/governosp
A aclamada sambista brasileira Fabiana Cozza se “conecta” aos pianistas cubanos Yaniel Matos e Pepe Cisneros na sexta, 30 de setembro, às 21h. Juntos eles interpretam no Auditório Simón Bolívar o chamado “feeling”, popularmente conhecido por bolero, difundido em Havana nos anos 50 por nomes como Beni Moré, Ibrahim Ferrer e Omara Portuondo. E o samba-canção brasileiro de grandes nomes como Elizeth Cardoso, Nora Ney e Ângela Maria.
Para arrematar, a conexão cubana-brasileira incursiona por composições do universo afro-religioso de ambos os países. Fabiana, Yaniel e Pepe serão acompanhados por um quinteto formado pelos músicos André Santos (baixo), Celso de Almeida (bateria), Douglas Alonso (percussão), Gian Correa (violão) e Henrique Araújo (bandolim e cavaco).
Fabiana Cozza
Filha de um veterano puxador de samba da tradicional Escola de Samba Camisa Verde e Branco, a paulistana Fabiana Cozza tem se destacado entre as intérpretes do Brasil na última década. É a crítica especializada quem diz isso. Com dois CDs e um DVD, lançados em doze anos de carreira, a artista foi indicada ao Prêmio TIM 2008 nas categorias "Melhor Cantora de Samba" e “Melhor Cantora pelo Júri Popular”; em 2005, recebeu as indicações para "Revelação" e "Melhor Cantora de Samba" e participou do Prêmio Rival Petrobrás na categoria "Artista Revelação". Ela também foi indicada para o Prêmio Troféu Raça Negra 2010, categoria “música” e “Prêmio Melhor Cantora – Revista Quem Acontece 2010”.
Nos últimos anos, Fabiana tem sido convidada por ícones da música brasileira e internacional para turnês e gravações. Entre eles, destacam-se João Bosco, Chico César, Zimbo Trio, Jair Rodrigues, Francis Hime, Sadao Watanabe, Carlos Lyra, Dona Ivone Lara, Ivan Lins, Nei Lopes, Almir Guineto, Leci Brandão, Tom Zé e Orquestra Jazz Sinfônica. De sua geração, Fabiana tem dividido o palco com parceiros e admiradores como a cantora Maria Rita, o rapper Rappin Hood, os paulistanos do Quinteto em Branco e Preto e Emicida.
Alguns espetáculos marcam a carreira da artista de maneira pontual nos últimos anos: Fabiana Cozza se apresentou no Teatro Municipal da cidade de São Paulo, no projeto Virada Cultural, interpretando o CD "Fino do Fino" ao lado do Zimbo Trio; no Auditório Ibirapuera foi a vez de "Dois na Bossa", com Jair Rodrigues e Zimbo Trio; na Praça da Sé, cantou para 35 mil pessoas no Dia da Consciência Negra; em Paris participou com sucesso do Festival de Cultura Brasileira; excursionou pelo Japão em homenagem a Baden Powel, a convite de Sadao Watanabe; e prestou um tributo à cantora francesa Edith Piaf, ao lado da Orquestra Jazz Sinfônica.
Yaniel Matos
O instrumentista cubano Yaniel Matos teve seus primeiros contatos com a música através de sua família e ouvindo a seus tios e avós. Aos oito anos começa a estudar violoncelo e piano no conservatório Estevan Sala em Santiago de Cuba até 1994, quando se muda para a Havana onde termina seus estudos de composição e violoncelo no Instituto Superior de Arte, graduado pelos professores Harold Gramatges e Jose Loyola e Amparo del Riego. Em seu tempo em Havana, passa pelas orquestras mais prestigiadas do país, tocando junto a músicos como Chucho Valdes, Issac Delgado, Orlando Valles Maraca entre outros, tendo realizado diversas tournées, nacionais e internacionais. Também fez parte da orquestra juvenil de Havana e do Quarteto de Cordas do Instituto Superior de Artes, como
violoncelista.
No ano 2000, muda-se para o Brasil e se instala na cidade de São Paulo, local que lhe permite estudar e tocar vários estilos e gêneros musicais. Em 2003 forma o Mani Padme Trio junto ao baterista Ricardo Mosca e o baixista Du Moreira e grava seu primeiro CD “Um Dia de Chuva”. Lançado no Brasil com distribuição da Tratore e na Itália pela gravadora Red Records (www.redrec.net), o CD é uma comovente mistura do sotaque cubano e brasileiro no reino do jazz latino. O segundo CD do Mani Padme Trio, “Depois”, foi lançado em 2007, pela mesma gravadora Red Records, com o baixista Zeca Assumpção e tendo como convidado no sax e flauta Teco Cardoso.
