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O Ballet Stagium volta a dançar tangos de Astor Piazzolla, na voz de Amelita Baltar. Amelita, cantora argentina casada com Piazzolla, entre 1968 e 1975, é uma das mais importantes intérpretes do gênero musical sul-americano que se tornou universal.
Amelita Baltar e o Ballet Stagium se conectaram pela primeira vez em meados da década de 90, quando apresentaram em São Paulo e Buenos Aires o espetáculo “Tangamente”, com enorme sucesso, coreografado por Décio Otero.
“Foi um processo de trabalho muito agradável. É claro que também procurei fugir completamente do clichê. Eu tenho consciência do risco que situações assim representam. Não queria fazer, por exemplo, o papel do brasileiro que se mete a fazer tango na atitude inversa do argentino que coreógrafa batucada”, declarou Otero à imprensa na época.
Pode-se dizer que “Balada de un loco”, “Balada para mi morte” e “Prelúdio para o año 3001” coreografadas pelo Stagium, entre outras composições presentes no show, “libertam” a dança portenha e criam outras possibilidades expressivas para mostrar o absurdo, o drama, a solidão e a nostalgia presentes no universo tangueiro.
Nos anos 60, Amelita Baltar era uma cantora de música folclórica argentina em início de carreira quando conheceu Piazzolla, que a convidou para protagonizar sua “ópera-oratório” Maria de Buenos Aires. Em seguida, eles se casaram e Piazzolla compôs especialmente para ela, que se tornou intérprete muito apreciada de suas músicas. Mesmo após a separação, ela continua divulgando a arte de seu ex-marido em Buenos Aires, no Brasil e na Europa.
“O público brasileiro compreendeu Piazzolla antes dos argentinos”, declarou certa vez a Ana Francisco Pozio, na Folha de S. Paulo. “Quando nos apresentamos aqui pela primeira vez, ainda enfrentávamos resistência na Argentina”, comentou, referindo-se à reação dos tangueiros tradicionais.
Fundado em 1971 pelo casal de dançarinos e coreógrafos Décio Otero e Marika Gidali, ele mineiro e ela húngara, o Ballet Stagium levou naquela época sua arte para o interior do Brasil como forma de resistência à ditadura militar. Do norte ao sul do país, foi incorporando a linguagem dos lugares por onde passava. Isso criou um estilo coreográfico único, que revolucionou a dança brasileira, antes muito marcada por maneirismos estrangeiros. Desde então, sempre com a direção firme e corajosa de Marika Gidali, foram mais de 80 coreografias, incluindo algumas com temas latino-americanos. Nesses quase 40 anos de vida, a Cia. se apresentou mais de 3.300 vezes, levando sua arte para cerca de 2 milhões de pessoas.
Serviço
Conexão Latina: Amelita Baltar & Ballet Stagium
25 de junho, sexta, 21h
Auditório Simón Bolívar
Ingresso: R$ 15,00 e meia-entrada
Bilheteria: dias 24, das 14h às 19h, e dia 25, a partir das 14h.