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Sociólogo debate a face contemporânea da escravidão no Memorial da América Latina
Convidado da série ‘Grandes Diálogos no Memorial’, José de Souza Martins vai pôr em discussão na próxima terça-feira, 25 de junho, às 19h, as “metamorfoses da escravidão e sua persistência no Brasil”
Depois de 136 anos do término oficial da escravidão no Brasil, com a Lei Áurea, episódios de escravização de pessoas no país viram notícias com frequência na grande mídia. O artigo 149 do Código Penal brasileiro define reduzir uma pessoa a condição análoga à de um escravo da seguinte maneira: submetê-la a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva; ou sujeitá-la a condições degradantes de trabalho; ou restringir, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto.
Em seu livro mais recente, Capitalismo e Escravidão na Sociedade Pós-escravista, da Editora Unesp, o professor e sociólogo José de Souza Martins analisa esse cenário ao desenvolver uma análise sociológica sobre a chamada escravidão contemporânea, contextualizando e explicando esta anomalia moral no cenário brasileiro. Martins é o convidado deste mês da série “Grandes Diálogos no Memorial” e vai compartilhar a sua visão sobre os episódios atuais de escravização na próxima terça-feira, 25 de junho, às 19h, no auditório da biblioteca do Memorial da América Latina, em São Paulo, ao lado do Terminal da Barra Funda. No encontro, será feito o debate “Metamorfoses da escravidão e sua persistência no Brasil”. A entrada é gratuita –acesso é feito por portões da Rua Tagipuru ou da Avenida Mário de Andrade.
Professor emérito na USP e membro da Academia Paulista de Letras, José de Souza Martins, que por 12 anos foi membro da Junta de Curadores do Fundo Voluntário da ONU contra as Formas Contemporâneas de Escravidão, justifica o foco de seu livro sobre escravidão contemporânea em razão da ausência de uma análise mais aprofundada, que extrapole o factual, acerca do tema. “Os estudiosos têm se limitado a narrativas descritivas e informativas e não explicativas nem propriamente científicas, orientadas basicamente para a denúncia da violência que a escravidão representa”, afirma o sociólogo.
Martins coordenou em 2002, no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a comissão especial da Secretaria de Direitos Humanos do Ministério da Justiça na preparação do Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo. Na época, a comissão identificou um conjunto de conexões entre o trabalho escravo e outros crimes praticados pelos mesmos agentes, tais como crimes ambientais, previdenciários e fiscais. Para o estudioso, a persistência da escravidão no Brasil tem raízes sociológicas, sendo necessário entendê-la como reprodução de um capitalismo atrasado, essencialmente rentista.
Autor de 41 livros, o sociólogo venceu o Prêmio Jabuti, Ciências Humanas, em 1993, 1994 e 2009. Em 1993, recebeu o prêmio “Érico Vannucci Mendes”, do CNPq; em 2007, o prêmio “Florestan Fernandes”, da Sociedade Brasileira de Sociologia; e em 2019 foi reconhecido como pesquisador emérito pelo CNPq. Também tem os títulos de Doutor Honoris Causa nas universidades federais de Viçosa e da Paraíba e na Universidade Municipal de São Caetano do Sul.
A série “Grandes Diálogos no Memorial” reserva um espaço para a troca de ideias entre os convidados e o público presente. A duração estimada do encontro, que será mediado pela jornalista e historiadora Juliana Sayuri, é de 90 minutos. Em paralelo ao evento, um posto avançado da livraria física da Editora Unesp põe à venda livros relacionados com o assunto em discussão.
Os “Grandes Diálogos no Memorial” são promovidos pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), pela Fundação Editora Unesp (FEU) e pelo Centro Brasileiro de Estudos da América Latina, braço acadêmico do Memorial da América Latina. Este é o quarto encontro da série neste ano, sempre na última terça-feira do mês.
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Serviço
Metamorfoses da escravidão e sua persistência no Brasil — Grandes Diálogos no Memorial
– Convidado: professor e sociólogo José de Souza Martins
– Mediação: jornalista e historiadora Juliana Sayuri
– Quando: 25 de junho, às 19h
– Onde: auditório da biblioteca do Memorial da América Latina — Av. Mário de Andrade, 664 – Barra Funda, São Paulo-SP
– Ingresso: entrada gratuita
– Parceria: Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp, Fundação Editora da Unesp e Centro Brasileiro de Estudos da América Latina