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A Fundação Memorial da América Latina apresenta a Conexão Latina de agosto, em show no próximo dia 19. A série mensal foi concebida para provocar um diálogo musical entre artistas brasileiros e de outros países latino-americanos. Neste mês, no entanto, foi programada uma exceção que faz todo sentido: a conexão se dá entre a África e o Brasil, com o apoio do Consulado de Cabo Verde em São Paulo.
A voz forte, grave e rouca da cantora africana Diva Barros revela influência do samba, bossa nova, jazz e soul, mesclado aos diversos ritmos tradicionais de seu país. Ela se “conecta” a Chico Cesar, compositor brasileiro de versos inspiradíssimos (“deve ser legal ser negão no Senegal”) que saiu da pequena Catole do Rocha, Paraîba, para renovar a MPB e conquistar o mundo. Juntos, eles passeiam pelas raízes de nossa musica.
O pianista e compositor congolês Ray Lema dá uma canja no show, convidado por Chico Cesar. Nascido na República Democrática do Congo (ex-Zaire), Ray Lema é muito respeitado e admirado no circuito musical do ocidente e do oriente. E no Brasil também. Em 2001, tocou com Gilberto Gil no Rock in Rio. Há dois anos, se apresentou com a Orquestra Jazz Sinfônica, que arranjou 13 das suas composições. Chico Cesar ainda leva para o palco duas sanfoneiras.
Diva Barros
Nascida em Mindelo, no arquipélago de Cabo Verde, Diva Barros desde cedo se mostrou influenciada pelo ambiente musical de seu pai, o músico Artur Cavaquim. Esse interesse de berço se desenvolveu não apenas pelos diversos tipos da música cabo-verdiana, mas também pelos ritmos latinos de origem afro, como o samba, a bossa nova, o jazz e o soul…
Nos anos 90, Diva Barros se lançou cantora em Lisboa e a partir daí passou a apresentar-se com frequência em bares, salas de espetáculos e festivais em Portugal e em seu país. Logo consolidou uma carreira internacional que a levou a shows em Fortaleza, São Paulo e Rio.
No Brasil houve quem a comparasse a Alcione, a nossa “Marrom”. Em sua terra natal, Diva Barros foi contemplada por três anos seguidos (2005, 2006 e 2007) com o prêmio Cesária Évora para a melhor voz feminina. Seu primeiro álbum foi lançado em 2010, o “Palco d’ Vida”.
Chico Cesar
A carreira do paraibano Chico Cesar nasceu junto ao grupo Jaguaribe Carne, que fazia música e poesia experimental. Na década de 80 o compositor passou a viver em São Paulo. Ele também teve uma passagem pela Alemanha, de onde voltou decidido a dedicar-se somente à música.
Após montar a banda Cuscuz Clã, em 1994, Chico Cesar lançou pela gravadora Velas o CD “Aos Vivos”. A música “À Primeira Vista” (também gravado por Daniela Mercury e incluída na trilha da novela “O Rei do Gado”, da Rede Globo) fez imenso sucesso, sendo seguida de “Mama África”. O músico ganhou reconhecimento nacional com o disco “Cuscuz-Clã”, de 1996. Depois desse ainda veio “Beleza Mano”.
Chico Cesar voltou a gravar em 2000, após turnê entre Europa e EUA. “Mama Mundi” é desse ano. No quinto trabalho de Chico Cesar, “Respeitem Meus Cabelos, Brancos”, de 2002, ele pede respeito a suas origens africanas e nordestinas, em canções como “Céu Negro”, “Templo” e “Flor De Mandacaru”. “De uns tempos pra cá”, de 2005 acabou sendo base para seu primeiro DVD, lançado em 2006, “Cantos e encontros de uns tempos pra cá” (Biscoito Fino). Estreou também como escritor no livro Cantáteis – Cantos elegíacos de amozade (Garamond, 2006), um “cordel pós-moderno”.
Repertório
Chico César
(voz e sanfona)
Onde estará o meu Amor (Chico César)
Templo (Chico César)
À Primeira Vista (Chico César)
Pensar em Você (Chico César)
Mama África (Chico César)
Mandela (Chico César)
Filá (Chico César)
Respeitem Meus Cabelos, Brancos (Chico César)
Feriado (Chico César)
Dentro (Chico César)
Diva Barros
Musicas do CD "Palco d´Vida"
Bijou (Diva Barros)
Ece Bô Boné (Glanzer Ramos/Djim Djob)
Bô Tava (Glanzer Ramos/Djim Djob)
Dia de festa (Boi Ge Mendes)
Teatro Di Rua (Djoi Amado)
Mi é Dô Na Bô (Valdemiro Ferreira)
Serviço
Série Conexão Latina: Diva Barros (Cabo Verde) & Chico César (Brasil)
sexta, 19 de agosto, às 21h
Auditório Simón Bolivar
Ingressos a R$ 15,00 (e meia-entrada)
Bilheteria a partir do dia 18, das 14h às 18h, e dia 19, a partir das 14h
Apoio: Consulado Geral em São Paulo da República de Cabo Verde