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Ariano Suassuna vem ao Memorial na comemoração dos seus 80 anos
No ano em que completa 80 anos, o escritor e dramaturgo Ariano Suassuna é homenageado de diversas formas no projeto "Ariano Suassuna, 80 anos – O Local e o Universal", que acontece de 18 a 30 de setembro no Memorial da América Latina, no Centro Cultural São Paulo e no Espaço Nossa Caixa Arte e Cultura.
E, para falar sobre o escritor e sua obra, ninguém melhor do que o próprio. Suassuna abre o projeto com uma aula-espetáculo no Memorial, dia 18, às 20h. A aula, gratuita, como todos os eventos do projeto, será no Auditório Simón Bolívar, com 876 seus lugares.
Além disso, no Memorial o projeto contempla uma exposição fotobiográfica do autor, mostra de filmes, lançamentos de livros, ciclo de palestras e depoimentos – com participação de Luiz Fernando Carvalho, Walnice Galvão e Bráulio Tavares, entre outros –, apresentações musicais e leituras da obra de Suassuna. Todos os eventos são gratuitos e acontecem simultaneamente em diferentes espaços do Memorial (Biblioteca, Auditório, Pavilhão da Criatividade).
Para o encerramento, no dia 30, haverá um show do artista pernambucano Antônio Nóbrega, multiinstrumentista e dançarino. Nos anos 70, a convite de Suassuna, Nóbrega integrou o Quinteto Armorial – o mais importante grupo a criar uma música de câmara erudita brasileira de raízes populares.
Reunindo músicas dos seus sete últimos espetáculos, Antonio Nóbrega, junto a quatro versáteis músicos, apresenta um espetáculo que é uma síntese desses últimos 15 anos de atividade artística. Assim, cantando baiões, maracatus, frevos-canções e marchas-de-bloco; tocando na rabeca, no violino, na bandolim e no pandeiro choros, frevos ponteios e outras peças instrumentais, ele vai apresentando o seu heterogêneo cancioneiro. Sua atuação não se restringe, todavia, ao plano musical, pois entre uma música e outra (seja cantada ou tocada), Nóbrega conta uma história, faz uma dança, representa um personagem, retratando o caráter abrangente e multidisciplinar de sua atividade de intérprete. Passando do épico ao farsesco, do sóbrio ao desmedido, do lírico ao festivo, Nóbrega traduz por meio da sua arte de brincante – como ele gosta de dizer – as singularidades do nosso país, a alma coletiva do povo brasileiro.
Direção artística: Antonio Nóbrega. Músicos: Edmilson Capelupi (cordas), Zezinho Pitoco (sopros e percussão), Lulinha Alencar (acordeon), Gabriel Almeida (percussão).
Antonio Nóbrega nasceu no Recife, em 1952. Violinista desde criança, integrou, a convite de Ariano Suassuna, o Quinteto Armorial – um dos mais importantes grupos a criar uma música de câmara erudita brasileira de raízes populares. A partir de 76 começa a desenvolver um estilo próprio de concepção em teatro, dança e música. Criou mais de 15 espetáculos, apresentados pelo Brasil e outros países sempre com grande sucesso de público e mídia, gravou sete CDs e dois DVDs e participou de diversos eventos e também programas televisivos, entre eles o “Danças Brasileiras”, veiculado ainda hoje pelo Canal Futura. Juntamente com Rosane Almeida, idealizou e dirige o Teatro Escola Brincante, em São Paulo, importante espaço dedicado à cultura do Brasil.
Confira abaixo a programação, com datas e horários e espaços do Memorial da América Latina:
Abertura
Aula-espetáculo de Ariano Suassuna:Auditório Simón Bolívar, dia 18, às 19h30
Exposição Fotobiografia de Suassuna
Curadoria: Anselmo Maciel. Textos das legendas e consultoria: Carlos Newton Júnior. Montada originalmente na Galeria Manuel Bandeira, da Academia Brasileira de Letras, com o intuito de homenagear Ariano Suassuna na passagem dos seus 80 anos, a exposição apresenta mais de uma centena de fotos do escritor, desde a primeira infância até os dias atuais. O visitante terá a oportunidade de conhecer, assim, além de episódios da história pessoal de Suassuna, boa parte de sua trajetória intelectual e literária, a partir de fotos inéditas do autor com alguns dos seus grandes amigos, a exemplo de José Cândido de Carvalho, João Cabral de Melo Neto, Rachel de Queiroz, Paulo Freire, entre tantos outros.
