dos libertadores e de idealistas como Franco Montoro, foi também o antropólogo que decifrou o Brasil como ninguém.
Decifrou e previu, qual oráculo do povo brasileiro, o futuro da pátria que tanto amou e que ele não iria ver. Em 1982, pouco antes de lançar o projeto que revolucionou a educação pública no país, Darcy Ribeiro fez uma palestra em que vaticinou: “se nossos governantes não fizerem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construírem presídios”.
A profecia se concretizou: o Brasil vive crise sem precedentes no sistema prisional e a educação continua capengando. O preso custa ao Estado 13 vezes mais do que um estudante. Não à toa que, no auge dos recentes motins nas prisões do norte do país, a ministra Carmen Lúcia, presidente do STF, tenha mencionado a previsão de Darcy Ribeiro, feita 35 anos atrás.
Mineiro de Montes Claros, Darcy era um rebelde com causa, um estudioso inquieto, um homem que tinha fome de povo. Teimoso, até mesmo no embate com a morte. Driblou por quase 30 anos o câncer que o matou. No Memorial da América Latina, o Pavilhão da Criatividade Darcy Ribeiro é a eterna homenagem de São Paulo ao homem que, por seu desmedido amor à Pátria, foi um verdadeiro filho do Brasil.