No ano de 2006 Yaniel cria o grupo denominado “Cuba Jazz Plus”, quinteto de jazz contemporâneo formado por excelentes jazzistas cubanos, com Yosvany Terry (sax), Dafnis Prieto (bateria), Yunior Terry (baixo) que residem em Nova York, e Julio Padron (trompete), morador de Cuba. Este quinteto apresentou-se em várias cidades brasileiras com grande sucesso.
Em seu mais recente CD, “En Movimiento”, lançado no Auditório Ibirapuera, Yaniel mostra uma síntese de sua vivência cubana/brasileira, experimentando novas sonoridades em uma linguagem jazzística cheia de cores e sons descritivos, que realçam a irmandade sonora dos dois povos. Perfeitamente integrado à cena musical brasileira e internacional, Yanel já tocou e gravou com artistas como Carlinhos Brown, Célia Cruz, Kiko Loureiro, Angra, Timbalada, Heartbreak, Jane Brunnett, Los Jubilados, Antonio Pinto, Bid, Max de Castro, Rosário Flore, entre outros.
Pepe Cisneros
Pepe Cisneros é músico, produtor musical e arranjador. De carreira consolidada noa conexão Brasil/Cuba, trabalhou em diversos trios, quartetos, quintetos e big bands. Participou de festivais de jazz internacionais, como o Jazz Plaza, de Havana, o Festival de Jazz de Barbados, e o Free Jazz, de São Paulo.
O pianista cubano nasceu na cidade de Guantanamo, Cuba, em 1968. Começou seus estudos musicais aos 11 anos, na Escola Municipal de Música Luis A. Carbo, no ano de 1981, em percussão e piano; em 1987 gradua-se na Escola Nacional de Artes, em Havana. Torna-se professor na Escola Vocacional de Arte, em Guantanamo e posteriormente na Escola Nacional de Artes de Havana.
Em 1992 vem ao Brasil, por meio de intercâmbio cultural, para conhecer mais profundamente o universo musical brasileiro, viajando pelo país e fixando residência na cidade de São Paulo. Em 1997 é convidado a integrar a Orquestra Heartbreakers, com os quais vem realizando apresentações, turnês, cds, dvds. A orquestra HB, que existe desde 1987, realiza inúmeros trabalhos nos estilos de salsa, jazz e MPB. Com a orquestra recebeu a premiação da crítica do Prêmio Sharp.
Como instrumentista (pianista e percussionista), paralelamente a seu trabalho com o HB, tocou com Caetano Veloso e Jorge Mautner no cd “Eu não peço desculpas”, participou de turnês com Gabriel O Pensador no dvd “Acústico MTV”, e com Marina Lima, Elza Soares, Toninho Horta, entre outros. Participou também da gravação do último cd de Jorge Benson, ainda não lançado no Brasil, e do show da cantora cubana Omara Portuondo, do filme Buena Vista Social Club.
Como produtor musical fez a trilha da peça “João e Maria”, da Cia. Le Plat Du Jour e trilhas para a escola de balé Carla Peroti. Como arranjador e instrumentista, participou do espetáculo “Baile Estelar”, com direção de José Possi Neto. Neste espetáculo, o repertório era constituído de canções clássicas brasileiras das décadas 30, 40 e 50 do séc XX e algumas incursões orquestradas na música sinfônica, na tradição do folclore e das religiões afro brasileiras.
Fez parte dos espetáculos, cd e dvd: “Agô! Cantos Sagrados de Brasil e Cuba”, que celebra a beleza dos cantos sagrados do Brasil e de Cuba, nos quais a cultura e a religião dos orixás são as bases da riqueza musical; e "Siguaraya – esta mata tiene poder!", de clima intimista recheado de boleros cubanos dos anos 30 e 40. Nele, a cantora cubana Liena Centeno se derramava em versos dos mitológicos Ernesto Lecuona, Bola de Nieve e Arsênio Rodrigues.
Serviço:
Série Conexão Latina
Yaniel Matos e Pepe Cisneiros (Cuba) & Fabiana Cozza (Brasil)
Auditório Simon Bolívar.
Dia 30 de setembro, sexta-feira, 21h
Ingressos: R$ 15,00 e meia entrada.
Bilheteria: dias 29, das 14h às 18h, e 30, a partir das 14h.