Biblioteca Latino-Americana Victor Civita aberta ao público no horário de Funcionamento da Biblioteca (2ª a 6ª, das 9 às 18h, aos sábados, das 9 às 15h). De 18 a 30 de setembro de 2007
Ciclo de Palestras e Depoimentos
Biblioteca Latino-Americana Victor Civita
Dia 20, quinta, a partir das 19h30
Palestra: Estética e Socialismo em Ariano Suassuna, com Lucila Nogueira.
A obra de Ariano Suassuna atua nas camadas irracionais do pensamento, em sua corrente mística e mítica, no apreço à ancestralidade ibérica e no respeito à etnia autóctone, consistindo em si mesma um testemunho antecipador da hoje clarificada visão intercultural e pós-colonial, na busca para a constituição do nosso caráter individual e de cidadania, cujas nobreza e fantasia tentam ultrapassar, pelo ritual armorial da arte onírica, a miséria, o desamparo e o sofrimento do povo brasileiro.
Lucila Nogueira é poeta, ensaísta, contista, crítica, tradutora e Professora da pós-graduação em Letras e Lingüística da Universidade Federal de Pernambuco Tem 20 livros de poesia publicados.
Depoimento: Luiz Fernando Carvalho.
O Diretor da minissérie A Pedra do Reino fala sobre seu trabalho no cinema e na TV e sobre a relação com Ariano e sua obra.
Luiz Fernando Carvalho é Diretor de cinema e televisão. Em 1986, escreveu e dirigiu o curta-metragem "A espera", que recebeu diversos prêmios no Brasil e no exterior. Depois disso, teve uma fase produtiva na televisão. Entre seus principais trabalhos desse período estão a minissérie "Riacho Doce" (1990) e as novelas "Pedra sobre pedra" (1992), "Renascer" (1993) e "O rei do gado" (1996). Em 2001, realiza seu primeiro longa-metragem, "Lavoura Arcaica"'(2001), sem roteiro prévio, apoiado inteiramente no texto do livro. O filme recebeu mais de 20 prêmios. Em 2001, dirigiu a minissérie "Os Maias", baseada no romance de Eça de Queirós. Em 2005, produziu a minissérie “Hoje é dia de Maria” e, em 2007, a minissérie “A Pedra do Reino”, ambas trazendo uma linguagem inovadora para a televisão. Além de ”A Pedra do Reino”, Carvalho realizou outros trabalhos na televisão baseados na obra de Ariano Suassuna, como: “Uma Mulher Vestida de Sol” (1994) e “Farsa da Boa Preguiça” (1995).
Dia 21, sexta, a partir das 19h30
Depoimento:Adriana Victor
Vida e obra de Ariano estão trançadas e, juntas, desenham parte da história literária do Brasil. Após a palestra, lançamento do livro “Ariano Suassuna: Um Perfil Biográfico”.
Adriana Victor é jornalista e autora do livro “Ariano Suassuna: Um Perfil Biográfico”, escrito com Juliana Lins. É Secretária Adjunta de Cultura de Pernambuco, na nova gestão de Ariano Suassuna. Foi repórter da TV Globo, e diretora da coluna “O Canto do Ariano”, produzida pela Rede Globo Nordeste e exibida também pelo Multishow e pelo Canal Brasil. É autora, junto com o fotógrafo Geyson Magno, do livro “Encourados”.
Palestra: com Carlos Newton Júnior.
Carlos Newton Júnior é arquiteto, historiador, especialista em teoria das artes plásticas, mestre em literatura comparada e doutor em literatura brasileira. É Professor da UFRN e Diretor de Literatura da Secretaria Especial de Cultura de Pernambuco. Tem mais de 10 livros publicados, nos campos da poesia, do romance e do ensaio.
