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Este curso visa a introduzir o aluno no cenário de discussões sobre a questão urbana, com registros, especialmente, no âmbito urbanístico – arquitetônico e sócio-cultural. Abordando pontos significativos de caráter cultural-histórico, que fizeram parte do debate teórico sobre a formação dos primeiros núcleos urbanos, nas Américas portuguesa e espanhola, e colocando em pauta, temas como, civilidade e patrimônio cultural, o propósito é promover um maior conhecimento nesse campo, além de fornecer bases para melhor compreensão de nossa realidade atual, no âmbito do tema cidade, no que diz respeito à valorização do indivíduo, da memória e do ambiente.
Objetivos
1. Introduzir o conhecimento sobre os primeiros núcleos urbanos no Brasil (séculos XVII, XVIII, XIX), no campo da historia da urbanização, explorando conceitos básicos envolvidos no debate teórico acerca do urbanismo hispânico e urbanismo português nas Américas;
2. Encaminhar o aluno para que se possa identificar e discutir sobre questões ligadas às práticas urbanísticas, patrimônio cultural e preservação do meio ambiente;
3. Ampliar as informações sobre a questão urbana através da contextualização histórica, sociológica e artística.
Programa
• Urbanismo na América portuguesa: vilas e cidades no Brasil colonial.
Através de uma contextualização histórica e cultural pretende-se uma reflexão sobre o processo de formação de nossas cidades coloniais no campo urbanístico, apontando algumas questões que, no domínio historiográfico, fizeram parte do debate teórico sobre a criação os primeiros núcleos urbanos nas Américas portuguesa e espanhola, bem como esboçar um retrato em perspectiva histórica do urbanismo no Brasil, nas suas práticas e aplicações, nos primeiros séculos da colonização.
• Paisagens e cidades contemporâneas: patrimônio histórico-cultural.
A paisagem é um elemento preponderante na composição de uma cidade, contribuindo para o enriquecimento da vida urbana na medida em que reforça o usufruto coletivo. O resgate da história e a memória de um lugar se faz através da preservação e conservação de seu patrimônio paisagistico histórico-cultural. Sob essa ótica, pretende-se abordar questões que, no âmbito da produção da paisagem, dialogam com formação do espaço nas cidades contemporâneas.
• Cidades Sustentáveis: meio ambiente, urbanismo e sustentabilidade.
A questão ambiental ganha uma relevância cada vez maior na agenda das políticas públicas das cidades. Promover a sustentabilidade significa enfrentar várias questões, como a concentração de renda e a desigualdade econômica e social, o déficit habitacional, a falta de saneamento ambiental, a situação de risco dos assentamentos, e outros problemas urbanos e ambientais como a poluição, as enchentes, a falta de planejamento urbano que acabam contribuindo para a degradação das cidades. Pretende-se apontar alguns desafios e caminhos para a sustentabilidade urbana, amparado por teorias e conceitos contemporâneos à problemática ambiental, tendo como objetivo, abordar os danos que prejudicam a melhoria da qualidade de vida cotidiana nas cidades em seus vários aspectos.
• Cidades Cartões-Postais: Arquitetura e Memória (Imaginários Urbanos).
A interação entre a cidade e seus habitantes pode ser pensada na relação que os indivíduos tecem com o patrimônio edificado, isto é, suas ruas, praças e monumentos. A comunicação mediante suas construções, formas e paisagens podem ser tomados como um ponto de apoio da construção da memória social. Como parte de um conjunto de ações realizadas pelos meios de comunicação, fotografia, literatura, cinema e outras formas de arte, acabam por expressar as per¬cepções da cidade. É através desses processos de reconhecimento e de seleção que o espaço urbano vai sendo construído no imaginário social. Pretende-se abordar os efeitos simbólicos dos conjuntos arquitetônicos, pontos turísticos e lugares e suas representações no imaginário social, e o modo como influem no seu uso social e modificam a percepção do espaço urbano.
• Patrimônio, consumo, civilidade e vida urbana: globalização e cultura.
Os avanços tecnológicos que facilitaram a integração econômica, política e cultural, revolucionaram o modo de vida das populações de forma global. Neste processo, as políticas urbanas foram configuradas de acordo com o novo modelo. Cidades e centros históricos foram criados e planejados para atender às expectativas dos setores econômicos, como é o caso de destinos turísticos, e espaços urbanos criados com objetivos específicos, como os projetos de cidades e vilas olímpicas, além de conjuntos arquitetônicos feitos para o consumo cultural. Propõe-se a reflexão sobre alguns destes projetos urbanísticos e de que forma o consumo cultural do espaço afeta o cotidiano de seus habitantes.
• Cidades Contemporâneas: novos padrões urbanísticos e expressões artísticas.
Resultantes da vivência cotidiana, as intervenções urbanas, a arte de rua, o grafismo, os lambe-lambes, os stickers, e performances exploram a paisagem das cidades. Quase sempre questionadora sobre os valores da sociedade e os limites da arte, esta forma de expressão artística dialoga com a cidade, a paisagem e seus habitantes. Propõe-se a contextualização histórica e artística acerca da arte urbana, promovendo uma reflexão sobre as intervenções e as demais modalidades da arte urbana como expressão artística e crítica do espaço urbano e da sociedade.