Dia 25, terça, a partir das 19h
Leitura ao vivo: A Pedra do Reino (trecho da obra), com o ator Cacá Carvalho.
Palestra: O Sertão e o Mar no Romance da Pedra do Reino. Com Bráulio Tavares.
Uma discussão da obra de Suassuna sob a ótica do confronto entre a civilização do Sertão e a civilização do Mar, que geram forças políticas opostas e mentalidades que no campo da cultura estão em permanente tensão e eventual conflito. Após a palestra, haverá o lançamento do livro: "ABC de Ariano Suassuna", da Editora José Olympio.
Bráulio Tavares é escritor e compositor. Autor de peças de teatro, entre elas "Brincante" (1992) e "Segundas Histórias" (1994) em parceria com Antonio Nóbrega. Na televisão, trabalhou na adaptação de "Farsa da Boa Preguiça" (1995) e "A Pedra do Reino" (2007), ambas dirigidas por Luiz Fernando Carvalho. Tem cerca de 15 livros publicados.
Dia 28, sexta, a partir das 19h30
Palestra: O Regionalismo e a literatura do sertão. Com Walnice Nogueira Galvão.
A obra de Ariano Suassuna, para ser compreendida, solicita que se atente para o diálogo que entabula com o romance regionalista e o folheto de cordel. É nesse diálogo que sua obra se inscreve.
Walnice Nogueira Galvão é Professora Titular de Teoria Literária e Literatura Comparada na Universidade de São Paulo. Tem 30 livros publicados (Temas: Guimarães Rosa, Euclides da Cunha, crítica literária e cultural). Colabora assiduamente com jornais e revistas.
Música: Saci Armorial, com Quarteto Pererê.
Em homenagem a Ariano Suassuna, os pererês apresentam repertório que dialoga com o universo de Suassuna, além de revelar obras inéditas do grupo influenciadas pela estética Armorial, uma visão sonora da paulicéia pelo desejo de encontro com as raízes do Ser tão brasileiro.
Quarteto Pererê: Alessandro Ferreira (violão 7 cordas); Edson Tadeu (gaita); Francisco Andrade – ‘Kiko’ (violão e viola brasileira de 10 cordas); Tchêlo Nunes (violino). **Participação especial de Luciano Vazzoler (piano) & Dinho Nascimento (percussão).
Programa:
– Istampita Palamento – Anônimo Medieval (Século Xiii)
– Balaio – Tradição Musical Brasileira + Quarteto Pererê
– A Lenda do Caboclo // O Trenzinho do Caipira – Heitor Villa-Lobos (1887-1959)
– Suíte Sacizística – Quarteto Pererê
– Forró Brasil – Hermeto Pascoal
– Stravinsky No Sertão* – Alessandro Ferreira (1975). Composta especialmente para a homenagem a Ariano Suassuna.
– Estrada Mágica* – Tchêlo Nunes (1978)
– Oração & Festa* – Francisco Andrade (1977)
– Montanhas – Madredeus
– Baião do Uiliã** – Luciano Vazzoler (1977)
* Obras inéditas para viola brasileira de 10 cordas, violão 7 cordas, violino e harmônica de boca.
Mostra de Filmes
Pavilhão da Criatividade Darcy Ribeiro – Espaço Vídeo
Dia 29 de setembro, sábado
"O Auto da Compadecida". Direção: Guel Arraes. Duração: 104 min. Ás 16h
"O Sertãomundo de Suassuna", direção de Douglas Machado, 80 min. (inédito em São Paulo) e "Música Armorial", direção de Ana Paula Campos, 21 min. Às 18h.
Dia 30 de setembro, domingo
"Música Armorial", direção de Ana Paula Campos, 21 min, e "A farsa da boa preguiça", adaptação de Ariano Suassuna e Bráulio Tavares, direção de Luiz Fernando Carvalho. Às 16h.
"Uma mulher vestida de sol", direção de Luiz Fernando Carvalho, e "Quaderna", direção de Alexandre Montoro, 46 min. Às 18 h
Encerramento
Dia 30, domingo, 20h30
Show de Antonio Nóbrega e Quarteto
Auditório Simón Bolívar