• Praças e ruas: espaços de encontro cidadão.
Da praça Tahir, no Egito, à Puerta Del Sol, em Madri, as praças passaram a ser palco de encontros e manifestações políticas de grande visibilidade mundial. Ocupadas por jovens para expressar a desilusão e a crítica a uma estrutura política e econômica em crise, estas ocupações trazem à tona a discussão sobre o espaço público, a civilidade e a importância da memória social. Propõe-se a reflexão sobre o significado destes novos movimentos à luz das teorias e conceitos próprios das ciências sociais.
• O papel das políticas públicas na produção das cidades e das novas centralidades urbanas.
O objetivo é discutir a produção do espaço urbano na cidade de São Paulo, a implantação de novos projetos urbanísticos e políticas públicas voltadas para a inclusão social. Aborda a patrimonialização e revitalização de áreas históricas, e o surgimento de espaços enobrecidos, que dão continuidade as ações de ordenação do espaço urbano para eliminar, conter ou concentrar problemas sociais ou de saúde pública da cidade e de seus equipamentos.
Palestrantes:
Merilyn Escobar de Oliveira
Possui especialização em Meio Ambiente e Sociedade pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (2001) e mestrado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2008). Tem experiência na área de Ciência Política, com ênfase em Sociologia Política, atuando principalmente nos seguintes temas: mídia, política, meio ambiente e movimentos sociais.
Atualmente é colaboradora da PRIMMAZ – Comunicação e Visibilidade.
Yara Felicidade de Souza Reis
Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Pará e Doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. É pesquisadora do grupo ‘Da sociedade Moderna à Pós-moderna: Continuidades, Mudanças, Conflitos, coordenado pela Profa. Dra. Maria Irene Szmrecsanyi, e credenciado pela Reitoria USP e pelo CNPq.
Bibliografia
BUENO, Beatriz Piccolotto Siqueira. Desenho e desígnio: o Brasil dos Engenheiros Militares (1500-1822). Tese de doutoramento. São Paulo: FAU-USP, 2001
EL SUEÑO DE UN ORDEN – La ciudad hispanoamericana, Centro de Estudios Historicos de Obras Públicas y Urbanismo (CEHOPU). Madrid: Ministerio de Obras Públicas y Urbanismo (MPOU), 1989.
GUTIÉRREZ, RAMÓN. Arquitectura y Urbanismo en Iberoamérica. Madrid: Ediciones Cátedra,1983.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26a. ed. São Paulo: Ed. Companhia das Letras, 1995.
ORTIZ, Renato. Cultura e Modernidade. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1991.
REIS, Nestor Goulart. Evolução Urbana do Brasil (1580 – 1720). São Paulo: FAU-USP. Pioneira, 1968.
______Imagens de Vilas e Cidades do Brasil Colonial. São Paulo: Imprensa Oficial, 2000.
REIS, Yara Felicidade de Souza. “Urbanismo em Belém na segunda metade do século XVIII”. In: Gitahy. Maria Lucia e Lira, José Correia. Tempo, Cidade e Arquitetura – Arquiteses 1. São Paulo: Annablume, 2007
_____ Yara Felicidade de Souza. Arquitectura y Urbanismo en el Gran Pará y Marañón en la fase pombalina (siglo XVIII). In:Carro, Paz Cabello (org.) Patromonio Cultural e Identidad. Madri:Ministério da Cultura, 2007,p.173-182.
RIBEIRO, Luiz César de Queiroz e CARDOSO, Adauto Lúcio: Da cidade à nação: genêse e evolução do urbanismo no Brasil, In: RIBEIRO, Luiz Cesar de Queiroz e PECHMAN, Robert (org.) Cidade, Povo e Nação. Gênese do Urbanismo Moderno. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,1996
SZMRECSANYI, Maria Irene. A Praça é do Povo? Estado, Liberalismo e Modernização do Espaço Publico Urbano no Brasil. In: Ribera, Sayer, Vargas (Org.) Território en una Idea de Estado: Comparaciones México-Brasil, 1821-1946. México, Universidade Nacional de México + Instituto Luis Mora, 2006.
Serviço
Curso “Cidade, Civilidade e Patrimônio”, de 16 de abril a 25 de junho de 2012
Coordenação acadêmica e docência:
Merilyn Escobar (Socióloga/Mestre – PUC–SP)
Yara Felicidade Reis (Arquiteta e Urbanista / Doutora – FAUUSP)
Total de aulas: 10 (carga horária: 30 horas-aula)
Horário: das 19h às 22h
Local: Anexo dos Congressistas (Auditório) / CBEAL / Memorial da América Latina
Inscrições: De segunda à sexta, das 10 às 18 horas, no Anexo dos Congressistas /CBEAL/ Memorial da América Latina (Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 – Metrô Barra Funda – São Paulo). Valor da inscrição: R$ 250,00 (taxa única).
Vagas limitadas. Serão concedidos certificados aos alunos com presença igual ou superior a 75% da carga horária. Caso não se atinja o número mínimo das inscrições necessárias para a sua realização, o curso poderá ser cancelado (nesse caso, a taxa de inscrição será devolvida integralmente).
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Mais Informações:
E-mail: cursos@memorial.sp.gov.br
Tel.: (11) 3823-4780